Capítulo III: Dylan, Parte I

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3:30- sábado, junho de 2017. Era aniversário de namoro meu e da Stella. Seis meses, após todas as suas sacanagens que tive de aguentar, eu ainda amava ela e haviam esperanças de ela mudar. Estava me preparando para nos encontrarmos, já tinha feito reserva num restaurante próximo do centro. Saí de casa, chamei um táxi, dentro do táxi, liguei para ela, ela não atendeu, esperei cinco minutos, tentei ligar novamente, mas só caia na caixa postal. Mandei mensagem, mas ela não havia recebido. Após uns 40 minutos eu havia chegado na casa da Stella.
- trinta reais- disse o motorista
Abri minha carteira, retirei uma nota de cinquenta reais, paguei a corrida, e desci do carro, caminhei até a entrada da casa de Stella, toquei a campainha. Após três minutos esperando alguém abrir a porta, sua mãe, Janet, havia atendido.
- Olá Dylan, entre- disse Janet- o que veio fazer aqui?- perguntou dando espaço para mim poder entrar.
- vim buscar Stella, ela está?- perguntei me sentando em uma poltrona que havia ali na sala de estar de sua casa- hoje é nosso aniversário, estamos fazendo seis meses- expliquei- prometi a ela que viria hoje aqui.
- ela não me disse nada sobre isso!- exclamou Janet.
- mas, como assim?- perguntei, não acreditando no que estava acontecendo.
- ela não me disse sobre nada que iria sair com você, ela somente disse que iria na casa de uma amiga, Jessie- explicou Janet.
- ok, obrigado- agradeci - diga a ela que eu passei aqui.
- digo sim - disse Janet.
Então me virei e fui até a porta, abri, e caminhei para fora da casa, onde atravessei a rua e peguei um táxi para a casa de Jessie. No caminho, verifiquei se a mensagem havia chegado, e vi que Stella havia recebido, mas não visualizou, assim resolvi tentar ligar para ela, e não obtive muito sucesso, novamente caiu na caixa postal. Ao chegar na casa de Jessie, desci do carro, e pedi para o motorista manter o mesmo ligado. Caminhei até a porta e toquei a campainha.
- oi... Dylan, o que faz aqui- Jessie perguntou.
- Stella está aí?- perguntei.
- não, ela não me disse nada sobre vir aqui- respondeu Jessie intrigada - porquê?
- eu combinei com Stella de sairmos hoje, já que hoje estamos fazendo meses de namoro- expliquei.
- sim estou sabendo- disse Jessie.
Então agradeci, e fui embora para casa, no táxi que havia contratado.
Em casa tive a ideia de ir até a casa do meu melhor amigo, Thomas, liguei para ele, e para minha surpresa, ele também não atendia o telefone, também não recebia mensagens.

Será que...

