XXIV. O Acampamento Blackwolf

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Os cavalos roubados mantiveram o ritmo do trote mesmo com quilômetros de distância entre mim e a prisão. Adam e eu nos embrenhamos na floresta e o convenci a seguir os outros prisioneiros libertos que também escolheram aquela trilha.

Dianna continuava conosco, mas ninguém ali reduziu a velocidade até que a prisão já não pudesse ser vista, ouvida ou sequer sentida.

— Finalmente alguma coisa está dando certo.- Adam levantou os braços, esticando a coluna sobre o tronco do cavalo ao olhar a floresta iluminada pelo sol. Obviamente estava aliviado.- Como isso é raro, considerando a nossa falta de sorte.

Soltei uma gargalhada maliciosa.

— E ainda assim decidiu invadir uma fortaleza altamente protegida.

— Achei que o universo poderia ser minimamente misericordioso, depois de tudo que fizeram com você.- Adam argumentou.- Precisava buscar você daquele lugar.

Movi a cabeça e segurei mais firme as rédeas do cavalo quando ele deu um passo à frente e mudou as patas em que se apoiava.

— Fico feliz que minha liberdade o agrade, mas eu não confiaria na misericórdia do destino ou de qualquer entidade, religiosa ou não, para garantir proteção.- Eu o alertei.- Fé nenhuma vai nos salvar agora.

Dianna parecia insegura sobre a égua que montava, mas sabia que logo ela se acostumaria àquilo, era só uma questão de mudar os hábitos de cavalgar de lado como as mulheres faziam. Ela tinha que se acostumar.

— Eu preciso agradecê-los por me tirarem de lá.- Dianna nos interrompeu, ainda que de forma constrangida.- Principalmente você, Saphira.

—Não precisa nos agradecer. - dispensei-a com um gesto de minhas mãos. - Eu fiz o que achava certo. Não podia te deixar lá.

—Podia sim, mas não deixou. -insistiu. - Então preciso retribuir de alguma forma. Não posso fazer muita coisa por enquanto, mas podem me chamar para qualquer coisa que quiserem. Por agora, sei de um lugar que vocês podem estar em segurança, se for necessário. Vá para oeste, seguindo sempre nesta direção pela floresta, vão encontrar um acampamento.

— Que tipo de acampamento?

— Totalmente seguro.- A bruxa me assegurou.- É uma espécie de refúgio secreto para licantropes. Permitem a entrada de qualquer um que não vá causar problemas. Minha mãe um dia foi chamada lá para curar um lobo ferido. Eu fui junto, conheço o lugar, mas o importante é que agora eles têm uma dívida com a minha família.

— Acha que vão aceitar entrarmos lá assim tão fácil?

— As regras que seguem são bastante simples. Quando um lobisomem decide se juntar ao acampamento, permitem.- Ela explicou, dando de ombros, como se não fosse nada demais.- Diga-lhes que Dianna James os mandou até lá. Vão ajuda-los no que precisarem.

A informação com certeza vinha em boa hora. Se eu pudesse conversar com o alfa daquele acampamento, talvez teria alguém que soubesse sobre os planos de Romckpay e desse um jeito de impedi-los. E mesmo que não o fizesse, era bom que outras comunidades de criaturas das sombras soubessem do que vinha acontecendo para possivelmente ter a chance de decidir o que fazer.

— O acampamento, é muito longe?

—Não muito, acho. -ela pensou.- Umas 5 horas a cavalo. Provavelmente.

—Obrigada, Dianna. -agradeci com sinceridade. - Isso pode mesmo ser útil.

—Não há de quê.-a garota sorriu. - Agora eu preciso ir. Vou pra casa, graças a vocês. Minha mãe deve estar esperando por mim. Obrigada por tudo e boa sorte, Saphira.

A Caçadora da Meia-Noite Where stories live. Discover now