RESENHA: Confessions On A Dance Floor

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Hung Up: "time goes by, so slowly

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Hung Up: "time goes by, so slowly..." Eu não consigo definir o que mais gosto nessa obra de arte sonora: o sample genial do ABBA que se repete quase a música inteira, como ela começa em sussurros e gradualmente explode em sintetizadores rápidos que são como uma injeção de adrenalina, o barulho de relógio que se repete em contramão aos acelerados sintetizadores, o refrão que gruda na cabeça ou a ponte que é um ponto de equilíbrio calmo porém se mantém quente como o resto da faixa enquanto parece engoli-la e suga-la mas depois a deixa explodir para o final. Um dos maiores marcos na música pop contemporânea. 

Get Togheter: Recentemente fiz uma lista das melhores músicas que já ouvi na vida e essa foi umas da que de imediato me vieram a cabeça. Esses são os sintetizadores mais perfeitos que já ouvi. A canção parece ter sido calculada em cada batida ou cada efeito na voz de Madonna que em dados momentos fazem-se fundir com o instrumental. A ponte composta apenas por sintetizadores que explodem como uma galáxia sonora se formando sucedendo um trecho mais calmo da música é o ápice dessa obra de arte impecável.

Sorry: Esse álbum é uma montanha russa sonora e essa canção é o maior exemplo disso; após começar com o sussurrar da palavra "perdão" em cinco línguas diferentes com um calmo instrumental, a música praticamente some para de repente dar vida a uma viagem sonora de altos e baixos melódicos que contam com a explosão no emblemático refrão. A letra é um ponto forte também, Madonna fala de forma agressiva sobre recusar-se a ouvir um pedido de desculpas. 

Future Lovers: Um ótimo jogo de sintetizadores mesclados a acordes elétricos e muitos efeitos nos vocais de Madonna acoplados ao sample de I Feel Love de Donna Summer com Giorgio Moroder. A faixa é em parte cantada, em parte conversada, e isso só torna a sua proposta de criar conexão com uma sonoridade futurista mais profunda e receptível. 

I Love New York: Um mix de glam rock com a dance music acompanhado de uma letra ácida que nada mais é do que uma declaração de amor à cidade, os barulhos de sirenes, carros e crianças brincando criam um clímax descontraído para a faixa fazendo com que você seja capaz de se sentir por um momento transportado para Big Apple.

O conteúdo lírico soa um pouco deslocado dentro da história que Madonna havia montado interligando as faixas anteriores.

Let it Will Be: Uma faixa iniciada com violinos em álbum dance? Sim, aqui tem. O destaque nessa música é a letra que te deixa curvado e concentrado para somente ouvir o que Madonna tem a dizer sobre sua trajetória na fama em trechos como "Agora eu posso te falar sobre sucesso, sobre fama, sobre a ascensão e a queda de todas as estrelas no céu. Isso não te faz rir?" referenciando seus períodos obscuros com Erotica e American Life em que a mídia e o público se deliciaram vendo-a ser afundada. 

Forbidden Love: Incríveis efeitos melódicos e vocais que assim como Future Lovers tem sua pitada romântica e futurista, mas dessa vez os efeitos vocais distorcidos nos remetem a Daft Punk e a Depeche Mode. A letra é também contada como uma pequena história de amor proibido, um pouco clichê mas escrita e cantada de forma única por Madonna. Num âmbito geral é uma faixa leve e gostosa de se ouvir. 

Jump: Se pudéssemos enxergar a melodia de músicas a dessa seria um grande espiral, um espiral cantado de forma baixa e sedutora por certa lentidão na enunciação dos versos, uma letra genial sobre recomeço e como enfrentar o medo do novo complementa um conjunto incrível que flui de forma que quando você menos percebe a música acabou, e então você tem que repetir esse genuíno hino inúmeras vezes. A música também é um tributo direto aos Pet Shop Boys. 

