VII - Pesquisa de Campo

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Griffin Drake estava em apuros. Não do tipo em que se pede ajuda a alguém, mas do tipo em que se faz o sinal da cruz.

O detetive Jim Shea, de um metro e noventa, queixo quadrado e olhos de um azul que ele não conseguia pensar em algo criativo para descrever, estava sentado em frente a ele quase babando em seu crème brûlée. Eles não estavam falando muito; o detetive Shea claramente não fazia isso com muita frequência.

Griffin também não. Mas era um falador natural, que dissipava todas as idéias do escritor pouco comunicativo e solitário. Ele gostava de beber, mas tentava não fazer isso sozinho. O que explicava como o fundo da garrafa de vinho surgiu tão rápido.

- Você quer outra coisa? - Griffin perguntou, bem ciente de que eles não tinham tocado no caso Kelly ou qualquer outra coisa além de conversa fiada sobre suas respectivas cidades e esportes.

Ele já estava pensando em uma desculpa para fazer isso de novo e para fazer esta noite durar um pouco mais.

- É, eu provavelmente deveria tomar um bule de café. - Jim Shea limpou a boca com o guardanapo de linho e o colocou de volta em seu colo.

Por um lado, foi um movimento natural; por outro, Griffin queria massagear a tensão de seus ombros.

- E não dirija depois. - Jim olhou pesarosamente para a taça de vinho vazia e para a segunda cerveja quase vazia. - Não é uma jogada inteligente.

- Eu me ofereceria para dirigir, mas você teria que me puxar. - Griffin disse, acrescentando. - Vamos tomar café, então. Talvez... dar uma volta? Limpar nossas cabeças.

Jim assentiu, olhando para o garçom. Griffin teve a excelente visão do perfil esculpido e da mandíbula de estrela de cinema. - "Se não fosse tão rígido, ele seria um ótimo ator." - Raul aproximou e Jim pediu um bule de café preto. Griffin passou as mãos pelo cabelo, depois esfregou o gel pegajoso no guardanapo no colo discretamente. Ele era nada elegante. E muito grato que este lugar estava tão escuro.

- Obrigado. - Jim disse de repente, como se estivesse ensaiando isso. - Por este jantar e por não falar de trabalho. É uma noite melhor do que eu imaginava.

Griffin olhou para o detetive surpreso. Ele sorriu, totalmente satisfeito consigo mesmo.

- O prazer é meu.

- Planejei sair com você contando com uma comida barata, mas isso está muito melhor. - ele brincou gentilmente, apoiando os cotovelos na mesa.

- Sério? Estou muito feliz por ter lhe dado um jantar de aniversário decente. Você merece.

O belo rosto de Jim não revelou muita concordância. Ele apenas parecia envergonhado, como se quisesse discordar, mas isso seria rude.

- Vamos, cara, pare de me dar aquele olhar. Eu usei o Google e vasculhei todo o seu passado e, francamente, estou chocado por você não ter um monte de pessoas fazendo uma grande festa para você.

Os olhos de Jim caíram.

- Bem, obrigado. É legal da sua parte dizer isso. - disse Jim rígido.

O café apareceu antes que qualquer um deles pudesse rastejar para debaixo da mesa.
Griffin observou-o servir o café e as palmas das mãos coçaram. O vinho francês, a noite, o escuro - isso o fez ousado.

- Por que você não acredita nisso?

- Hã?

- Por que você não acredita no que eu disse? Pelo que pude ver, você é bem quisto. Respeitado. Bem sucedido. Não está sofrendo por dinheiro ou aparência. - Ele roeu dentro de sua boca quando essa última palavra escapou. - Eu não tenho certeza do porquê deveria me sentir mal por elogiar você.

Amor & Lealdade (Fidelidade, Amor e Devoção #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora