— Eu sei que você tem consciência de que eu estava nervoso nesse dia, mas não sei se tem noção de como foi tudo antes de eu fazer. Espero que isso esclareça tudo, porque eu vou te mostrar tudo. — Engoli em seco antes de voltar a me concentrar, focando na minha lembrança mais claramente.
"Estou nervoso. Sério, parece que vou pedir o garoto em casamento ou algo assim, mas nem em namoro é. Faz um tempo que quero fazer algo para Hoseok e agradecer por tudo que ele já me proporcionou, mas sinceramente estou perdido.
Já pedi conselhos a mil pessoas, minha indecisão é o que fode a minha cabeça e eu nunca sei o que é melhor, mesmo que eu tenha as intenções mais puras.
Não me leve a mal, é difícil. Eu gostaria de fazer tudo certo e a única coisa que tenho de certo em minha mente é que irei prender aqueles cadeados na ponte, em Paris.
Sim, Paris. Hoseok me levou para prendermos a fitinha lá e me disse aquelas coisas, e sinceramente, eu não poderia estar mais pronto. Eu definitivamente quero ser dele, meu coração deseja isso de forma pura.
Por fim, eu acabei improvisando. Sim, eu sou idiota o suficiente para isso, mas confiei que meu coração iria me guiar e que o amor que Jung sente por mim ofuscaria um pouco minhas falhas.
É, eu tenho problemas de autoconfiança.
Fui para casa, tomei um banho quente e esperei. Sim, eu esperei. Esperei a coragem vir à medida que pensava desesperadanente, até que me fui.
Fui com medo, mas fui.
Eu não me considero uma pessoa boa fazendo surpresas, mas eu me esforço, de fato.
Levar Hoseok para Carcassonne não era esforço, eu já havia feito isso antes, sempre que o faço tenho a intenção de que a pessoa me conheça melhor.
Entretanto, o resto das ideias surgiram lá, devo uma à minha cidade natal.
Pedi para que ele arrumasse uma mala, coisa rápida, e logo fomos para lá. Eu sei o quão bela a França pode ser, assim como ele, afinal, veio de Paris.
Porém, foi naquele vale, encarando o Castelo que parecia radiante à luz do Sol, que tive minha ideia.
Aquele Castelo tem muitas histórias, muitos segredos. Não é aberto ao público, pelo menos não essas partes de que falo. Contudo, tenho meus contatos.
Direitos, na verdade. Posso ir e vir por aquele lugar e não há problema algum, digamos que eu tenha meus truques na manga, apesar de ser um bruxo, não um mágico.
Eu estava ansioso, é, ansioso de mostrar tudo àquele homem. Também estava com medo, muito medo.
Eu sempre me considerei um homem defeituoso, não que isso fosse ruim, afinal, todos temos defeitos. Não poderia negar meus demônios nem que pusesse um cobertor por cima de meu corpo e fechasse os olhos ao cantar canções de ninar, não funciona assim.
Devo enfrentá-los, conviver com eles. É assim que deve ser, e após centenas de anos eu ainda estou aprendendo.
Me considero forte, porém nunca imbatível. É certo que não existe ser algum que nunca pode ser vencido, se desconsiderar Deus e o Diabo, alguns até mesmo só podem se abalar por esses dois, mas podem.
É complicado admitir isso, que sim, eu sou fraco por muitas vezes, e apesar de não querer que Hoseok visse esse lado, quero que me conheça por completo.
Quero ser transparente para ele, sem enigmas. Sem jogos. Apenas quero que me conheça de verdade e possa saber quão verdadeiro sou em meus sentimentos para com ele.
