Passa Longe, Amor

capítulo 19 - Sam

— AAAAH! — gritei assim que bati a porta de casa.

— Filha, o que aconteceu? — papai apareceu saindo da cozinha.

— Clara aconteceu, papai. Clara, como sempre! — disse irritada.

— O que foi que aconteceu exatamente, Sam? — perguntou calmamente vindo em minha direção.

— Acontece que eu fui até a casa dela, preocupada em como ela estaria em um momento como esse, já que, afinal de contas perder os pais é bastante doloroso. E ela simplesmente me destratou! Disse coisas horríveis sobre mim que eu prefiro não falar pra não me estressar mais ainda. Poxa! Eu fui ajudá-la! E tudo por culpa de quem? Daquele namoradinho ridículo que ela arrumou! Sinceramente eu nem sei porquê ainda dou créditos a Clara.

— Oh querida, venha aqui! Se sente no sofá. Vou buscar um copo d'água pra você. Tente se acalmar — disse me conduzindo até o sofá e logo sumiu pela entrada da cozinha.

Alguns minutos depois ele voltou até a sala trazendo um copo com água em suas mãos.

Bebi o líquido e logo percebi que havia açúcar ali dentro. Papai sempre resolve tudo com água e açúcar.

— Vocês sempre foram amigas, Sam. E se Clara se distanciou de você e está te tratando assim deve haver algum motivo. Não estou dizendo que você deve aceitar isso e ficar calada, estou dizendo pra você tirar a limpo essa história. Saber os motivos a fundo. E se no final você ver que não tem mais o que fazer, pelo menos você tentou, filha — falou afagando minhas mãos.

— E sobre hoje, deve estar sendo muito doloroso pra ela ainda. Você agiu de forma correta indo até lá fazer o seu papel de amiga. Sua mãe e eu até íamos para falar com Úrsula e ver como ela estava, até porque quase nunca falamos com os Albuquerques. De toda forma, faça o que te falei. Clara é uma boa menina, talvez ela tenha se deixado enganar.

— Está bem. Vou fazer o que o senhor disse — falei limpando a lágrima que escorria por minha bochecha.

— Agora vá tomar um banho e descansar, ok? — ele disse se levantando com o copo nas mãos.

— Cadê a mamãe? — perguntei me dando conta do silêncio da casa.

— Sua mãe foi até a casa de sua tia Marta, parece que o Billy tava passando mal e você sabe como sua tia é — respondeu já na cozinha. — Ah, Samantha! Uma menina chamada Natasha ligou dizendo que era sua amiga e perguntou por você. Talvez você queira retornar a ligação.

— Viu! Obrigada, pai! — gritei em resposta enquanto terminava de subir a escada.

— Não vai dormir tarde hein? — gritou.

— Tá bom, pai! — respondi.

Levantei me arrastando até o banheiro. Acho que dormi bem mais que o habitual.

Abri o chuveiro e quase gritei ao sentir a água gelada em minhas costas. Por que eu fui seguir a recomendação daquele site? Tenho que parar de procurar as coisas no Google.

Enquanto terminava de pentear meus cabelos, o celular começou a tocar e o nome de Natasha apareceu na tela. Eu esqueci totalmente de ligar pra ela!

— Nat?

— Eu mesma linda e maravilhosa! Vou ser rápida porque eu sei que você não gosta de ligações.

— Aconteceu alguma coisa?

— Não, não! A gente só precisa que você venha hoje aqui. Tem como?

— Claro! Vou falar com meus pais e daqui uma hora mais ou menos eu to aí!

— Certo. Tchauzinho!

Me arrumei e desci as escadas. Tomei café e meu pai me liberou. Minha mãe, bem, minha mãe ainda estava dormindo.

— E o que vocês tinham de tão importante para me falar? — perguntei me lembrando do porquê estava ali.

— Ah sim! Arthur deu a doida e fez um plano — respondeu Natasha enquanto se sentava no sofá.

— Um plano muito bem elaborado! — disse Arthur interrompendo a prima, a qual revirou os olhos.

— Tá! E que plano maravilhoso seria esse? Da última vez que vocês me inventaram uma dessas eu acabei virando a Xuxa versão pobre. Eu espero que dessa vez não envolva perucas nessa história — falei a última parte tirando Natasha que simplesmente deu de ombros.

— Não minha querida, eu sei elaborar os meus planos de uma forma coerente. Apesar de sermos primos, eu sou muito melhor que Natasha nesse quesito.

— Nesse quesito! — frisou Nat o interrompendo.

— Tá! Que seja! O fato é que você Samantha, vai ter que fazer o trabalho da Ariel com Clara, ela querendo ou não. E, por isso, vocês terão que obrigatoriamente se ver e dialogar. E é nesse ponto que entra o meu plano. Rápido, curto e simples: recolher informações! — ele andava de um lado a outro me deixando tonta.

— Recolher quais informações? Eu não to entendendo nada — falei.

— Ainda dá tempo de comprar as perucas — cantarolou Natasha analisando as próprias unhas.

— Você irá recolher informações sobre Matheus — prosseguiu ignorando a fala da prima.

— Bom, até que o "plano" não é tão ruim assim. Meu pai até sugeriu algo como isso ontem a noite. Mas a grande questão é conseguir convencer Clara a fazer esse trabalho.

— Segunda tem aula da Ariel, certeza que ela vai cobrar esse trabalho. E eu não duvido nada que a nota dele vai ser altíssima — ele disse me fitando.

— E lá vou eu de novo atrás de vocês. Que fique registrado que essa é a última vez hein?!