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Fico chocado com o que ouço, mas não o julgo. Criar um bebê filho de outro homem é cruel, ainda mais nos anos 90. Fico sem reação ao saber de tudo. Só então percebo que meu pai não é o meu pai, olho então para o padre e sou muito sincera.

-Padre, então! Quem é o meu pai?

-Pérola, sua mãe nunca revelou. Foi algo que ela levou para o túmulo.

Abaixo a cabeça, respiro fundo e com os olhos cheios de lágrimas me levando e dou a mão ao padre. Logo em seguida, me viro e saio da sala. Márcio vem logo atrás, ele está preocupado comigo mas não diz nada. Ele segura no meu ombro e me guia até o carro.

-Me tira daqui. Nunca mais quero voltar aqui.

Quando eu levanto o meu rosto, vejo a mulher com seus filhos. Ela parece ser muito pobre. Olho para Márcio, que acabou de entrar no carro.

-Márcio, acho que eu vou dar a casa do meu pai para ela. Ela precisa mais do que eu.

-Tem certeza?

-Tenho. Não vou deixa-la assim.

Márcio concorda e nós saímos do carro novamente. Vou até a minha tia, pego a chave da casa e vou até a casa. Pego algumas coisas e lembranças, como fotos. Jogo algumas coisas fora e depois vou até a venda a abasteço a casa. Voltamos para o velório e lá, entro a chaves da casa para a mulher.

-Abasteci a casa para vocês. Faça bom proveito, qualquer coisa pode falar com o padre que ele me fala.

-Obrigada. -Ela agradece com os olhos cheios de lágrimas.

Logo após, entro no carro e voltamos para a capital.

Durante o trajeto Márcio e eu conversamos. Estou mais aliviada depois de saber de toda a verdade e ao mesmo tempo, decepcionada, pois tudo que vivi era uma mentira. Agora entendo porque ele sempre me tratava de um jeito grosso.

***

Em São Paulo, Márcio me leva até um apartamento. Está sem móveis ainda, mas já estão fazendo uma grande reforma nele.

-Tudo aqui é lindo! De quem é esse apartamento?

-Nosso. - Ele diz sorrindo.

Olho assustada para ele.

-Como assim?

-Nós vamos nos casar esse mês, e já que fomos obrigados eu não queria ninguém tomando conta da nossa vida. Já que vamos casar, que seja feito da maneira certa. Casar e nós formamos a nossa família ou melhor, termos a nossa própria casa.

-Verdade, eu concordo com você Márcio.

Ele então, me mostra cada cômodo. E no apartamento, há dois quartos, e todos os espaços são grandes.

-Esse quarto será o seu e esse o meu. Não vou fazer nada com você, sem você eu queremos.

Sorrio para ele e agradeço.

Ele olha o relógio no seu pulso.

-Agora precisamos ir. Daqui a pouco tenho aula.

-Você cursa o que?

-Curso Direto. Quero depois entrar na Polícia Federal.

A TrocaOnde histórias criam vida. Descubra agora