19. Maldita casa

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Christopher estava em seu escritório, já havia passado das sete da noite e ele não conseguia sair de lá. Havia dispensado a secretária, mas permaneceu ali. Seu dia não havia rendido absolutamente nada.

Na verdade, já fazia algum tempo que o trabalho não estava rendendo como antes.

Na madrugada de segunda para terça-feira não havia dormido direito porque sua mente não parava de reviver a história que Isla tinha lhe contado.

Na quarta-feira havia ido até a obra para encontrar com um investidor que iria alugar um andar inteiro no novo empreendimento. O seu assunto era com o homem, mas seus olhos não paravam de procurar pela engenheira responsável pela obra. Assim que notou o sorriso que ela deu em sua direção, perdeu todo o contexto da conversa com o executivo ao seu lado.

E na quinta-feira estava ali, até tarde no escritório porque não terminou as tarefas que havia planejado para o dia. Não terminou porque seus pensamentos hora e outra iam para a engenheira. Sua mente era quase assombrada por memórias.

Lembrava-se do dia em que se conheceram, dos olhos castanhos gentis, do sorriso cativante, da dança despretensiosa em seu apartamento, do dia em que dividiram uma cama, do dia em que dançaram juntos, da visão do corpo dela no biquíni amarelo...

E quando notou, estava perdido novamente em pensamentos e o arquivo aberto em seu notebook havia ficado para trás mais uma vez.

— Em que planeta Christopher Kyle está? — a voz conhecida o tirou dos devaneios bruscamente.

O executivo riu baixo ao encarar o indivíduo que estava no batente da porta. O homem era alto, de pele negra, olhos escuros intimidadores, com um sorriso cafajeste desenhado nos lábios e uma garrafa de Whisky nas mãos.

— Finalmente está de volta! — Chris falou levantando-se e caminhando em direção ao amigo para dar-lhe um abraço. — Achei que fosse ficar na França para sempre — comentou maldoso.

— Eu amo as mulheres francesas, mas nem elas me fazem mudar de Nova Iorque — Nolan Parker disse sentando-se no pequeno sofá preto que havia no escritório. — Me diga que você ainda tem copos aqui — apontou para a garrafa de bebida.

Christopher revirou os olhos e providenciou tudo o que precisariam para uma rodada, ou várias, de bebida.

— Como estava a França? — perguntou puxando a cadeira para sentar de frente com o sofá.

— Ensolarada, com mulheres bonitas, muitos turistas, gente falando francês o tempo inteiro... — Nolan disse com tédio. — Me diga, como Nova Iorque sobreviveu nesse tempo sem a minha presença?

Christopher riu alto do ego exacerbado do amigo. Nolan era um advogado dos bons e ele sabia disso, mas apesar de ser extremamente dedicado no trabalho, faz questão de tirar férias prolongadas para gastar sua fortuna em outros continentes.

— Nova Iorque passa bem — o executivo respondeu tomando um gole da bebida alcoólica e aprovando o sabor.

Nolan estreitou os olhos e inclinou o corpo levemente na direção do amigo.

— O que aconteceu com você nesse tempo em que estive fora? — perguntou mais sugestivo do que curioso.

Era um advogado dos bons porque sabia ler muito bem as pessoas. Christopher nunca entendeu como ele conseguia fazer isso, mas o amigo era bom naquilo.

— Nada de interessante — respondeu dando de ombros.

Nolan o observou atentamente e o executivo bufou impaciente.

— O que foi? — Chris questionou deixando as costas ficarem mais firmes contra o encosto da cadeira.

— Me diga quem é a responsável por seus pensamentos perdidos no mundo da lua — soltou antes de bebericar a própria bebida. — Ela é gostosa? — perguntou curioso. — Ah, esquece, ela é gostosa. Você só sai com mulheres muito bonitas. Ela é loira? Certeza que é loira — dizia tudo muito rapidamente assim como velocidade dos seus pensamentos. Nolan não tinha muito filtro em alguns momentos.

As Mentiras de Isla Britch | ✓Where stories live. Discover now