Capítulo: 4 - A maior das decepções

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Por Cait ...

Existem momentos que marcam a sua vida mais que outros. Momentos que podem, ou não, virar cicatriz. Como uma relação, que tinha tudo para dar certo e, de repente, dá errado. 

O mundo nos mostra o amor que dura para sempre, aquele que tudo perdoa, o amor cego. O amor que é capaz de transpor toda e qualquer barreira, qualquer dúvida. Ele é quase um conto de fadas de tão perfeito. Afinal, nesse amor não existem defeitos, não existem dores anteriores ou muros. Somente o prazer de amar e ser amado. Fomos enganados.

Existem amores, que mesmo imensos, não foram feitos para durar. A vida acontece e eles simplesmente deixam de existir. É o amor que vai na contramão do destino. Que rema contra a maré para seguir respirando. O amor que implora e ainda assim, morre.

São as horas ocupadas por outras coisas. São as ligações durante a madrugada porque o outro está do outro lado do globo. É o desgaste, o descaso. E aquele amor, que parecia infinito, se esvai diante de seus olhos e não há nada que você possa fazer para mudar isso. 

Já a haviam avisado mas ela não tinha certeza se queria acreditar. Não podia ser verdade. Ela caminhou vagarosamente, quase tentando desistir de seguir em frente. Porque dessa vez lhe doía mais que das outras? Ao chegar na boate onde estava acontecendo a fatídica festa ela respirou fundo, tomou um grande gole da primeira bebida que viu pela frente e então caminhou na direção oposta ao bar. Nem foi preciso procurar. Lá estava ele. Cabelos soltos, a roupa que ela ajudara a escolher e uma loira. Entretido. Boca na boca, mãos por toda parte. Nem pareciam se incomodar de estarem em público. Ainda que a festa fosse para um público bastante selecionado ainda era um ambiente onde qualquer pessoa poderia vê-los. Cait permaneceu ali, congelada. Observando a cena. Ela deu três passos e não disse uma palavra. Apenas queria ser vista. E foi. E após isso ela só queria uma coisa, sumir. Evaporar. Ela não gritou, não correu, não fez uma cena. Ela só saiu da boate ignorando a existência de qualquer outro ser. Ela não conseguia nem ter certeza de que estava respirando. O ar lhe faltava e dessa vez não era como das outras vezes. Não era bom. Sam a seguiu, entrou no carro com ela, tentou explicar uma, duas, trinta vezes. Ela não ouviu. A verdade é que ela não estava escutando nada. Era como se o mundo tivesse parado. Ao chegarem ao flat ele pediu para subir, ela apenas negou com a cabeça e desceu do carro. Ele a seguiu mas a porta do elevador já havia fechado. Subiu as escadas correndo. Ao chegar no andar ela terminava de fechar a porta do flat. O deixando do lado de fora. Ele a chamou algumas vezes e percebeu a merda que tinha feito ao ouvi-la chorar. A única coisa que os separava era a porta de madeira. O choro era tão sentido que ele entendeu tudo. Contudo, agora não fazia diferença.

  O quarto estava iluminado por uma suave luz branca, haviam dois livros em cima da cama, um da Rupi Kaur e um do Pablo Neruda. O único som além dos soluços de Cait era a música de Stevie Wonder. Repassou todos os homens de sua vida, desde o primeiro amor na França até Sam. Ela não sabia explicar o porquê da traição dele lhe doer mais que as outras, quando ela acreditava ter amado a todos os homens de alguma maneira ou de outra. Talvez porque havia entregue muito mais do que somente amor. Lhe entregou a confiança que julgava perdida.

  "Tudo no amor é justo. O amor é um jogo louco onde duas pessoas prometem ficar apaixonadas por uma, elas dizem. Mas tudo muda com o tempo. Já que o futuro ninguém é capaz de ver. A estrada que você deixa para trás e á frente apenas o mistério. Mas tudo é justo no amor e eu precisei ir embora. Um autor pega novamente sua caneta para escrever as palavras já citadas, que tudo no amor é justo." (essa música talvez resumisse muito mais do que somente sua relação com Sam. Era quase a história de sua vida. Onde o amor começava lindo, cúmplice e terminava morrendo como se tentasse crescer entre pedras.) "Todo destino é uma chance que pode ser boa ou má. Eu tirei a sorte na moeda para dizer que apaixonada por mim você ficaria. Porém tudo na guerra é tão frio e independe se, se ganha ou perde. Quando você tiver jogado tudo fora eu farei o papel de perdedor. Contudo, tudo no amor é justo. Eu nunca deveria ter saído do seu lado. Um autor pega sua caneta para reescrever as palavras, tudo no amor é justo." (não importava quantas vezes ela caminhasse pelo quarto ou as inúmeras vezes que ela se cobria e direcionava seu olhar para o teto. Nem mesmo as vezes que ela desligou a música e fechou os olhos disposta a dormir. No fim ela voltava a Stevie, as lágrimas e somente um rosto permanecia em sua mente, como o fantasma do Natal passado, o de Sam.)

Por Cait ...

Talvez essa seja a lição que eu teimava em passar adiante. Talvez se eu tivesse esperado um pouco mais ... Tudo fosse diferente agora. Minhas lágrimas não seriam minha companhia. Mas eu tentei confiar novamente e aqui estou, com o coração em pedaços.
Esse era o momento onde meu coração estava exposto e a pessoa ao qual eu amava havia escolhido virar as costas e partir.

"Eu não sei se meu coração se recuperaria dessa vez ..."
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Oi, gente. Tudo bem? Desculpem a demora em postar mas fiquei sem note e meu celular ainda tinha sido furtado. Mas agora tá tudo certo. Espero que gostem e não me xinguem. Até a próxima

O trailer do meu suposto amorWhere stories live. Discover now