Dopamina

XV

Tudo começou com a loucura e o caos constante que nossa vida era, em meio de perdas e dores nos encontramos. Um dia duvidei que seria feliz novamente e bem, você me proporcionou essa felicidade de volta.

Começamos de um jeito errado, em meio de sujeiras e mentiras, estávamos vivendo um amor proibido. Era como se eu estivesse assinando minha própria sentença de morte.

Oh querida, me lembro de todas as nossas loucuras, e de todas as suas promessas. Você prometeu que sempre estaria aqui.

Estou em meio de um colapso, não consigo fugir, pois eu não quero.

Lembro-me exatamente de todas as coisas que você disse, e isso nunca saiu da minha cabeça, você entrou em meu corpo, e acabou esquecendo que eu habitava dentro dele. Você acabou com todas as minhas forças, e simplesmente começou a me deixar. 

Onde foi que eu errei? Será que eu errei? Eu não consigo entender isso.

Você estava aqui, você estava lá, você estava em todos os lugares.

Mas cadê você agora? Eu preciso tanto de você, necessito de suas palavras confortantes.

Droga, eu faria de tudo para ter você aqui. 

Um dia você me disse que estaria em todos os lugares que eu estivesse, não importava o quão longe estivéssemos um do outro, você estaria aqui. 

Eu não queria que você me deixasse, você me deixou.

Não queria que você fosse embora, e você se foi.

Querida, você tinhas um jeito só seu, era único, e você sabia o quanto eu o amava. Eu te amei como você é, e amaria você de mil formas diferentes.

A bebida desceu queimando em minha garganta, meu olhar não conseguia focar em nada. Porque todas às vezes que tentava focar em algo, você vinha em minha mente. Eu sorrio pois me lembro dos melhores momentos que tivemos juntos. 

Estou sentado no chão de mármore do meu quarto, recuso-me em pegar as nossas polaroid, iria doer, e como doeria ver nossas fotos. Ver o seu sorriso me doía, lembrar do seu sorriso era como um tormento.

Afinal, você não sorri mais para mim. 

Suas palavras são como sussurros que não saem da minha cabeça.

Você costumava me dizer que pessoas não magoam e que não sentem nada. Mas isso foi um erro seu, eu sinto e sinto muito.

Será que um dia eu aprenderia a não me magoar ou apenas não sentir nada?

Olhei para a minha garrafa de vodka, mais um gole e a mesma vai estar seca, eu tento me manter firme, mas toda vez que suas doces lembranças invadem meu pensamento, eu não consigo ser firme.

Levanto e ando até a sacada do meu quarto, seguro a garrafa de vodka em minha mão, e tento achar maneiras para não virar a mesma. Eu precisava me manter firme, queria ficar lúcido o suficiente, e tentar seguir em frente.

Olho para o céu, hoje a madrugada está bonita, várias estrelas iluminam o céu, e mas uma vez meus pensamentos vão até você. 

Oh querida, você amava o céu, e amava mais ainda quando o mesmo encontrava-se iluminado pelas estrelas.

Minha memória adorava me deixar fraco com nossas lembranças, eu poderia ser firme e não beber o licor amargo que tem na garrafa, mas era impossível, manter-me sóbrio me levaria até você. Eu sempre iria lembrar de você.

Uma risada invade os meus pensamentos, eu ria da situação que me encontrava, ria por ter aceitado que sou um fracasso de pessoa. E ri porque aceitei que perdi você.

Dei um grande gole em minha bebida, a mesma desceu rasgando toda a minha alma, assim como você fez quando me deixou.

Queria tragar o meu cigarro, mas a única coisa que eu tragava era as nossas lembranças.

Você foi o meu maior vício, e me jogou na beira do inferno.