Capítulo 01 - Prologue

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O FIM de tarde deixara o céu belamente arroxeado. Em seu quarto, estava uma jovem de longos cabelos castanhos e profundos olhos de cor café. Deitada em sua cama, ela estava absorvida em um livro. O exemplar possuía uma aveludada capa vermelha, com as escritas "Labirinto", em dourado, na capa também estava "Escrito por S. Williams".

O nome da jovem? Aurora. À beira de seus vinte e dois anos, ela era responsável pela antiga casa de seus pais e cuidava de seu levado e pequeno irmão, Harry. Há três anos ela perdera seus pais, regressando ao seu triste estado de órfã.

Aurora havia sido adotada pelos Alfords quando tinha apenas oito anos. Os Alfords acreditavam não poder ter filhos, o que fora desmentido após cinco anos, quando a Sra. Kathe Alford - de trinta e dois anos -, passou por uma gravidez de risco, ela deu à luz ao pequeno Harry Alford, por quem Aurora nutre um amor incondicional, - apesar das constantes discussões, naturais entre irmãos.

No andar inferior, Harry entrou correndo em casa com um foguete de brinquedo sob o braço, suas roupas estavam imundas, com marcas de terra e lama. Atrás dele, um rapaz alto de curtos cabelos castanhos segurou a porta de madeira - pintada de branco - e entrou fechando-a em seguida.

Aurora ouviu o baque da porta contra a parede, suspirou fechando o livro e colocou-o no criado-mudo, levantou-se e se espreguiçou. Uma vez que seu olhar transpassou pelo quarto ela avistou que uma coruja-de-celeiro branca a observava de um galho de uma árvore próxima à sua varanda.

Uma bela coruja, com orbes negros como os de uma boneca, ela sempre aparecia ali durante a noite. Algumas vezes, - por já estar acostumada com a presença emplumada -, a jovem deixava as portas de vidro abertas durante a noite, mesmo com o frio, que estranhamente não a afetava. Ela caminhou até a varanda e debruçou-se sobre o resguardo.

"Ave estranha, por quê sempre vem? Não há nada de interessante aqui para você, mas pensando bem, até gosto da sua companhia.", Lentamente estendeu o pulso na direção da pomposa ave que empoleirou-se e passou a mão alva por suas penas mescladas acariciando-a calmamente.

Subitamente ouviu os passos apressados de Harry subindo alguns degraus da escada e logo em seguida seu grito infantil:

"Aure! Cheguei!", Berrou o garotinho alegremente. Aurora fechou os olhos apertando-os com força, sua fronte latejava, aquele não havia sido um bom dia. Ela encarou a coruja.

"Bom, parece que tenho que ir, até mais.", Anunciou erguendo o pulso para que a ave se posicionasse para o vôo.

"Acho que acabei de atingir um novo nível de insanidade, afinal, quantas pessoas conversam com uma coruja?", pensou Aurora. A coruja bateu asas planando pelo veludo marinho, noite adentro.

Aurora desceu as escadas e avistou Harry comendo um sanduíche sentado preguiçosamente no sofá. Oliver - o jovem rapaz que entrara acompanhando o pequeno Harry -, estava parado encostado ao pé da escada, com os braços cruzados mirando o assoalho com o olhar desfocado. Ele vestia um suéter sem mangas com gola em 'V' vermelho por cima de uma camisa de mangas branca, calças jeans, botas marrons de tecido e uma mochila de couro a tiracolo. Oliver Farlow era o mais perfeito exemplo de um tímido jovem prodígio.

"Boa noite, Harry.", Falou alegremente a castanha, Oliver virou-se com os olhos pardos cintilantes, sorrindo timidamente.

"Olá, Oliver!", proferiu sorridente a jovem moça, descendo apressadamente as escadas.

Por uma fração de segundo, Aurora pisou em falso e seu corpo despencou até atingir a figura franzina de Oliver. Ambos rolaram brevemente pelo chão recém limpo de madeira. Quando pararam de rolar, - parando em uma posição parcialmente comprometedora -, Oliver - que estava ligeiramente esmagado pelo corpo de Aurora - ergueu a face rosada encarando os orbes desnorteados da castanha.

The Magic Of Time [Em Rescrita]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora