Ritmo

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Nas lojas pessoas entram e saem, entram e saem

E nas ruas os carros vêm e vão, vêm e vão,

Enquanto os semáforos piscam incessantes:

Vermelho, amarelo, verde, vermelho, amarelo...

E as pessoas correm, o ritmo corre, o sol corre, o tempo corre.

Meu deus! Tudo vai tão rápido!

E então um acidente, e a polícia chega, e logo a ambulância,

Então a guarda de trânsito e antes disso tudo um bando de gente:

Pessoas que, para registrar tudo, interrompem-se um pouco:

a pressa esvaindo-se num olhar curioso.

Mas é rápido e tudo volta: a cidade corre, nada para,

Logo que as vidas se vão e descansam no acidente,

Ou são encaminhadas para o hospital: para correr pela vida,

O carro é retirado e a cidade volta, anda, corre, pisca.

Vai, mais rápido, buzinas, urros, discussões,

"É só três reais p'ra senhora, freguesa"

"Eu faço menos, madame"

E a cidade corre, e a noite chega, à tristeza e quase contragosto de todos.

A maioria vai para casa, a cidade ganha um ritmo moroso e triste

Como que esquecida pelo tempo, mas é a casa dos poucos

Dos lascivos: a madrugada é o tempo dos que não podem amanhecer.

RitmoWhere stories live. Discover now