As Cartas que nunca lerás

My sunflower will never die

'Baby can I stay a while, it's hard to say goodbye when I'm leaving, let me inside, dim down the lights'

Querido Henry,

O despertador está prestes a tocar. A noite passada foi um verdadeiro pesadelo para mim. Deitada na minha cama, a única coisa que eu consigo pensar é em ti. Tem sido uma luta diária à procura do foco para a minha vida. Tudo em mim deseja que tu desapareças do meu pensamento. Encontrar a paz nunca foi tão difícil.

Naquele tempo, eu posso dizer que te amava de uma maneira bonita e simples. Amava te de uma forma que a própria palavra amar não consegue descrever. Era algo superior, indescritível por palavras. Às vezes, sentia que transbordava amor por ti.
Importava me contigo como não me importava comigo. Queria o teu bem antes de querer o meu. Mas sinto que isso não foi o suficiente, e hoje, o amor que sinto por ti está ao lado de um sentimento muito amargo, a mágoa.

Sinto mágoa. Uma dor psicológica infernal que tira-me o sono. Um aperto no coração que faz com que escorram lágrimas enquanto o meu olhar permanece fixo no teto do meu quarto. O sentimento de quê, por mais que te ame, por mais que te deseje de todas as forças que possuo, nunca será recíproco. Dói. Muito.

Uma vez disseste que a minha cabeça era um lugar muito perigoso e que se não fosse inteligente poderia perder-me facilmente nos pensamentos dela. É tão verdade. Sinto me perdida. O que se passa dentro da minha cabeça sempre foi um enigma intrigante que, infelizmente, só tu conseguias resolver. A vida tem me ensinado que vou ter que aprender a viver com ele.

Todos os dias uma luta para não te procurar. Para não saber como estás, como tens andado. Para não te dizer que morro de saudades dos tempos onde tudo era tão belo e ingénuo para mim. Tu olhavas para o nosso amor como uma rosa, algo que consistia em aparências, que sustentava os clichês e que todos admiravam. Eu olhava para o nosso amor como um girassol. Algo tão simples e tão perfeito. Verdadeiro e natural, cheio de vida. Que alimentava a alma e que dava vida. Sentia-me viva. Hoje já não tenho tantas certezas.

É horrível olhar à minha volta e ver que os meus amigos procuram um amor novo a cada dia que passa. Alguém para o momento. É horrível ver que tu também procuras algo assim, enquanto eu só te procurava a ti. A cada dia que passava.

Nos últimos dias tenho pensado muito numa coisa, que é tão engraçada pelo simples facto de ser tão contraditória. Às vezes, dou por mim a ler na internet todas aquelas postagens apelativas e sedutoras sobre como devemos dar valor quando encontramos uma mulher que nos ame, que queira estar ao nosso lado para tudo e que esteja lá para nós tanto para os desejos mentais como físicos. Eles dizem "dêem valor a mulheres assim". Tu sempre adoraste essas frases. Dizias que quando encontrasses alguém assim irias dar valor. Não deste. Tu tiveste tudo de mim e em troca eu recebi um redondo nada e uma enorme desilusão. Não tinhas muito a oferecer e eu só queria uma coisa tão simples, o teu amor, e nem isso foste capaz de dar-mo. O meu girassol ainda vive mim, enquanto o teu nunca chegou a brotar.