Capítulo 13

29 2 3
                                    

Até que ela não era tão mal. Para uma assistente social. Liam chegou a essa conclusão a respeito de Lydia depois de pensar muito, quando foi para o seu quarto sob a desculpa de que ia começar a preparar sua redação antiviolência. Em vez disso, estava fazendo diversos desenhos e esboços, todos de rostos de pessoas. Ele tinha uma porcaria de uma semana inteira para preparar a droga da redação, não tinha? Não ia levar mais do que umas duas horas, a partir do momento em que resolvesse começar. O que era o maior sufoco, mas bem melhor do que deixar o gordinho do Cole e sua cara redonda vê-lo tomar suspensão.

Ele ainda podia fechar os olhos e trazer à mente a imagem dos três Stilinski em pé na sala da diretora. Os três homens enfileirados ao seu lado e enfrentando a toda poderosa Sra. McCartney. Era tão… Legal, decidiu, e começou a rabiscar um esboço daquele instante em seu caderno.

Ali estava Louis, com seu terno sofisticado, o cabelo bem cortado e seu rosto um pouco estreito. Ele parecia um daqueles caras de anúncio de revistas, pensou Liam, que vendem troços caros para sujeitos ricos.

A seguir, esboçou o rosto de Scott, com a cara muito séria, avaliou Liam, e com os cabelos meio despenteados, embora Liam se lembrasse de como ele havia passado o pente neles com todo o cuidado antes de entrar na escola. Ele parecia exatamente o que era. Um tipo de cara que ganhava a vida e passava o tempo ao ar livre. E Liam achava engraçado o maxilar meio torto que Scott tinha.

E então foi a vez de Stiles, com uma cara de mau, toda amarrada, além de um pouco de dureza no olhar. Os polegares enfiados nos bolsos da frente do jeans. É, era assim mesmo, reconheceu Liam. Ele quase sempre assumia aquela postura quando estava puto da vida com alguma coisa. Mesmo no esboço feito às pressas, ele parecia alguém que já havia feito de tudo na vida e planejava fazer muito mais.

Por último, desenhou a si mesmo, tentando expressar o modo como os outros o viam. Seus ombros eram estreitos e magros, pensou com um pouco de desapontamento. Mas nem sempre seriam assim. O rosto era magro demais para o tamanho dos olhos, mas sua face ia mudar também. Um dia ele ser mais alto, mais forte, e já não ia mais parecer um garoto fraco. Ia ser como Stiles.

Mesmo assim ele mantivera a cabeça elevada, não foi? Não demonstrara medo de nada. E não parecia que ele estava sobrando na figura. Ele parecia… quase como se… pertencesse àquele lugar.

Quem sacaneia um Stilinski sacaneia a todos. Era isso que Stiles havia dito, e ele deve ter falado sério. Mas ele não era um Stilinski, pensou Liam, franzindo a testa enquanto avaliava os detalhes dos desenhos. Ou talvez fosse… simplesmente não sabia ao certo. Não se importaria se Noah Stilinski fosse realmente seu pai, como algumas pessoas andavam falando. Tudo o que importava era que ele continuasse longe dela.

Jamais havia importado pra ele quem era seu pai. E isso era uma coisa que continuava a não ter importância, assegurou a si mesmo. Ele não dava a mínima… tudo o que queria era permanecer ali, bem ali. Ser um Stilinski.

Ninguém usara as costas da mão nem os punhos para agredi-lo, e isso já havia meses. Ninguém chegara doidão, cheio de drogas, e se largara imóvel junto dele durante tanto tempo que ele achava que a pessoa estava morta. Enquanto torcia discretamente para que estivesse. Nenhum cara cambaleante com as mãos suadas tentara agarrá-lo.

Ele nem mesmo queria pensar naquilo.

Comer caranguejos havia sido bem legal também. Gostoso e tumultuado, lembrou com um sorriso. A gente tem de comer o bicho com as mãos. A assistente social não se comportara de forma séria nem fresca diante da comida. Tirou o paletó, arregaçou as mangas da blusa e caiu dentro. Não parecia estar vigiando-o para ver se ele arrotava, coçava a bunda ou algo desse tipo.

Ligado ao Mar Where stories live. Discover now