lugar nenhum

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TRILHO SONORA: LIKE TO BE YOU - SHAWN MENDES FEAT. JULIA MICHAELS

Finalmente a turma toda estava reunida. Era uma mesa de jantar enorme que de alguma maneira se tornara pequena demais para nós. Lucas estava na minha frente, somente um vaso de flor impedia nosso contato visual, o que me deixou pouquíssima coisa mais tranquila. Conversamos sobre tudo, e o bom de estar com meus amigos é que em momentos como esse até parecia que nossa amizade não tinha defeito algum.

Conversamos e comemos, cantamos "parabéns" para o Tiago, e, Anne, especificamente, abraçou ele umas três vezes durante o almoço. Eu não sei se estranhava, se perguntava algo para ela ou se simplesmente ignorava, e é claro que eu decidi ignorar porque aquele tipo de preocupação não me atraía muito.

- Pessoal! Quem quiser sorvete, vem pegar, porque é claro que eu não vou fazer o sorvete de ninguém - Lucas gritou e todo mundo gritou e riu ao mesmo tempo em resposta à preguiça que tanto ele quanto Tiago sempre demonstravam para fazer qualquer coisa.

- Pra variar, não é? - Beatrice falou e inaugurou o pote de sorvete, pegando mais do que devia.

Eu esperei todos se servirem, e reparei que Lucas fazia o mesmo. Por mais que não fosse de propósito, no final de tudo a gente sempre acabava ficando cara a cara, só nós dois.

Peguei uma taça, igual a todos, e reparei que Lucas estava fazendo uma taça tão bem feita para ele mesmo que jurei que ele tinha feito uma espécie de curso preparatório ou coisa parecida.

Tente ignorar e focar em duas enormes bolas de sorvete na minha taça, mas como tinha que acontecer, ele rompeu o silêncio quando eu estava a um segundo de colocar a primeira bola de sorvete no copo:

- Ei - eu olhei para ele sem mexer um músculo a mais. - Me empresta. - ele pegou a taça da minha mão e devolveu a bola de sorvete para o pote.

Lucas conseguia ser uma "caixinha de surpresas" de vez em quando, mas naquele momento, ele realmente me surpreendeu. Ele pegou a calda de chocolate e espalhou por toda a taça, depois fez o mesmo com as caldas dos outros sabores, criando uma camada doce que mais tarde o sorvete iria atropelar. Depois, colocou duas bolas de sorvete que pareciam ter sido completamente sistematizadas. Por último, cobriu com mais calda de chocolate, antes de me entregar.
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- Obrigada - arqueei as sobrancelhas e ele riu da minha reação.

- Não precisa estranhar, lá nos Estados Unidos eu e o meu pai comprávamos bastante sorvete e era uma terapia para mim - ele falou.

- País de primeiro mundo e você comprando sorvete para fazer terapia em casa? - perguntei e ele riu com uma expressão confusa.

- Uau, Lucas! Foi você que fez? - Anne perguntou se aproximando, encarando o meu sorvete e o sorvete dele, que estavam iguais aparentemente.

- Pois é, o panda tirou uma folga - ele piscou para mim e eu sorri somente com os lábios, em um gesto completamente involuntário. Tudo em mim estava sendo completamente involuntário ultimamente.

- Bem que podia fazer um pra mim - ela falou com uma expressão cansada.

- É que a pausa já acabou, sinto muito - ele tapou os potes de sorvete abertos.

- Você é bem malvado - Anne choramingou. Mas... Ela não estava falando com ele como falava antes ou era impressão minha?

- Um pouco - ele sujou o nariz dela com sorvete e saiu da cozinha com sua taça nas mãos.

MOONLIGHTWhere stories live. Discover now