Barracão

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Lá fora a chuva fina e fria cai sem som
Aqui dentro do barracão
Só se pode ouvir
O som das máquinas
Abafado pelos protetores auriculares
E gritos inaudíveis
De pessoas que tentam
Aguentar mais uma hora.

Pela fresta do portão
Eu vejo as luzes dos refletores
Refletindo nas poças d'água
Que formaram por todo o chão
E a leve brisa entra,
Enche os meu pulmões
Me faz por um momento
Não estar mais ali
Mas sim na varanda
Quilómetros de distância
Onde mora a dona do meu riso leve.

Volto para o barracão
Como quem acorda de um sonho
A máquina deu alto estalo
Uma engrenagem pegou na outra
Me trouxe para o tempo presente
Chuva lá fora
E chuva aqui dentro
Não por metafísica
Mas o telhado é velho
E está cheio de goteiras.

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