Capítulo 2 • SUN-HEE

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Por inmoon36

Revisoras: _meninadojardim e Kesey_ecc


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- Você fecha sozinha? - Karen pergunta exausta por volta de umas duas ou três da manhã, se referindo ao restaurante que hoje tinha sido uma bagunça só devido a quantidade absurda de clientes.

- Sim, pode ir pra casa. Eu tenho que terminar de rever esse contrato da distribuidora. - Lhe mostro a papelada que tinha que entregar pela manhã com um tom triste, suspirando por ser tão descuidada. - Eu devia ter revisado isso hoje, mas... Passei o dia presa na cozinha. Talvez, Arthur tenha razão, eu estou focando demais no trabalho de chef e me esquecendo de que também sou a proprietária.

- Sunny, você se cobra demais. - Vejo-a se aproximar de mim com um sorriso compreensivo, apenas para tocar em meu ombro de leve. - Você se esforça muito para que tudo aqui dê certo. Todos nós somos imensamente gratos por isso e te admiramos mais do que você pensa. Nada seria igual se você nos trocasse por papeladas e números, chef. - Com aquilo, sou obrigada a colocar meus óculos de leitura na cabeça, sorrindo e me virando para observá-la melhor.

Karen era uma das mulheres mais bonitas que eu já tinha visto em toda a minha vida. Com um sorriso enorme, traços firmes e a pele morena, ela tinha de tudo para abalar os corações britânicos por aí. Era engraçado vê-la com seu cabelo solto, cheio de cachos e um undercut de lado, enquanto que ela passava a maior parte do tempo com ele preso e sem os enormes brincos coloridos que eram sua marca registrada.

- Jamais vou conseguir entender como você passa a noite de turbante e depois seu cabelo sai maravilhoso assim. - Comento admirada e ajeitando seus cachos perfeitos, fazendo-a rir baixinho. - Obrigada pelo suporte, sério. Não sei o que seria de mim sem você... Mas, agora, vá pra casa. E cuidado com o trânsito, okay?

- Sim, senhora, pode deixar. Boa noite, chef, até amanhã.

Karen toma todo o cuidado do mundo para sair o mais silenciosamente possível do meu escritório, cuja única iluminação era o abajur em minha mesa, mas, antes de sair, ela resolve parar apenas para cobrir Leon mais um pouco no sofá com a manta que eu sempre deixava na minha sala, justamente para ocasiões como estas que, infelizmente, eram mais frequentes do que eu gostaria que fossem.

Um dos grandes problemas de ser mãe solteira é que não se pode deixar o filhote largado por aí em qualquer canto e, ao mesmo tempo, não se pode descuidar do trabalho. Afinal, sem trabalho, não há dinheiro. E sem dinheiro é "adeus presente de natal do filhote" e "adeus contas pagas antes do vencimento".

Muitas vezes eu tinha de trazer o Leo comigo para o restaurante (onde ele, desde pequeno, se mostrou absurdamente curioso a respeito) e, querendo ou não, essa era uma boa maneira de vigiá-lo enquanto conciliava minha vida profissional, tudo ao mesmo tempo.

O que, de todo modo, não era uma tarefa simples ou menos trabalhosa. Experimente corrigir uma lição de matemática enquanto há uma fila de garçons impacientes e pratos atrasados, você provavelmente vai gritar à cozinha por "quatro laranjas divididas por três meninas" e escrever no livro escolar "ovo mollet perfeito na mesa cinco".

Apago o abajur depois de ver meu menino se revirando no sofá, pego os contratos, uma caneta e saio do escritório para me sentar em uma das bancadas da cozinha. Me empenho em prestar o máximo de atenção em cada detalhe ali, na esperança de terminar tudo rapidamente e poder dar a Leon uma noite decente de sono.

Leon • Kim NamjoonWhere stories live. Discover now