Prenda-me a Ti ( Sáfico)

Demonstrações - Capítulo 23.

( Alexia)

Uma gargalhada maldosamente inconveniente ecooa da minha garganta. Geórgia me encara num misto de incompreensão, incerteza e insegurança. Noto que seus olhos marejam e me apresso em tapar minha boca. Porém, não consigo parar de rir da expressão pedinte da mulher a minha frente, me interrogando com as sobrancelhas. É impossível imaginar Geórgia fazendo sexo tradicionalmente, executando um ridículo papai e mamãe. Não que essa posição seja ruim, mas, vindo dela chega a ser detestável.

Tenho que secar meus olhos, que lacrimejaram. Expiro e inspiro algumas vezes para tentar conter a risada, no entanto, estou entregue ao divertimento dessa cena hilariante rondando minha mente com imagens do ato.

- Você é igual a todas as outras... - me condena com uma balançada negativa de cabeça.

- Não se faça de ofendida, Geórgia! - enfim consigo me recompor. Como ela ousa me comparar a uma mulherzinha qualquer?

Ela não responde, se aproxima de mim apenas para pegar a mala que está perto das minhas pernas expostas pela camisola curta. Me dá mais uma encarada de indignação e dor e sai pela porta.

Ok. Admito que exagerei. Quando ela finalmente demonstra seus sentimentos, eu acabo fazendo uma brincadeira sem graça. Ela tem todas as razões para se sentir magoada. Corro automaticamente até ela. Lhe puxo pelo capuz do casaco, para que se vire para mim, e pulo em seu quadril. Escuto a mala colidindo com o piso, e ela recebe meu corpo no seu num encaixe perfeito. Seus braços me circundam como um casulo humano de proteção. E o beijo que sucede é devastador. Nossas línguas travam uma batalha por espaço na boca da outra. Seguro em sua nuca e aperto minhas pernas em sua cintura.

Se Geórgia espera entusiasmada por um sim, dito minuciosamente ou uma justificativa, estou indo além de suas expectativas. Admito que não quero fazer amor com Geórgia. Não quero me sentir em um daqueles contos de fadas, em que o cavalheiro se curva diante da donzela e lhe jura amor eterno. Isto agora não me faz sentido algum. Por anos esperei pelo meu príncipe encantado e uma mulher surgiu para tomar seu lugar. Geórgia está longe de ser uma princesa; disciplinada e meiga, mas a verdade é que essa personalidade altiva e tempestuosa foi o que me conquistou. Estou dispensando um romance clichê, um caso comum. Quero me entregar a essa paixão e viver intensamente um dia de cada vez, quero ser fodida por essa mulher, quero que ela me puxe os cabelos e diga com todas as letras que me possui. Sonhos de amor e de felizes para sempre não existem como muitos acreditam, Geórgia é a prova concreta disso. A perfeição não passa de mera ilusão. Percebo que um gesto real de carinho ou mesmo um ato estúpido seja melhor e mais verdadeiro que um: " Eu te amo" dito da boca para fora, que alianças, atar um compromisso ou ir ao altar, que se baseiem apenas em aparências são realmente inferiores a certeza da lealdade, do interesse constantemente alimentado, da afinidade que une duas pessoas e dos sacrifícios que elas se dispõe pela outra; são mais importantes, válidos e satisfatórios. Talvez, eu tenha percebido isso um pouco tarde demais. Talvez, tenha dado valor à coisas insignificantes e ignorado às que me engrandecem. Só sei que; mesmo que isso se limite ao meu ponto de vista, o amor é muito mais que alguns votos de fidelidade jogados ao vento. O amor é presença, é cuidado, é falar com o corpo; renovando o vocabulário inconscientemente, e desconfiar seriamente daqueles que juram te amar apenas com palavras...O amor é ação que se move incessantemente.

Geórgia logo entende o que quero transmitir com meu beijo sedento. Não resisto em morder seus lábios carnudos. Quero devorar Geórgia e quero que ela me devore como um suculento pedaço de carne.

Ela pressiona minha coluna na parede do corredor e força seu quadril entre minhas pernas, me fazendo lembrar que meu sexo pulsa somente por ela. Começa a beijar meu pescoço de um lado para o outro, enquanto aperta minhas coxas. Sua boca engole a minha e sua língua me desafia novamente.