Capítulo 2

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Na Itália o impasse quanto à coroação de Henrique VI continuava e o Papa tinha plena consciência de que não conseguiria mais sustentar o jogo. As guerras entre as províncias e cidades aumentavam. Os romanos que estavam em guerra contra os tusculanos, ofereceram apoio a Henrique, desde que o futuro imperador ordenasse que os exércitos germanos invadissem Túsculo e a entregassem a eles. Ele aceitou a proposta dos romanos, que alegavam ter influencia sobre o Sumo Pontífice, e o acordo foi selado. No dia 14 de abril de 1191, Henrique VI foi coroado e após as cerimônias da unção as tropas germanas entregaram Túsculo para os romanos, que saquearam completamente a localidade, mataram os oponentes, destruíram tudo e queimaram o que restou.

De posse das três coroas do Sacro Império Romano Germânico, Henrique dirigiu-se para o sul com suas tropas, avançando bastante depressa. Atacou Nápoles e imediatamente os sicilianos insulares foram avisados de que o imperador já tinha atravessado a fronteira do Reino da Sicília pretendendo arrasar tudo o que encontrasse até alcançar a ilha. Os cruzados sicilianos, que já tinham retornado a seus lares, o aguardavam e centenas de novos cavaleiros haviam sido ordenados às pressas, entre eles Giacomo e Erardo, porque o reino necessitava do maior número possível de soldados.

Por onde passava o exército germano deixava seu rastro de sangue e destruição. O imperador era um homem impiedoso e cruel. As pessoas fugiam das vilas porque os inimigos chegavam matando, enforcando, mutilando e até queimando vivos todos os que consideravam traidores. Devastaram a província napolitana, apossaram-se de muitos povoados e quando finalmente chegaram à capital encontraram forte resistência.

E, como ocorria em todas as longas guerras, logo as doenças se espalharam entre os soldados e tiveram de permanecer ali por um longo período. Não conseguindo a desejada rápida vitória, o exército do imperador foi obrigado a retornar para suas terras ao norte porque enquanto Henrique VI tentava tomar a Sicília, Henrique o Leão, cunhado de Ricardo Coração de Leão, começara uma rebelião. O recuo das tropas germânicas acalmou algumas cidades que já estavam preparadas para recebê-los, mas os salernianos, temendo ter suas cidades arrasadas, aprisionaram Constança, esposa de Henrique, e a remeteram para a Ilha. Tancredo recebeu a prisioneira pretendendo negociar a liberdade dela pelo Reino da Sicília.

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Enquanto os reis e os exércitos disputavam o poder. Os comerciantes se reuniram com alguns oficiais para tentar pressionar Tancredo a não fazer qualquer tipo de acordo com Henrique VI.

--- O Papa Celestino pede a Tancredo que liberte Constança. - Fredo, um mercador de Palermo comentou.

--- Tancredo há de não ceder. - observou um General. - Afinal os salernianos capturaram a esposa do Imperador para intimidá-lo e para que desistisse do trono da Sicília.

--- Mas isso não nos dá garantias e talvez até piore a situação. - Godofredo, um capitão, intercedeu. – Frederico cobiçou nosso reino. A agora seu filho Henrique vai lutar para ter nossos portos, nossas riquezas e tudo o que foi construído com o sangue de nossos antepassados.

--- Nossos ancestrais deram a vida pelo Reino. - concordou o capitão-mor, Francesco. - Todos aqui conhecem a história e sabem como o papado nos apoiou quando os normandos instalaram-se no sul da Península e na Sicília!

--- Um século já se passou e cá estamos livres graças aos irmãos Rogério de Hauteville e Roberto Guiscard que foram os mentores da emancipação de nosso povo. – relembrou um comerciante.

--- Que até então vivia entre guerras civis, invasões e ataques do oriente. Se não fosse por Rogério teríamos sido dominados pelos mouros. Mas isso não aconteceu porque os Hauteville e nossos antepassados venceram os povos de além-mar e aqui estamos: livres.

In Nomine CrucisWhere stories live. Discover now