Prólogo

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Santorini, Grécia

20 anos atrás


Juan Garcia caminhava todo empoderado com o novo dinheiro que conseguira pelo píer da cidade de Santorini na Grécia.

Se fosse em outra ocasião, ele poderia estar com um sorriso largo no rosto, afinal, ele era conhecido, muito conhecido, seu codinome era El Galanteador, sempre no meio das mais badaladas festas da Europa, sempre com os melhores contatos. O sotaque espanhol, e o cabelo bem penteado para trás deixava as mulheres caídas aos seus pés, e para essas damas, ele não era El Galanteador, tinha outro nome: Don Juan.

Mas ali, naquela sexta-feira nublada na pequena ilha grega, com os sons da bota ecoando pela madeira do píer e o iate La Dama esperando por ele, seus codinomes não valeriam por nada, já que Juan Garcia tinha um acordo. Um acordo que teria que cumprir com o próprio sangue, depois de anos contrabandeando armas e drogas da Espanha para o resto da Europa, ele tinha caído no próprio golpe.

— Não tem outra maneira? — perguntou para o cara a sua frente.

O homem retirou o chapéu e a face de Lennon Scafidi o encarou, cabelos castanhos claros curtos e a cicatriz evidente por conta da luz amarela do píer na lateral do seu rosto já diziam que não havia outra maneira.

— Não foi eu quem quebrou o acordo. — Lennon diz em uma voz baixa, mesmo assim assustadora, seu nome e suas ações faziam gangues inteiras pela Europa tremerem com a possibilidade de virarem alvo de seus contatos.

— Eu não quebrei porque quis... — Juan tentou, mas tentar já não parecia a melhor possibilidade na situação.

— Não me importa. — respondeu Lennon. — Onde está?

Juan desvia o olhar para o chão... não suportou a ideia quando ouviu, parecia... parecia surreal! Porém, ali estavam eles...

El Galanteador olhou para trás, para um de seus capangas.

— Rodriguez, pegue o menino agora. — tentou colocar toda insensibilidade no tom de voz, e acredita que tenha saído bem nisso.

Lennon Scafidi, do seu lugar esboçava um de seus sorrisos vitoriosos — havia algo para comemorar em toda aquela situação de merda? A resposta era "não", mas ele, dono e empresário da Scafidi S/A, chefe da ilha e um dos gregos mais influentes do mundo..., mas não tinha sido ele quem errara ao fazer um acordo com as pessoas erradas.

E é quando o garoto aparece.

Lennon o olha bem, não é difícil de ver as semelhanças entre o garotinho de três anos com o contrabandista que não o olha. Lennon Scafidi sabe da fama de Juan, que ele visita muitas camas na Europa, mesmo que sua esposa o espero todos os fins de semana em Barcelona.

Só que o menininho na frente dele é o seu tesouro, o único rapaz numa série de filhas perdidas pelo continente, o orgulho de Don Juan.

— Cuide bem dele... — murmurou Juan, relutante.

— Leon Garcia ficará bem nas minhas mãos. — respondeu Lennon.

— Porque não escolheu uma das minhas bastardas?

— Porque não teria graça, um total de zero efeito do que eu queria causar em você, Juan.

— Pois bem, agora você sabe que fez bastante efeito em mim. — Juan cuspia as palavras, seu tom de voz aumentando em cada sentença.

— É, eu vejo isso agora. — Lennon estava risonho. — Agora pode dar o fora da minha ilha... você tem o dinheiro que precisava para pagar todos que devem. Uma pena seu comércio estar passando por tantas baixas. Sorte na próxima leva de cocaína.

— Você sabe que eu vou voltar para pegar o meu filho, não sabe?

— Que seja. — respondeu Lennon dando de ombros e olhando de relance para o menino que parecia perdido no meio da discussão. — Leve-o daqui, Klement.

Um dos capangas do grego passo ao lado dele e agarra o menininho que começa a grita.

Papa?

Juan olha para o filho, olhos marejados. Lennon sente uma satisfação ao ver o inimigo nessa situação... Don Juan sempre se orgulhava de estar acima do Império Scafidi. Não parecia ser a real situação daquele momento.

Hijo... — começou Juan, mas logo foi interrompido quando Lennon o cortou:

— Ok, podemos já parar com o drama. Klement, leve logo o menino daqui.

Klement assente, com Leon em seu colo sai dali a passos largos enquanto a criança começa abrir um berreiro. Lennon encara Juan.

— Leon será tratado como um príncipe enquanto estiver com os Scafidi. — disse Lennon, era uma mentira, Juan não precisaria saber disso, ele não estaria ali. El Galanteador não se esforça para respondê-lo, então Lennon continua: — Ok, como eu já disse, saia da minha ilha.

— E como eu disse. — Juan aumentou a voz enquanto se virava para que todos os homens seus ou de Lennon ali presentes no píer escutassem: — Aconteça o que acontecer, eu voltarei para pegar meu hijo de suas mãos imundas, Lennon!

A risada debochada de Lennon ecoa em seguida.

— Vou contar todos os dias por isso, amigo. — o grego também vai se virando e deixando para trás o La Dama do inimigo e indo em direção ao carro que o espera.

Uma guerra não dita já era travada pelos dois há uns bons anos e ali, no píer de Santorini ela havia, enfim, sido firmada oficialmente. Poderia levar só alguns dias, talvez semanas ou meses, anos ou até mesmo décadas para que Juan Garcia enfiasse uma bala na cabeça de Lennon Scafidi e pegasse Leon de volta.

E do outro lado do píer Lennon faria de tudo para que Juan jamais conseguisse seu filho de volta.

O que eles não discutiram era o desejo dopróprio menino Leon, refém de uma guerra que era dele e que, tampouco, sabialutar.

ASKER - Os Irmãos Scafidi #1 |  [DEGUSTAÇÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora