Capítulo 36

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Hermione então saiu da Ala Hospitalar. Teria que esperar o amigo acordar para saber o que aconteceu. Decidiu ir até a biblioteca. Não teria muito o que fazer, estava vendada, de mãos atadas. Sem as pistas que seu amigo teria, não conseguiria decifrar as pistas que Dumbledore lhe deixou.

No meio do caminho, deu a volta. Decidiu primeiramente tomar o banho que havia decidido tomar meia hora antes. Foi até seu quarto no salão comunal da Grifinória, pegou sua bolsinha de contas atrás da cabeceira da cama (havia escondido o melhor que pode), escolheu uma roupa confortável. Foi até o banheiro dos monitores, despiu-se e entrou na enorme banheira. Decidiu pegar o mapa para ver se encontrava mais aluma coisa estranha.

Gina estava na arquibancada do campo de Quadribol. Harry continuava na enfermaria. Luna agora estava na estufa, Ron estava em seu quarto. Hermione procurou pelo nome de Lavander e a encontrou extremamente próxima ao nome de um sonserino qualquer que ela não conhecia.

—Uau! Que mapa eficaz, mostra até infidelidade. — deu uma risadinha. Não de surpresa, ela já esperava por isso.

A última pessoa que passou pela sua cabeça em procurar foi Draco Malfoy. Procurou-o por todo o mapa, mas não o encontrou. Achou estranho, mas largou o mapa e continuou seu banho. Após alguns minutos, levantou-se, enxugou o corpo e se vestiu. Antes de sair do banheiro dos monitores, decidiu dar mais uma olhada no mapa.

Lá estava o nome de Malfoy. Na biblioteca. Estranhamente, seu nome estava ao lado de Pansy Parkinson. E ficaram lá. Sozinhos atras de uma prateleira. Seus nome moviam-se poucos centímetros no mapa.

Hermione respirou pesado. Esperou mais algum tempo, com seus olhos fixos no mapa. Mil imagens passaram por sua cabeça. Aguardou alguma movimentação, mas cansou-se de esperar.

Estava, novamente, devastada, mas não se deixou desesperar. Não pelo mesmo motivo, novamente. Respirou pesado mais uma vez. Uma única lágrima escapou antes que ela pudesse segurar.

Mas em meio a guerra, o último de seus problemas era um garoto. Estava órfã, desabrigada, sabendo que um de seus melhores amigos morreria e o outro, pelo qual até alguns meses atrás era apaixonada, estava sendo enganado por sua namorada. Suas melhores amigas também corriam risco. Ela estava sendo procurada por comensais da morte, pois além de ser amiga de Harry Potter, ela é nascida trouxa. Todo o mundo bruxo corria perigo.

Realmente, ela tinha bem mais com o que se preocupar.

Secou a lágrima com a manga da veste recém colocada. Puxou sua saia, ajustando-a melhor ao corpo, guardou o mapa, ergueu a cabeça e saiu do banheiro.

Caminhou até o salão comunal da Grifinória. Subiu até os dormitórios masculinos. Caminhou até Ron.

—Ron. Lavander está a trair-te. Vá até o corredor do quarto andar e comprove você mesmo. — disse ela sem demostrar nenhuma emoção, e com a mesma rapidez que entrou no quarto, ela saiu, deixando um Ronald Weasley perplexo.

Hermione não queria tomar decisões precipitadas, mas nada poderia consola-la. Ela não conseguia ver alternativas para o encontro às escuras de Malfoy e Parkinson.

De qualquer modo, não queria ter que perguntar a ele, justamente por que o relacionamento dos dois não estava bem definido.

Malfoy e ela nunca chegaram a conversar sobre como deveriam nomear sua relação. Estariam ficando? Namorando? Ou Malfoy estava somente se distraindo com ela? Talvez fosse isso.

Malfoy sempre fez questão de lembra-la o quão impura ela é, e como ele jamais teria qualquer tipo de envolvimento com alguém de seu "tipo".

