Apaixonados e anônimos (Romance Gay)

Capítulo 2

- Acorda, Breno! – minha mãe enche o saco.
- Hum. – não quero acordar, poxa.
- O Enzo está aí.
- Já estou indo.

Arrumei-me e desci.

- Oi, Enzo.
- Oi, Breno.
- O que houve? Que cara de medo é essa?
- Vamos lá fora conversar?
- Vamos.

Fui saindo sabendo que havia acontecido alguma coisa muito estranha. Os olhos dele estavam inchados, parecia que estava chorando há muito tempo. Sentamos na calçada na frente de casa.

- Fala, Enzo.
- Contei pra minha mãe que eu sou gay.
- E aí? Ela tentou te matar?
- Não. Ela...
- Te expulsou de casa?
- Não. Ela...
- Te agrediu? Você tá machucado?
- Não... É que...

- Meu Deus, fala logo!!

- Você vai me deixar falar ou vai continuar me interrompendo??
- Desculpa. Pode falar.
- OK - ele suspirou. - Ela me ouviu, e depois disse que já sabia. E que mãe sabe das coisas. E que ela vai me amar, acima de tudo e da minha orientação sexual.
- Nossa. E aí?
- Nos abraçamos e choramos juntos... Depois ela disse que eu posso contar com ela pro que precisar.
- Que lindo. Nunca imaginaria essa reação. Sua mãe parecia tão mente fechada.
- Eu também me surpreendi.

- E por que essa cara de que deu tudo ruim?

- Não é isso... É só o choque de ser assumido...
- bom... Agora você está bem?
- Parece que tirei várias toneladas das minhas costas.
- Que bom.
- Me dá um abraço?

Nessa hora eu não entendi muito. O Enzo nunca foi de distribuir abraços. Ele provavelmente estava realmente muito feliz.

- Lógico - nos abraçamos.
- Vamos ali na Raissa?
- Nem vou. Brigamos.
- Por quê?
- Coisas nossas.
- Ah, para, vamos lá.
- Vamos... Mas se ela me expulsar...

- Expulsa nada...

Atravessamos a rua.

- Chama ela, Enzo.
- RAISSAAA! – ele berrou.
- ENTRA!
- Vai lá Enzo e chama ela aqui pra mim, por favor.
- Tá, vou chamar.

Ela veio com uma expressão normal e sorrindo, parecia que nem havíamos discutido.

- Oi, Breno, por que você não entrou?
- Não, só vim pedir desculpas.
- Relaxa, tá desculpado. Entra aí.

Entrei. Vocês devem estar se questionando por que fui eu quem pediu desculpa. Mas essa é a Raissa, ela nunca está errada. Provavelmente, vocês também são ou conhecem alguém assim. Eu só evito mais discussão à toa. Então passamos à tarde, os três jogando conversa fora, falando sobre o Enzo ter se assumido e rindo da Raissa imitando todo mundo. Até a hora que o celular dela tocou.

- Alô? Ela mesma. Huuum, como você tá? - não dava pra ouvir a outra pessoa no celular. Estou bem tb. Hoje? Beleza, que horas? Eu levo o povo sim.
Valeu. Beijos.
- Que era Raissa?
- A Helô... Fomos convidados para uma festa na casa de uma amiga dela hoje. Vamos?
- Eu vou... você vai, Breno?
- Vou chamar a Shay, se ela for eu vou sim.
- Quem vai tá lá, Raissa?
- Ai, Enzo, as amigas dela e a gente. Provavelmente, a Ana também vá.
- Huum. Que horas eu passo aqui?
- Nove horas. Se você for, você vai passar aqui também, né, Breno?
- Passo sim.
- Então vamos embora Breno, tenho que pensar em uma roupa.
- Vamos, Enzo.

Fomos embora, quando cheguei, deitei e liguei para Shay.

- Shay?
- Oi, amor.
- Vamos numa festa hoje à noite?
- Vamos, sim. Que horas?
- Nove horas... passa aqui?
- Passo.
- Tá bom então, amor.
- Tá. Te amo.
- Também te amo. Tchau.
- Tchau.

À noite, a Shay chegou adiantada como sempre e ficou no quarto me esperando ficar pronto. Saímos as nove, a Ana já estava na frente da casa da Raissa e estava linda. O Enzo também chegou e a Raissa já estava saindo de casa, com vestido e salto. Sempre que ela queria ficar com alguma menina, ela se arrumava, porque no dia-a-dia ela vivia de qualquer jeito.

- Vamos, gente? - disse a Ana.
- Vamos. Nossa, vocês estão muito bonitos, hein?
- Ai, Raissa e quando estamos feios? - rimos.
- Quando estamos bêbados, ou seja... - rimos mais ainda.

Ninguém imaginava, mas era após aquela festa que tudo realmente iria mudar. A partir de agora, irei contar os fatos como aconteceram ou como me contaram. Talvez nem todos os fatos sejam expostos aqui. Mas tudo o que sei, dividirei com vocês. Inclusive a minha parte nisso tudo.