Eu te amo

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  Essa é apenas a forma como imaginei a primeira noite desses dois...
 
  Boa leitura!

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  A melodia calma embala os enamorados de um lado para o outro da humilde oficina. Envoltos na harmonia que transborda pela agulha da vitrola, deixando o ambiente agradável e dando-lhes a sensação da utópica proteção que tanto desejam.

  Naquele pequeno ambiente controlado, dançando como um casal comum, eles se vêem livres dos olhares maldosos e dos preconceitos, esse fardo simplesmente desaparece de seus ombros. Até mesmo a parcela de suas próprias consciências, onde fora enraizado o conceito de que seu amor é errado, se cala.

  Ali, com os braços ao redor da pessoa mais importante para si, sentindo suas respirações se mesclarem e o rosto do outro colado ao seu, Otávio se da conta de que, em toda sua vida, nunca esteve feliz quanto nesse momento.

  Como é lindo! Pensa ele, analisando cada detalhe do outro. E como sou um bobo apaixonado! Completa para si, girando o parceiro a medida em que os acordes se alavancam, deixando a melodia mais agitada.

  Seu braço se estende, guiando-o e por um leve deslize suas mãos escapam, o obrigando a evolve-lo pela cintura para reaproximar seus corpos. O movimento faz as costas de Luccino colidirem com o peitoral do Major, que o abraça descansando o queixo sobre o ombro largo do mais baixo.

  Tão perto do amado, Otávio se permite analisar melhor o agradável contraste do cabelo negro com a pele bronzeada, observando os pelos da nuca do mecânico se arrepiarem ao contato de sua respiração. Contente com as respostas a seus toques, ele roça os lábios pela extensão do pescoço a sua mercê, subindo até o lóbulo da orelha, onde deposita uma inofensiva mordida.

  Luccino sente a respiração falhar por conta do ato ousado, pousando as mãos sobre as do capitão, que jazem imóveis em seu peitoral. Virando o rosto na intenção de fitar as encantadoras íris de um marrom intenso, exibe seu maior sorriso, que pertence só e somente ao Major.

  - Se continuar a me desconcentrar dessa forma vou acabar pisando em seu pés, ou caindo - intervém, perdendo-se no olhar profundo do outro. Sua voz entrecortada pelos suspiros descontrolados.

  - Não vou deixá-lo cair, pode confiar em mim - pontua Otávio, descendo beijos estalados por sua jugular. Os batimentos cardíacos bombeiam o sangue com voracidade pela artéria, proporcionando um leve pulsar sobre os lábios macios.

  Após o primeiro beijo, Luccino se pegou questionando como a boca do Major poderia ser tão aveludada e toca-lo de forma tão singela, afinal, tudo em Otávio é ligeiramente grosseiro, seus dedos, a carne das bochechas cuja pele é marcada pelas incontáveis lutas da navalhas contra a barba, até mesmo sua personalidade é coberta por uma camada de aspereza. Mas seus lábios, eles não, neles se concentram todo e qualquer vislumbre de sutileza que o homem contém e eles pertencem apenas ao italiano.

  - Que passos de dança são esses? - sussurra o Pricelli, deixando um gemido abafado escapar.

  - Eles pertencem a uma coreografia destinada aos realmente apaixonados. E agora que ganhei seus beijos - começa o militar, com um olhar que nivela, hora seus lábios, horas seus olhos - Temo desejar muito mais de seu adorável contato, meu amor.

  Ele pontua a palavra amor como se, em todos os momentos em que havia pronunciado antes, apenas agora desse a ela o real valor e entendimento devidos.

  Ao final da frase, sela seus lábios com os de Luccino, o nervosismo descendo por sua garganta como um gole de água extremamente gelado, queimando o caminho do esôfago até a base de seu estômago. A necessidade de mais contato faz o mecânico virar-se, colando seu corpo ao de Otávio e intensificando o beijo.

Dançando no escuro - Lutávio Where stories live. Discover now