15- E agora?

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Quando parece que voltou à realidade ele pronuncia as palavras que causariam o maior choque em todos nós.

- Eu vou ser deportado.

O baque em todos nós foi imenso. Eu sempre achei que Milos tivesse cidadania, até porque ele tem uma lanchonete, e para ter lanchonete tem que ter documentos.

- Como assim? Você não nasceu aqui? - diz minha tia.

- Não, eu... Eu preciso... De ajuda. - ele diz pausadamente.

- Precisamos saber o que aconteceu pra poder te ajudar, né!? - digo tentando pensar em algo.

Minhas mãos suam e meus batimentos se aceleram cada vez mais. Eu sei que o Milos gosta da Juh, e se ele for deportado, quem vai conquistar a minha tia?

Ele dá um longo suspiro.

- Há um bom tempo atrás... Eu acho que tinha uns 20 anos, ou 19, enfim... Eu casei muito cedo com uma mulher que eu amo demais. - neste momento vejo a minha adorada tia desfalecer. - Ela ficou grávida, e eu tinha acabado de perder o meu emprego lá no México, antes de saber de sua gravidez nós tínhamos decidido passar pela fronteira, ilegalmente. - percebo os olhos de Milos marejarem. - Conseguimos uma caminhonete, uma Ford F100... E quando chegamos na fronteira... - as lágrimas começaram a cair, pouco a pouco, até inundar o rosto dele. - Os... Homens que estavam fazendo a patrulha, atiraram assim que saímos do carro... Dois tiros a acertaram, um no peito e outro na barriga.

Eu corro para abraçar Milos, que agora já está sentado chorando enquanto Juh fica em estado de choque.

- Eu sentei em meio ao tiroteio e segurei ela nos meus braços, ela colocou a mão na barriga e disse que tava grávida, foi a última coisa que ouvi ser emitido por ela. Eu carreguei o corpo dela até uma montanha próxima e a enterrei lá. - ele para e bebe um pouco de água. - Fui para uma comunidade de imigrantes mexicanos e consegui documentos falsos, encontrei o meu tio pouco tempo depois e segui a minha vida.

E agora, bonita? Como que você vai ajudar? Me diz a sua ideia de gênio.

- Por que você não faz a prova de cidadania? - pergunto.

- Eles querem deportar ele, Dhália, se ele aparecer em algum posto vão levar ele preso. - minha tia se pronuncia.

Pensa Dhália, pensa.- meu subconsciente fala enquanto ando de um lado para o outro.

- Já sei! - digo levantando o dedo indicador. - Casa com a Juh! - dou um sorriso de orelha à orelha.

- PIROU? - ambos dizem em uníssono.

- Olha, a Juh tem dupla nacionalidade por causa do pai dela, então ela é uma cidadã americana e brasileira também, se casar com ela você tem Green card. - digo fazendo parecer ser o óbvio a fazer.

- Prefiro ir no posto de controle. - diz Milos.

O primo de Milos vem em nossa direção.

- Eles vieram te buscar primo, mas eu disse que você tava viajando e aí te deram uns 15 dias pra se entregar. - diz apreensivo.

- Viu!? A coisa tá feia. Vamos Juh, que mal faz só assinar um papel e depois vocês separam. - digo fazendo biquinho.

Ela e Milos se entreolham apreensivos.

- Tá legal, eu caso. Não tô afim de ficar procurando emprego. - ela diz após um longo suspiro.

- Oba! Vamos nesses casamentos relâmpagos de Las Vegas. - digo animada.

O dia em que te conheciWhere stories live. Discover now