Capítulo 28 - Anny

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Alessa



Desde o acidente eu tenho fingido. Tenho fingido que estou bem. Que pareço conformada com minha atual situação. Mas na verdade não estou. Estou começando a ficar em pânico. E se eu ficasse assim para sempre? Meu médico disse que era apenas temporário, mas ia depender de como eu reagia às fisioterapias. Mas eu estava tão desanimada. Tão cansada. E tudo era tão difícil para quem é deficiente. As calçadas, as lojas, para se locomover em geral preciso de mais ajuda do que normalmente e isso é terrível. Depender dos outros e ainda precisar deles. É angustiante.
Pensando nisso, tive uma ideia. Como meu trabalho com moda está de vento em popa, vou usar esse tempo livre para fazer algo grande. Genial.
- O que está pensando? – David fala assim que entra em meu quarto.
- Não bate mais não? – eu pergunto girando minha pulseira em meu pulso. Ele sorriu e se sentou em minha cama ao meu lado.
- Sua mãe disse que você não quis descer hoje – ele me fala em um tom acusatório.
- Não, não quero. Para quer o esforço se vou subir de novo? Prefiro poupar vocês. – David geme.
- Você quer para com isso, Alessa? Não é esforço para ninguém te ajudar! Quem ter falou isso? – Dou de ombros.
- Não precisam, David. Eu estou cansada de ficar presa a essa cadeira. Me sinto sufocada! – eu falo colocando as mãos no rosto.
- Quer parar de falar bobagens? – ele segura minha mão – Essa situação é apenas temporária, Alessa. Você tem a vida toda pela frente e não esqueça que a sua família toda te apoia.
- Sim, eu sei. É só que...
- Você precisa sair – ele se levanta e me pega no colo.
- Ei – falo quando ele se dirige para a porta comigo em seus braços – Minha cadeira!

- Vamos deixar ela aí por um instante – ele fala e desce comigo até os jardins. Ele me coloca gentilmente em um dos bancos de cimento e se senta ao meu lado.
Respiro um pouco de ar puro e aquilo me ajudar a me acalmar. David sempre sabia o que fazer quando eu estava perdendo a cabeça.
- Você está melhor? – ele me pergunta.
- Sim, obrigada – eu respiro fundo.
- Sabe o que você precisa? De uma distração – ele me fala.
- E eu já sei exatamente o que vou fazer com esse tempo livre – eu sorrio. Ele me olha de esguelha.
- Não me fale sobre viajar e esquiar e...
- Para, seu idiota – eu soco seu braço e ele sorri – Não é nada disso. Estava pensando nos deficientes. Que também estão passando por isso e que não tem a mesma sorte que eu. Que vai ficar preso numa cadeira para sempre.
- O que você está pensando? – ele parece interessado.
- Numa semana de desfile beneficente! Vou ligar para os meus contatos, fazer uma linha de outono nova e lançar em uma semana todos eles. E com o dinheiro eu irei financiar um projeto para pessoas paraplégicas. – David segurou minha mão.
- É uma brilhante ideia, Alessa. Por onde começamos? – ele sorri.
- Você irá me ajudar? Mas e seu trabalho? – eu pergunto a ele.
- Tirei umas férias. Anos e anos preso naquele escritório me rendeu um bom acumulo de tempo vago. Tenho que colocar em dia senão Sebastian terá problemas com a justiça.
- E você vai gastar seu tempo livre comigo? – Ele deu de ombros.
- Com o que mais eu gastaria? – ele sorri – Afinal, quando as mulheres ligam para me chamar pra sair você diz que sou seu marido e que você está invalida e grávida de 9 meses. – Eu sorrio culpada.
- Ei! Aquilo foi uma brincadeira. Além do mais, ela foi super mau educada comigo pelo telefone. E é problema dela se ela acreditou. – Ele revira os olhos.
- Tá, que seja.
- Enfim, mais tarde vou ligar para os meus contatos e verificar se eles podem me ajudar.

- E o que eu faço? – David pergunta.
- Hmm... por enquanto nada. Vou pensar no que eu irei precisar – eu falo pensando nas primeiras coisas urgentes que tenho de tratar.

Mais tarde ligo para meu irmão e nos encontramos num café perto de casa. David me deixa e vai visitar Josie. William parece muito mais feliz e radiante. Deve ter sido os três dias de sexo ininterrupto que eles tiveram.
- Como vão as coisas? Maite ainda pode andar? – eu pergunto a ele na maior cara de pau. Ele balança a cabeça.
- O que você quer? Não vou discutir sexo com você então pode ir mudando de assunto.
- Grosseiro. Quero apenas saber como vai tudo – eu falo.
- Muito bem – ele me responde – Agora que aquele infeliz está na cadeia eu estou mais despreocupado. Como você está? Fazendo as sessões de fisioterapia direito?
- E vocês deixam eu faltar por acaso? David praticamente dorme debaixo da minha cama para se certificar de que eu vá para as sessões. Nossa mãe do mesmo jeito e você liga para mim a cada meia hora, quando não está transando, claro. Alguém já falou que vocês dois parecem um casal de coelhos?
- Não vou discutir sexo com você, Alessa.
- Que seja. Bem, tudo está ótimo. Eu apenas preciso de sua ajuda e dos seus contatos para uma coisa.
- Que coisa?
- Vou promover uma semana de moda com os meus desenhos de outono para arrecadar fundos para os paraplégicos. – William sorri.
- É uma boa ideia. Conheço ótimas fundações que sempre precisam dessa ajuda.
- Então você vai me ajudar?
- Claro que sim. Deixa eu ligar para a minha secretária – ele pega o celular.
Sorrio para ele animada e abro meu notebook. Já havia falado com alguns estilistas amigos meus, porem o único problema era arranjar uma modelo. Todas que eles me mandaram pareciam tão vazias e inexpressivas. E eu precisava de uma totalmente diferente. Eu precisava de um destaque que cativasse a plateia. Alguém com carisma. Mas quem?
- Alessa! – ouço alguém gritando o meu nome e me tirando dos meus devaneios. Olho para cima e vejo Drake seguido de Josie. Ela estava vestida com um vestido floral e sorria enquanto acenava. Sorrio de volta.
Havia encontrado a minha modelo.

Você é Minha, PORRA! (Adaptação Levyrroni) { I Temporada }Onde histórias criam vida. Descubra agora