Pra Sempre (Romance Lésbico)

Eduarda - 12

- Meninos, pelo amor de Santa Lady Gaga!!!! - Grito tentando me fazer ouvir no meio da bagunça deles.

- Mamãe, a tia da escola disse que não existe uma santa Lady Gaga. - Lara finalmente me dá ouvidos.

- A tia da escola não entende de pop, então. Vocês vão terminar de se arrumar pra irmos pro sítio ou vai ser difícil? - Clarice me deixou com a praticamente impossível tarefa de fazer os três arrumarem as malas. É claro que ela sabia que eu iria sofrer.

- Minhas malas estão prontas! Mas eu não vou passar o fim de semana inteiro com a rainha do castelo cor de rosa nem fodendo! - Estela se pronuncia.

- Cale a boca! Já disse pra não chamar a minha namorada dessa forma! - Lucas rebate.

-EU JÁ DISSE PROS DOIS PARAREM COM ISSO! Estela, por favor, respeite a namorada do seu irmão. Lucas, não foi assim que eu te ensinei a conversar com as pessoas, pare de ser estúpido com a Estela.

Pronto! Os dois de cara amarrada. E a Lara está dançando balé pela casa como se não tivesse nada a ver com ninguém nessa casa. PERFEITO!

- Larinha, que ótimo que está pronta. Agora pode parar de girar. Lucas, acho bom que sua namorada não fique ofendendo a minha filha, você pode não se importar com as grosserias dela e nem defender a sua irmã, o que eu acho muito feio da sua parte, mas não aceitarei na minha casa que minha estrela seja agredida por ciúmes idiotas da Malu.

- A Malu não agride a Estela. Ela que é sensível demais! - Lucas defende a víbora mirim.

- Você vai ver a sensível quando eu jogar a fodida pros jacarés! - Estela responde ríspida.

- NINGUÉM VAI JOGAR NINGUÉM PROS JACARÉS! Estela, não gosto que use esse tipo de palavreado na frente da Lara, já lhe disse mais de uma vez. Vá colocar uma nota no pote dos palavrões. - É claro que a ideia do pote é da Clarice. Eu não faria isso. - E Lucas, não dá pra defender o indefensável. A Malu trata sua irmã como lixo e você precisa parar isso ou ela não viaja mais conosco. Já basta termos a tirado de casa.

-Me proíbe de namorar de vez, porra! Que inferno! Eu que não vou pra caralho de viajem nenhuma mais! - Ele explode.

- Castigo! Seu quarto! Não iremos mais discutir. Você ficará o fim de semana em casa, então. E sem aquela criatura vir aqui. Sua avó vai ficar com você. E eu vou descontar as notas desse tanto de palavrão da sua mesada. - digo saindo do sério. Lucas está terrível.

Após a briga quase apocalíptica, ligo para minha sogra que se dispõe a levar Lucas para sua casa no fim de semana. Claro que eu preferia que meu filho fosse conosco, mas a vida tem sido bem mais difícil com dois adolescentes em casa.

- Cacau, Lucas não irá conosco. Eu tentei, amor. Mas seu filho está cada dia mais difícil depois que começou a namorar a capeta - Desabafo com a minha esposa por telefone, já que ela está no sítio nos aguardando.

- Mas a ideia de virmos passar o fim de semana aqui não era justamente para unir os dois? - Clarice pergunta o óbvio.

- Una você, os dois! Lucas está impossível, amor. Ele não me escuta. Gritou um monte de palavrão. Disse até que preferimos a Estela. Eu não sei mais o que fazer. - Digo completamente em desespero. Ninguém avisou que seria tão difícil ser mãe. 

- Traga o Lucas, o castigo vai ser ficar sem a namoradinha no sítio, onde eu "acidentalmente", quebrei o moden de internet. - Clarice diz com aquela risada sarcástica que eu adoro. É, talvez seja legal ser mãe rsrs.

- Ótimo!

Desligo o telefone, aviso minha adorável - cof cof - sogra que ela não vai precisar conhecer o inferno e enfio os três a força no carro.

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A viagem de carro foi absurdamente tranquila. Lara e eu cantamos loucamente enquanto fingimos que os dois adolescentes brigões não existiam. Por sua vez, Lucas ficou com o fone de ouvido a viagem toda nos ignorando de volta. E a vitória do dia foi a Estela simplesmente esquecer que é uma jovenzinha revoltada e cantar com a gente. Lucas revirou os olhos pra isso, o que quer dizer que ele nos ouvia.

- Mãe, por favor, me diz que você não vai me proibir de falar com a Malu. - Lucas implora ao saltar do carro.

- BOA TARDE MEUS AMORES!!!! - A rainha da animação grita ao nos ver. Acho que minha esposa usa drogas.  - Antes de todos entrarem, quero que todos coloquem os celulares na caixinha. Esse é o tempo da família, eu preparei muita coisa legal pra fazer e eu não quero ninguém perdido na internet.

- EU SOU MEDICA! - Eu

- EU PRECISO FALAR COM A MALU! - Lucas

- Eu não tenho celular, mamãe - Lara

- Eu não me importo. Toma essa Joça. - Estela.

- Sem reclamações! Eu quero os celulares, eu sei que você não tem Lara, isso é com os outros. - Clarice pontua colocando ordem. Eu amo essa mulher!

Depois de todos os celulares na caixinha, entramos com um Lucas ainda mais revoltado e uma Estela muito feliz pro meu gosto. Clarice havia nos feito um lanche maravilhoso para compensar as horas de viagem. Completo silêncio a mesa. Lucas se recusa a falar conosco.
Fim do lanche, todos pros seus devidos quartos descansar. A noite teremos fogueira.

- Amor, eu estou tão cansada! - Clarice diz se jogando na cama.

- Fazer todos esses lanches deve ter te esgotado mesmo. - digo ignorando o problema real.

- Você sabe que não é isso. Eu não sei mais o que podemos fazer pra melhorar a situação com o Lucas. Ele não enxerga, ou finge não ver, o que é pior, as coisas que a namorada faz. E a Estela é tão... Eu não sei mais o que fazer, Dud's. Eu não posso ser uma mãe tão ruim, eu sou?  - minha esposa diz entre lágrimas.

- É claro que não, Cacau! Você é maravilhosa em tudo o que faz, uma mãe tão dedicada que me enche de orgulho. - Respondo a puxando pro meu colo e afagando seus cabelos do jeito que eu sei que a acalma. - Acontece que eles são adolescentes. E eu não sei você, mas eu também era terrível nessa época. O Lucas está apaixonado e isso o deixa cego. Não quero me meter na relação deles, mas é claro que não é algo saudável. Estou preocupada com isso também. Quem sabe esse fim de semana para nos unir não ajude? - digo esperançosa.

- Eu espero muito que dê certo. Não aguento mais viver numa casa com tanta gritaria.

- Nem eu, meu amor.

Nos abraçamos e ficamos ali, entregues, nos cuidando. Nos permitindo um segundo de paz. Qualquer deus que possa nos ver sabe o quanto precisamos.