three

200 37 2
                                    

sem revisão

______________________________________________

O dia estava chuvoso; as nuvens cinzentas cobriam a maior parte do céu. As pessoas vestiam-se com suas roupas de frio e como sempre, Sana caminhava em direção ao café. Ultimamente, tentava mudar o seu percurso, pegando atalhos mais curtos ou até mesmo becos e longas ruas que chegariam ao mesmo destino. Desta vez não foi diferente.

As gotículas de água que caíra sobre o seu guarda chuva eram impressionantes para si, já que sentia-se como uma criança sempre quando acontecia "algo" divertido à sua volta; era uma perfeita distração para não conseguir notar Tzuyu quase ao seu lado. Fez um bico ao ver a última gota cair no chão e não se formar outra. Olhou ao redor por puro instinto e ergueu ambas as sobrancelhas assustada. Era perceptível que a maior não tinha notado em sua existência tão perto e por conta disso, Sana animou-se um pouco. A mesma perdera a conta de quantas vezes havia acontecido coisas boas consigo só naquela semana.

Preferiu esconder-se atrás do guarda chuva, tendo a ciência que não daria nada certo. E foi isso que aconteceu; altos gritos escandalosos eram emitidos no meio da rua. As pessoas paravam para observar o que acontecia. Nunca imaginou que faria a tolice de molhar alguém apenas para não ser vista.

— Me desculpe, me desculpe, me desculpe. — Sana repetia várias vezes sem pausa alguma.

— Olha para onde anda, garota! Você poderia fazer coisa pior se não prestar mais atenção.

Sana sentia-se envergonhada, não por estar recebendo tal reclamação, mas por todas as pessoas estarem presenciando aquilo. O que seria de si?

Sentiu alguém posicionando-se ao seu lado e preferiu ficar de cabeça baixa, por conta da enorme vergonha que tem passado. Respirava fundo várias vezes, tentando tomar controle da situação, porém, não conseguia ouvir nada, além dos barulhos de carro.

— Ela não fez por mal. Minhas sinceras desculpas por isso. Da próxima vez, tenho a total certeza que tomará mais cuidado e mais atenção.

Curvou-se, olhando a mulher afastar-se e tocou no ombro da menor. A voz lhe soava familiar, o jeito também, mesmo não tendo coragem de olhar para frente ou para os lados.

— Sana, não tem problema sentir vergonha dessas coisas. Todos nós já passamos situações parecidas. Vamos? As pessoas já estão começando a nos encarar e isso assusta.

Ergueu a cabeça para olhar a garota que estava ao seu lado. Surpreendeu-se ao se deparar com Tzuyu; gostava bastante deste lado protetor da mesma, desde o último acidente consigo. 

— Obrigada, Tzuyu. Você sempre aparece nos momentos que eu mais preciso.

Ambas caminharam pela calçada. Sana olhava para os lados e às vezes para ela, a mesma coisa acontecia com a outra. O silêncio tomava conta do espaço e desta vez, sentiam-se confortáveis com isso. A japonesa sorria sem parar ao lembrar dos mínimos momentos que passou com Tzuyu. E Tzuyu, bom, continuava andando, passando a observar as flores e decorações ao seu redor.

— Chaeyoung me chamou para ir ao café com ela. Você quer ir conosco? Acho que ela não se incomodaria.

Sana semi cerrou os olhos, encarando o chão, tentando entrar em qualquer outro pensamento para não pensar coisas ruins à respeito disso.

Sana?

Ouviu seu nome e tinha quase a certeza que era a terceira vez que a mais nova chamava-a. Balançou a cabeça, expulsando todos os pensamentos que não faziam bem para si. Olhou sorrateiramente para Tzuyu, desviando o olhar para qualquer coisa.

— T-tudo bem! Pode ir com ela. Às vezes eu gosto do silêncio e caminhar sozinha.

Tudo que conseguia sair da boca da menor eram mentiras. Sana não gostava de sair sozinha. Não gostava do silêncio. Não gostava de ser trocada por amigas do trabalho. Mas não poderia dirigir nem uma palavra sequer, pois seria tomada como 'estranha'.

— Tem certeza? — Perguntou mais uma vez, até receber um sorriso. — Okay, então. Se precisar de alguma coisa, sabe onde me encontrar. Até mais, unnie.

Observou a mais nova mudar de caminho e suspirou. Não imaginava que ocorreria tantas coisas que a decepcionaria num dia que pensou que tudo daria certo. Talvez Sana tivesse que se acostumar com o fato de que nunca iria criar um laço a mais com Tzuyu e continuaria naquele vínculo de amizade para sempre.

Andou lentamente pelas ruas vazias, sem esperança alguma. A chuva cessou e deu espaço ao sol, tornando a sua manhã ainda pior, pois não gostava de se queimar e não tinha passado nem ao menos um protetor solar. Que dia horrível.

Coffe; SatzuWhere stories live. Discover now