23h07

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"Você prometeu à si mesma que seria divertido." Isa lembrava a cada minuto que passava dentro daquele estabelecimento exageradamente lotado e colorido. Cada suspiro que ela soltava era de puro desconforto e desespero para sair dali. Claro, onde ela estava com a cabeça quando pensou em deixar-se convencer pelos motivos de suas amigas para ela ir até aquele lugar? Nada de legal acontecia, e quando acontecia, não era com ela.

Izzy já tinha pegado metade dos caras daquela balada, e agora dançava junto com Renan, outro melhor-amigo de Isa, na pista de dança. Ela utilizava uma técnica que Isa conhecia bem e que servia para afastar o macho quando ele está interessado em você, mas você não está interessada nele. Funcionava na maioria, mesmo que Isa achasse aquilo algo extremamente desnecessário. Pois era triste quando se pensava o porquê de toda aquela ideia ter surgido. E saber que o principal motivo é a "masculinidade bruta" falando alto, fazia Isa querer pegar imediatamente uma tesoura e cortar o pênis de todos os machos da festa, gritando "morte ao pênis!" com todo orgulho do mundo.

Infelizmente, Isa gostava de pênis. Ou seja, do que adiantaria todo aquele ódio?

Bem, até que não tanto. Pois, felizmente, ela era pansexual.

Outra coisa icônica que acontecia ali era Ana, que acabou bebendo mais do que podia, e conheceu Mark e Yoongi, dois garotos que se interessaram por ela e um pelo outro, acabando por terminar a noite de Ana com muita diversão e pegada threesome dentro da balada.

E Isa? Desde que entrou naquela balada, Isabella não levantava daquele sofá sujo e que cheirava a suor e vodka. Podia observar toda sua noite de "diversão" se esvaindo junto com sua vontade de permanecer viva até o fim da noite. Realmente, um episódio do Chaves valeria mil vezes mais do que ficar como vela em uma festa e não conseguir se sentir dentro do clima.

Haveria sensação pior do que se sentir deslocado? Para Isa, que mesmo acostumada, aquilo parecia mil vezes pior do que a bad profunda que sentia antes em seu apartamento.

Depois de gastar a sua última vida no jogo do celular, e ter bebido seu terceiro copo de bebida leve, ela sentiu um corpo se recostar nela, e bastou virar-se para encontrar um casal de mulheres quase se comendo, bem do seu lado.

Isa relutou quanto perguntar se poderia participar da pegação, já que fazia quase um mês que não beijava na boca. Aquela parecia estar sendo uma de suas piores secas - adicionando que ela havia terminado um relacionamento, o que já piorava as coisas em um nível dobrado. Mas ela preferiu levantar e ir no banheiro, pensando se permanecia mais alguns minutos naquele lugar barulhento ou chamava algum táxi e dava adeus para sua sextada.

Após ter terminado o que tinha de fazer no banheiro, Isabella olhou ao redor, vendo ninguém, e aproximou-se do espelho. Olhou cada detalhe daquela mulher refletida no objeto brilhante. Ninguém mentia quando se dizia que Isa era bonita, porque ela era. E gostava de deixar bem claro o seu amor próprio que tantas pessoas gostariam de ter. Era admirável como alguém poderia ser tão girlfriend material como ela, agindo somente daquele jeito adorável dela de ser. Uma pessoa engraçada, inteligente, que sabia manter uma boa conversa, e conseguir conquistar o coração de alguém com uma extrema facilidade. Aquela era Isabella. A única e incrível Isabella.

"Sinceramente, como ele teve coragem de me trocar por aquela peituda falsificada da Jihyo?", pensou Isa, admirando-se no espelho.

- Quer saber? Eu sou muito mais gostosa do que a Jihyo. Olha pra esse corpo... - Segurou os peitos e a bunda - única parte em que odiava em si mesma, já que alegava não ter nenhum músculo na parte traseira para chamar de bumbum - e observava-se de forma sedutora. Ela vestia um vestido preto com detalhes em vermelho, não muito vulgar, mas de um modelo que a deixava atraente. E a maquiagem com o cabelo ondulado completava tudo. Isa estava o que sua avó diria de "um pedaço". Ela se sentiu bem assim, vendo uma parte de tudo o que ela poderia mostrar para o mundo de si mesma.

- Devo concordar com você. - Isa imediatamente ajeitou-se, encolhendo os ombros e cruzando os braços sobre o peito.

Assustada, foi ver quem havia dito aquilo. E surpreendeu-se, com uma vontade absurda de bater no cara que a observava agora.

- O que você está fazendo aqui? É proibido homens entrarem no banheiro feminino!

- Eu sei. - Deu de ombros, fazendo um bico no mesmo momento. - Mas não se pode impedir um predador quando ele está em sua área de caça.

Isa nunca sentiu tanto nojo assim na vida. Resolveu que sairia daquela balada o quanto antes, longe daquele macho nojento e longe de todos aqueles sentimentos horríveis que a preenchiam agora. Empurrou o cara para o canto, correndo fora do banheiro e caminhando apressada e sem rumo pela balada, que agora, estava se enchendo com casais de todos os tipos na hora da "dança dos casais". Enxergou a saída alguns metros longe, e quando correu até ela, tropeçou no pé de alguém.

- Filho da puta, olha onde pisa! - Xingou, atirada no chão e com uma leve dor no joelho.

- Eu que digo isso, e você deve tomar cuidado com o que diz. - Uma mão se estendeu à ela, e um homem asiático aproximou-se de Isabella.

Ao ver de quem era aquela mão lhe estendendo ajuda e quem era o rapaz, Isa sentiu o coração tamborilar dentro do peito, como se nunca tivesse batido antes daquele jeito por alguém.

O rapaz era extremamente bonito, e sua voz... Porra, Isa poderia ouvir aquela voz todos os dias e nunca enjoaria - tinha vezes que ela enjoava até de sua própria voz. Tudo naquele cara gritava charme, desde o formato de sua boca - que Isa teve vontade de beijar naquele instante em que reparou nela - até o seu olhar delicado e preciso.

Isa não saberia descrever todos os sentimentos. Os que conseguia, ela descreveria como surpresa. Os ainda em processo, ela chamava como "causas da atração sexual".

- Ah... Desculpe. - Isa falou, aceitando a mão do rapaz bonito.

- Tudo bem, você também não tem culpa. - Sorriu levemente para descontrair, e Isa sentiu uma vontade absurda de roubar aquele sorriso para ela ali mesmo.

Ambos ficaram quietos por uns segundos, sem saber o que dizer. Os casais já se formavam e a música mudava de ritmo. E tudo o que o cérebro de Isa conseguia processar era na situação constrangedora que se enfiou, e em como a vontade de beijar aquela boca crescia mais e mais.

- Você... - O rapaz tossiu, afastando-se um pouco e apontando na direção à uma bancada onde faziam alguns drinks. - Você quer beber alguma coisa? Sabe, vai ficar estranho se continuarmos aqui na pista, e tal.

- Entendo. - Isa assentiu, caminhando junto do rapaz até a bancada, esquecendo de tudo. Da real razão para estar ali, dos problemas em que passava atualmente, e até do cara nojento que encontrou no banheiro.

E pela primeira vez, Isa sentiu um resquício de esperança no meio daquele caos todo.

one night [⭐] jackisaOnde histórias criam vida. Descubra agora