44 - Na sala da casa de Margot

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- Eu juro que não sei como tu me convences a fazer essas coisas, Vitória. – Fala Margot, abrindo a porta do elevador no quarto andar do prédio onde mora. O corredor estreito, de ladrilhos vermelhos, leva à uma porta pintada com tinta óleo branca, já amarelada pelo tempo.

- Você queria que eu fizesse o quê? Hoje é quinta-feira. A gente merece um pouquinho de diversão. E afinal de contas foi só um happy hour bem divertido com duas amigas colocando a conversa em dia.

- A gente se fala todo dia, toda hora e todo instante, Vitória. Mais em dia do que a nossa conversa, impossível. – Fala Margot abrindo a porta do apartamento.

- Tem uma coisinha que eu ainda não sei e que você não quis me contar.

- O que é?

- O que você e o Pedro tem tanto em comum para que até os céus estejam conspirando para que vocês se encontrem tanto? – Brinca Vitória se jogando no sofá da sala do apartamento de Margot.

- Deixa de ser ridícula, Vitória. Não tem céu nenhum conspirando pra que a gente se encontre tanto.

- Claro que tem. Só você que não quer ver.

- Na verdade eu estou até com receio, porque não sei onde essa estória vai dar. E isso me assusta.

- Tã-tã-tarã... Tã-tã-tarã... – Cantarola, Vitória, a marcha nupcial. – Eu sei!

- Tô falando sério, amiga. As coisas estão acontecendo muito rapidamente e isso me deixa sem saber onde estou pisando.

- Boba! Teu problema é exatamente esse. Essa tua vontade de querer controlar tudo. E se não for para teres o controle da situação?

- Eu não sou controladora.

- Claro que és! – Responde Vitória sorrindo. – Qual foi a última vez que te deixastes levar. Seguistes sem saber exatamente tudo o que iria acontecer.

- Hoje à noite quando saí contigo.

- Deixa de conversa. – Responde Vitória jogando uma almofada em Margot. – Eu te chamei pra sair. Mas tu definiste o local, a hora de chegada, a hora da saída, como a gente ia, como a gente ia voltar, o que a gente ia comer, o que a gente ia beber e se a gente ia poder conversar com algum rapaz que estivesse paquerando a gente.

- Eu não queria sair pra paquerar, Vitória. Eu queria sair pra relaxar um pouco. Só isso.

- Claro que não ias querer paquerar. Já estás de paquera com o Pedro.

- Não. Não estou.

- Tá certo! Me engana que eu gosto.

- Tô falando sério, Vitória. Não tinha por que te mentir. Tem alguma coisa que fez essa ligação entre nós dois. Mas eu, realmente, não sei o que é. E algumas vezes eu chego a ficar assustada pensando no que pode ser.

- Ih... Não tô gostando do rumo dessa conversa.

- Não tem por que se assustar. Mas é algo que eu não sei mesmo o que pode ser nem onde vai chegar. – Margot se levanta do sofá se vira pra Vitória e complementa. - Mas vamos nos preparar pra dormir que amanhã ainda é dia de trabalho e a gente vai ter um dia cheio no escritório.

- Ai... nem me fala. Vou dormir aqui mesmo no sofá, tá?

- Tem certeza? Não tem problema nenhum dividir a cama contigo.

- Tu roncas. Prefiro dormir aqui. – Responde Vitória sorrindo.

- Deixa de graça. – Reclama Margot, rindo.

- Tô brincando. É que eu quero assistir um pouco de TV antes de dormir. Fica tranquila que eu vou ficar bem.

- Ok. Qualquer coisa é só chamar. Tu já sabes onde encontrar tudo por aqui.

- Pode ficar tranquila, mamãe. Eu sei me virar.

- Gracinha. Beijos! – Fala Margot caminhando em direção ao quarto.


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