one percent

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viva mais um dia, nana! ontem foi difícil, e eu sei disso, obrigado por não desistir. 1% ainda é 1%, e você não deixou de acreditar nele.

.

no dia anterior, jaemin havia chegado em casa todo sorridente pelo dez que tirou em história. mostraria para sua mãe para fazer com que a mesma se orgulhasse, ao menos uma vez. isso se ela não estivesse aos gritos quando o menino pisou o pé para dentro de casa.

intrigado com o porquê da mulher de meia-idade estar tão infurecida, jaemin relutantemente perguntou o que a chateava. e então, ao receber em resposta quatro palavras seguidas logo após de seu nome completo, nana congelou.

"eu vi tudo aquilo, na jaemin." foi o que ela disse. jaemin se perguntava o que diabos ela havia visto. mas, dada a sua situação e de todas as coisas que ele escondia, qualquer coisa de que sua mãe tomasse conhecimento por completo era de arrepiar todos os seus fios de cabelo.

"aquilo o quê?" foi o que rapidamente escapou de seus lábios.

"seu celular. você o esqueceu em casa hoje e eu vi tudo. estou decepcionada com você."

aquilo era o suficiente para fazer jaemin desabar em algumas tímidas lágrimas. intermináveis perguntas bombardeavam sem dó sua mente. sua mãe havia descoberto que era gay? que mantinha uma paixão secreta pelo vizinho que era tão amado pela família? o coraçãozinho de nana contorceu-se por inteiro em pura angústia e medo. enquanto o menino estava lá, em pé, no meio da sala, estático, olhando para os olhos de sua mãe carregados da mais profunda tristeza que já pôde existir naqueles olhos que antes tão lindamente cintilavam, como estrelas.

"me desculpe." disse juntando as últimas forças que tinha e correu para seu quarto quase que tropeçando nos degraus da escada. observou seu celular que tranquilamente repousava sobre sua cômoda e perguntou a si mesmo como pudera deixar isso acontecer. não planejava contar a seus pais sobre sua sexualidade tão cedo, dada a homofobia extrema dos mais velhos. ele não estava preparado ainda para um choque desses, era um adolescente, uma criança de coração.

jaemin só podia confiar em renjun.

[19:28 p.m.] you:
1%, renjun.

[19:30 p.m.] my injun uwu:
ainda é 1%, não é?

depois de contar tudo o que aconteceu para renjun, nana sentiu-se um pouco mais leve. por mais que o medo de ser expulso de casa deixasse seu coração aflito, o na sabia que podia contar com injunie, não importando a situação.

hoje, em frente ao seu armário azul assim como todos os outros do corredor, jaemin fitava o post-it cor de rosa colado com fita adesiva de forma desleixada, quase que caindo. "isso é mesmo a cara do renjun.", disse e sorriu. abriu seu armário e deparou-se com um saquinho de rolinhos de canela; seus favoritos desde que se entendia por gente. junto a ele, um outro post-it, dessa vez verde. "eu sei que você fugiu pela janela hoje com medo do seu pai e não almoçou. faça bom proveito destes, fiz com amor."

nana sorriu mínimo. brilhou mesmo assim.

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