Não mudaria de pensamento tão rápido. Ou mudaria? Agora Hermione não saberia dizer. Até um dias atrás estava completamente convencida de o que eles tinham era real. Mas o que tinham? Ou tem? Realmente tiveram algo ou foi sua imaginação?

Hermione chacoalhou a cabeça como quem quer tirar um pensamento da mente à força. Respirou fundo. Abriu os olhos devagar.

Estava desiludida. Era isto.

Caminhou até a cozinha do colégio e sentou-se em uma das mesas de madeira rústica.

—Será que você poderia me fazer um chá, por favor? — perguntou baixinho para um elfo que estava perto dela. Ele fez uma reverência um tanto exagerada e se apressou em preparar o chá.

Hermione sentiu náusea. Apoiou o cotovelo na mesa e descansou a cabeça sobre sua mão.

—Pense, Hermione. Pense. — disse para si mesma, de olhos fechados. — O que poderia ser "menor que um tinteiro e mais poderoso que o colégio inteiro"? — repetia para si mesma o enigma que Dumbledore deixou para ela.

—Falou comigo, senhora? — perguntou um elfo de aparência bastante jovem.

—Qual objeto é menor que um tinteiro e é muito importante para o mundo bruxo? Algo relativo a magias poderosas ou Hogwarts. — pedia ajuda ao elfo quando mais três ou quatro elfos pararam o que estavam fazendo para prestar atenção. — Tenho que achar esse objeto, mas esta foi a única pista sobre ele que Dumbledore me deixou.

—Seria o Anel de Slytherin, minha senhora? — perguntou, timidamente, o mais velho e, aparentemente, cansado, dos elfos.

—Por favor, me fale mais sobre ele. — Hermione ajeitou a postura.

—Eu não sei muito, senhora. Mas sei que os Gaunt foram os últimos da linhagem de Slytherin. Era o Gaunt pai, o Gaunt filho e a Gaunt filha, senhora. A Gaunt filha teve um filho mestiço. Ele foi o último com sangue de Slytherin que existiu, e ainda existe. Seu nome não pode ser dito, mas você deve saber quem é, minha senhora. O Anel de Slytherin tem o desenho, senhora. — disse o elfo, com a voz muito baixa, como quem conta um segredo, e os olhos muito arregalados.

—Qual desenho? — Hermione perguntou aflita. Um elfo velho havia dado mais pistas que o bruxo mais poderoso que ela já conheceu.

—Das relíquias da morte.

Hermione levantou-se num pulo, assustando o grupo de elfos que estava na sua volta.

—Muito obrigada! Muito mesmo! Como posso fazer para agradecer? Você quer roupas? Ouro? — perguntou animada.

—Oh, não, minha senhora. Isso seria uma ofensa. Lhe imploro que não me pague com ouro ou roupas. — disse acanhado o elfo, abaixando a cabeça e  colocando as mãos para trás.

—Ora, deve haver algo que você queira. — insistiu Hermione.

—Ja que faz tanta questão, madame, — começou o elfo, e como se fosse possível, abaixou ainda mais a cabeça, parecendo muito envergonhado de estar fazendo este pedido. — a verdade é que fazem muitos anos que eu não como um pedaço de bolo de chocolate. — ao terminar sua frase, pôs as mãos no rosto e fez menção de chorar. Hermione o abraçou.

—Não seja por isso, meu amigo. Eu trarei seu bolo. — disse ela, soltando-o do abraço. Virou-se para os outros. — Trarei bolo para todos. — os elfos comemoraram brevemente, e alguns abraçaram-lhe as pernas.

Passado o emocionante momento, Hermione decidiu procurar o objeto. Mas onde? Voldemort não o teria escondido junto com o diadema. Seria estupido até para Lavander algo assim.

—Pense, Hermione. Pense. Pense.— repetia para si, roendo a última unha que sobrara em sua mão esquerda.

Quando percebeu, já era noite. Hogwarts estava estranhamente silenciosa.

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