How High: Uma autocrítica junto a um instrumental pesado e composto por várias camadas de voz e batidas diferentes que se encaixam de forma que um mistério exista acerca dessa música junto a sua letra. É aquele tipo de música que a cada vez que você ouve descobre um novo detalhe ou efeito sonoro que passou despercebido. 

Isaac: Evitei me aprofundar sobre as letras do álbum e seus extensos significados e referências porém a dessa faixa não pode ser ignorada. A música é mística, em sentido literal, sua letra é mística, sua melodia é mística, a inspiração por trás dela é mística.

Os elementos arábicos começam no instrumental e se estendem pelos vocais do cantor Yitzhak Sinwani (o amigo de Madonna/homenageado na música) entoando o poema árabe "Im Nin'alu" enquanto Madonna em tom baixo canta versos como:

"Lembre-se lembre-se e nunca esqueça

Tudo em sua vida tem sido um teste

Você vai achar o portão que está aberto

Ainda que seu espirito esteja partido"

É uma intensa jornada espiritual e sonora, os vocais crus de Madonna sob um instrumental carregado e dramático junto a seus suspiros que são parte da melodia tornam tudo ainda mais transparente quanto a essa obra que se encerra com Yitzhak enunciando um poema que crava essa como uma das melhores canções da carreira de Madonna. 

Push Me: Pulsante e carregada, a faixa conta com sinos e tambores acompanhados de sintetizadores enquanto de forma acelerada Madonna a canta. Uma das mais energéticas do álbum. 

Like It Or Not: Cantada de forma hipnótica e sensual a canção tem uma letra genial em que Madonna de uma vez por todas declara o que todos já sabiam sobre ela "Isso é o que eu sou, você goste ou não. Você pode me amar ou me deixar, mas eu nunca vou parar". Quando disse que a letra é genial eu não exagerei, Madonna fala sobre ser uma mulher fatal que seja no estrelato ou na lama se mantém fiel a si mesma, usa a história de Adão e Eva para criar uma narrativa (Eu serei o jardim, você será a serpente/ Todos os meus frutos são para você pegar) e ainda referencia Cleopatra e Matahari.

Sobre sua melodia, a música é totalmente pesada e carregada, pouco dançante comparada ao resto do álbum e em conjunto com a letra cria uma atmosfera mais misteriosa e sedutora. 

Em um período que o R&B dominava o cenário musical, Madonna saia de sua conturbada era American Life e se via desafiada a se reinventar

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Em um período que o R&B dominava o cenário musical, Madonna saia de sua conturbada era American Life e se via desafiada a se reinventar. Nessa difícil missão ela voltou a seus tempos áureos e reviveu a dance disco music, contando com a referência de ícones como Giorgio Moroder, Pet Shop Boys, Donna Summer, Daft Punk, Depeche Mode e ABBA, dando vida assim a seu emblemático Confessions On A Dance Floor. O título não poderia ser mais auto explicativo: ao som de batidas que se interligam como um set de um DJ, Madonna canta letras sobre amor, diversão, decepções, superação, auto crítica e espiritualidade, ela se confessa em faixas alinhadas de forma decrescente mas que podem ser tranquilamente utilizadas em pistas de dança não importando o tempo delas. O álbum começa com a extasiante Hung Up e se encerra com a misteriosa Like It Or Not.

Depois de 10 álbuns Madonna foi capaz de soar a frente de seu tempo mesmo utilizando sonoridades dadas como "batidas" pelo grande público e lançou essa obra que se fosse trazida a luz nos dias atuais ainda soaria fresh e futurista. O choque da dance music com o EDM e o Pop continuam sendo reflexo para artistas atuais que cada vez mais buscam inspirações para seus álbuns nas décadas de 70, 80 e 90 como Madonna fez ao mudar o cenário da música pop e dando seu novo direcionamento (mais uma vez...) com essa obra que o tempo, os artistas e o público não deixam morrer e com certeza é um dos álbuns pop mais significativos de todos os tempos. 

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⏰ Last updated: Aug 16, 2018 ⏰

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