Um.

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O ar da Transilvânia continua quente. Os dias são todos iguais. Mas não sou infeliz. 

Acordo com Pit e Dumbo, meus gatinhos, ronronando ao meu lado. Abro as janelas, sinto o ar invadir meus pulmões. Os pássaros cantam no meu pé de laranja. Mais um dia se incia... 

Podem pensar, uma velha qualquer, numa casa qualquer, fazendo qualquer coisa, mas não. 
Meu nome é Jay, tenho 67 anos e moro sozinha. Marido? Ahhh minha filha, já tive vários, concluí-se que a ideia não deu certo visando minha situação atual. Filhos? Emily, 27 anos, casada e mora longe de mim, mantemos contato por telefone, nada muito frequente. 
Aqui em casa, somos eu, Pit, Bumbo e o Rain, meu fusquinha. 
Eu e Rain andamos pela cidade todas as manhãs e fins de tarde, vendendo leite e queijo para a vizinhança. 

A vida foi boa comigo, cada fio branco de minha cabeça é uma história pra contar. 
Antes daqui, eu morava em um castelo na Dinamarca, trabalhando de cozinheira para o povoado. Eu juro, juradinho, que via ninfas e fadas pelos cantos do telhado do castelo, bem ás 3:00am da madrugada, quando a garganta gritava por um gole d'água, eu levantava, e lá estavam elas, com barulhinhos agudos, e assim que notavam minha presença PUFF sumiam. 
No dia seguinte, nenhuma de minhas companheiras acreditavam em minhas palavras. Tudo bem... eu sabia que era real. Certa vez, até cheguei a sentir o toque de algo animalesco em meus calcanhares ao tomar banho, isso não contei á ninguém. Preferi ficar com a história das doces fadinhas. Mas eu tenho certeza, essas coisas existem. 

Agora, levo uma vida normal, até aquele dia... Eu preciso contar pra vocês. 

As Damas Da NoiteWhere stories live. Discover now