Ligando os pontos

307 30 3
                                    

Poderia ser um absurdo ter marcado um encontro com uma mulher misteriosa que eu nunca havia visto na vida, nem ao menos sabia o nome... Ela poderia ser qualquer coisa. Uma psicopata, drogada, ou quem sabe, para a minha sorte, ninfomaníaca. Fazia tanto tempo que eu me nutria com alguns pornôs baratos que de vez em quando pensava que o meu "amigo" estava para enlouquecer devido à abstinência... Não só ele, claro. Porém, além do sexo e de outras coisas, eu estava realmente interessado em sair com ela. Não sabia se tinha sido pelo sorriso ou pela forte atração que sentira, mas estava quase morrendo de felicidade em saber que quinta-feira sairia com uma mulher interessante!

Ok, eu já tinha saído com várias mulheres, pois eu não era o que poderia ser considerado um homem nada atraente. Eu era bonito, pelo que minha mãe me dizia. Já sabia que nunca seria um Leonardo Di Caprio ou um Orlando Bloom, mas eu deveria ter certo charme... Tanto charme que só conseguira conquistar as mulheres mais estranhas. Desde a mulher que tinha dezenove gatos – que eu carinhosamente chamava de mulher-gato – até a estranha mulher obcecada por resolver todos os problemas ao seu redor – chamada carinhosamente por mim de Oprah. A última mulher "normal" com a qual eu tivera um encontro demonstrou ter uma ótima mente maquiavélica no final do jantar, pois queria sair do restaurante sem pagar e de sobra roubar os talheres.

E eu não sabia o que esperar da mulher-da-banca. Não sabia se ela era loira, morena, ruiva ou careca. Não sabia se os seus olhos eram azuis, verdes, castanhos ou se era vesga. Nem ao menos tinha noção da primeira letra do seu nome! E era tudo aquilo que estava tornando aquele encontro divertido e emocionante. Eu sabia que seria uma surpresa conhecê-la melhor... Mas não sabia que a surpresa seria tão grande.

No dia seguinte realizei todas as minhas coisas rotineiras em casa e parti para o trabalho. No meio do caminho, olhei direto para a banca, procurando a mulher-da-banca, mas ela não estava lá. Meio desanimado, me aproximei para comprar as mesmas partes do jornal de sempre e, por curiosidade, folheei a mesma revista que no dia anterior levara o inicio da minha conversa com ela... E foi ai que veio a "hora da surpresa" do meu filme.

Em fotos de alta qualidade, com um título que me fez cambalear para trás, olhei uma única página com cinco fotos da mesma mulher que eu tinha conversado, com a mesma mulher que eu sairia quinta-feira... E logo em cima, a manchete anunciava: Dulce Maria é flagrada andando pelas ruas de NY...

A mulher com o sobretudo, óculos e lenço era a Dulce Maria. Dulce Maria era a mulher que estava ao meu lado, comentando sobre cinema. Era a própria Dulce Maria que tinha dito que gostaria de sair comigo.

Dulce Maria, a beldade do cinema americano, latino, britânico, brasileiro, oriental... Dulce Maria, a bela ruiva que a cada dia que passava, ganhava mais e mais prestigio no tapete vermelho. Dulce Maria, a qual a vida deveria ser repleta de badalações e nada de pacato queria sair comigo. Christopher Uckermann, gerente de uma Blockbuster. Comigo!

Não consegui acreditar no que os meus olhos viam. Analisei cada pedaço das fotos, tentando encontrar algo que me provasse que não era ela, mas peguei uma das milhares de revistas em que ela estava na capa e comparei os traços do pequeno rosto delicado com os das fotos da revista da minha mão, e, por incrível que parecesse era mesmo ela.

"Se eu fosse famosa, sairia com um gerente de uma locadora."

Encontro por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora