1. Não chama minha irmã de gatinha

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Renata Silva

Vesti minha camisa do Brasil e junto com ela veio todo o entusiasmo para a copa. Confesso, eu estava desanimada depois do 7x1. Mas assim que vi todo aquele estádio cantando o hino à capela, foi como se todas as derrotas tivessem sido deletadas da história e o orgulho brasileiro tomou conta de mim.

Meu orgulho não durou por muito tempo. Foi só ver a rede do brasil chacoalhar que me sentei e prometi que não ia mais levantar naquele jogo.

Vai tomar no cu. É isso que dá colocar goleiro ruim. Leva gol logo na estréia. Se fosse o cássio a gente tinha ganhado o jogo, pois ali não iria passar nem ar.

Voltei no ônibus junto com a seleção emburrada. Aquele ônibus gigante deixava que a família do capitão viajasse junto com os jogadores, e por mim, eu ia de van. Mas não fui.

Belle e minha mãe estavam sentadas na frente. Meu pai estava mais ao fundo, perto de Marcelo, e os dois dormiam.

Eu estava sentada ao lado de Thiago, com muita preguiça de ao menos fazer contato visual com qualquer pessoa ali. Eles estavam ouvindo pagode no maior volume e isso já estava me irritando.

— Da pra abaixar essa merda? Tô com dor de cabeça — gritei.

— Calma gatinha, sem estresse — disse Alisson com um tom de deboche.

— Não chama minha irmã de gatinha — Escutei Thiago dizer bravo e ri. A música abaixou e sorri satisfeita. Voltei a mexer no celular.

Escutei eles falarem sobre algum post novo de crítica, e fui ler.

"Como eu havia dito esses dias, Alisson e Frango são a mesma coisa.
Nada vai mudar minha opinião.
O ataque que se prepare pra fazer muito gol, afinal a gente vai precisar virar o jogo muitas vezes se quisermos ao menos chegar na final."

Publicado em verdadesfutebol

— Ta sem moral Alisson, os caras não gostam mesmo de você — escutei Philippe dizer.

— É tudo questão de tempo até a gente ser a seleção que menos levou gol — Disse Alisson e rolei os olhos. Ele se achava demais.

"Vamos ser a seleção que menos levou gol pois seremos eliminados rápido" pensei alto, e quando me dei conta, eles haviam escutado.

— Pessimista do caralho, cala a boca —Disse Alisson novamente. Quem ele pensa que é pra me mandar calar a boca? Vou dar um soco na dele pra ver se ele para de falar bosta.

— Eu quero ver quem é que vai fazer eu calar a boca — disse cruzando os braços.

— Não fala assim com a minha irmã, não precisa ser grosso.

— Thiago é o advogado oficial da Renata né — disse Neymar.

— Ah vão se ferrar e me deixem em paz — me levantei e me sentei o mais longe possível deles, junto ao meu pai, que estava dormindo.

Chegamos no hotel e para minha sorte, eu estava com fome, então iria primeiro passar no café e comer algo. Estava tarde, e não queria dormir com fome.

Pedi um negócio que parecia ser gostoso, parecia um salgado.

Era horrível.

Quase vomitei quando comi. Fiquei indignada e decidi que iria matar minha fome na base do refrigerante. Queria tanto um Big Mac.

Joguei aquele protótipo de salgado no lixo e fui em direção ao elevador. Ri da minha cara quando entrei e vi minha situação no espelho. A cara toda borrada de verde e amarelo. A camisa do Brasil toda amassada, e uma bandeira nas costas.

Me assustei muito quando vi alguém quase ser fechado na porta do elevador. E quando vi quem era, lamentei por o elevador ter deixado ele entrar.

— Que ótima companhia.

— Fale por você — Eu disse cruzando os braços.

— Por que é tão rude comigo rena?

— Eu não te dei liberdade pra me chamar pelo meu apelido — resmunguei e Alisson encostou nos botões do elevador, o que fez diversos andares serem "solicitados" — Parabéns, você não consegue fazer nada certo?

— Você fica linda emburrada.

— Para de me chavecar seu escroto. Você namora.

Alisson riu e abaixou a cabeça. Ainda estávamos no terceiro andar graças a inteligência dele.

— Tá ficando em qual andar? — Ele perguntou.

— Sétimo.

— Eu também. Que coincidência linda, acho que é o destino.

— Por que você não vai tomar no seu cu? Sua namorada sabe que você dá em cima das irmãs dos seus amigos? — Percebi que Alisson mordeu seu lábio inferior. Meu nojo por ele só aumentava.

— Calma Rena, não fiz nada — Eu amava meu apelido. Mas odiava quando ele pronunciava. Me causava repugnância.

— Já disse pra não me chamar de Rena.

O elevador abriu no sétimo e eu desci rapidamente. Estava nervosa e muito brava com o que acabara de acontecer. Que cara sem noção.

Entrei no meu quarto e fui direto para o banho, tirar toda aquela parte torcedora de mim.

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naked • alisson beckerWhere stories live. Discover now