Logo, peguei as chaves do carro do meu pai, corri até a garagem, dei partida no carro, e fui diretamente para a casa de Thomas. Chegando lá notei algo estranho, ninguém havia atendido a porta, seus pais deveriam ter saído, mas percebi a porta da frente semiaberta, logo, entrei e vasculhei os cômodos do andar térreo, na sala, havia vestígio de festa, ou algo do tipo, uma caixa de pizza, aberta, com dois pedaços restantes, e dois copos de vidro, parcialmente vazios, de algo que parecia uísque ou coisa assim. Um dos copos tinha marca de batom rosa, parecido com o de Stella. Contudo, virei me para a escada, e hesitei em subir, com medo de encontrar algo que partiria meu coração, mas tomei coragem, e comecei a subir lentamente.
Conforme ia subindo, pude ouvir uns gemidos altos, femininos, juntos deles algumas palavras como: "vai" "isso" "gostoso", entre elas, palavras de baixo calão. Todas vinham do quarto de Thomas, com um tom feminino, igual iguais a voz de Stella.
Minhas pernas ficaram bambas, ao olhar aquela cena, o que eu temia ser, aqueles gemidos, eram Stella e Thomas, os dois alí, no quarto de Thomas, juntos, transando, bem alí. Não suportei mais ver aquela cena na minha frente, meu coração se partiu, me senti burro por ter acreditado que ela me amava. Mas era falso amor. Ao olhar para o lado, Thomas me viu alí, parado feito estátua, observando aquela cena, de frente para a entrada do quarto de Thomas, automaticamente, Thomas deu um salto, e correu para um canto onde tinha uma toalha branca, enrolou a toalha em volta de sua cintura e Stella se enrolou nos lençóis. Eu abalado com tudo aquilo, saí correndo o mais rápido possível, pelo corredor em direção às escadas, logo atrás veio Thomas e Stella.
- eu, espera, não é nada daquilo que você estava pensando, era só uma brincadeira, com você!- exclamou Thomas, eu somente desci as escadas e fui para o jardim da frente da casa. Thomas agarrou meu braço, pedindo para mim ficar ouvir ele, hesitei em parar, mas Stella me convenceu a olhar para trás, para saber qual seria a desculpa dela agora.
- Stella, acabou, você acha o que? Que sou cego, que aquilo foi uma ilusão?- gritei, sentindo a raiva tomar conta de todo o meu corpo. - eu vi, você transando com esse... Esse filho da puta! Fingiu ser meu amigo, para quê? Foder com a minha namorada? Aliás, ex, ex namorada, acabou Stella, essa foi a última sacanagem que você fez comigo, de todas, essa foi a pior, logo eu, que fiquei do seu lado, aturando todas as suas sacanagens, Stella, não tem mais "eu e você"- desabafei, tudo que havia dentro de mim, a partir daquele momento, senti um alívio, um prazer, ao dizer tudo aquilo, consegui me esvaziar, tudo, que sentia e senti durante seis meses. Caminhei até o carro, abri a porta, entrei, dei partida, e fui embora. O modo que arranquei o carro, fez com que as rodas patinassem no solo, deixando a marcas de pneu no chão.
Estacionei o carro em frente de casa, desci, e entrei em casa, fui direto tomar banho, me esvaziar daquilo que havia acontecido. Saí do banho fui até o quarto, deitei na cama e dormi. Acordei assustado, aquela lembrança, havia virado pesadelo, eu havia sonhado com aquilo, e como se não pudesse correr daquele quarto, onde Stella e Thomas transavam, olhando para mim, com sorrisos sarcásticos, meus olhos ardiam como lava, em meus pés, parece que tinha cola, que não me deixava escapar daquela tortura. Ao acordar, fui até o banheiro que tinha em meu quarto, lavei meu rosto e voltei para a cama. Sem sono, peguei meu celular, e entrei em meu friendsbook, não havia nenhuma mensagem ou notificação importante, aproveitei, e bloqueei Stella e Thomas, queria eles tendo contato comigo, eu poderia perdoá-los no futuro. Num futuro distante. As horas se passaram, ainda sem sono, e entediado, vesti uma roupa, e fui dar uma volta na rua, era por volta das 23:00 horas, haviam algumas pessoas na praça, mas ninguém familiar, comecei a caminhar, enquanto caminhava, observei algumas garotas sentadas num banco, percebi alguns olhares sobre mim, um deles me deu uma "piscadinha" que retribuí com um sorriso largo, porém falso, eu ainda estava mal com o que havia acontecido mais cedo. Alguns minutos depois, um garoto, baixo, branco, de cabelos penteados com um topete para cima. O garoto usava um óculos quadrado, preto, que dava um charme a ele, mas algo chamou muito a minha atenção, o que é difícil, ainda se tratando de um garoto. Com uma pequena distração, acabamos  esbarrando um no outro.
- desculpa- o garoto se descupou-se rapidamente. Pude notar que seu rosto corou na hora, eu dei- lhe um sorriso largo, fazendo com que ele ficasse ainda mais com vergonha.
- foi nada não- respondi, ele olhou e sorriu, ainda envergonhado. Continuei minha caminhada, mas me sentia estranho, diferente, algo havia mudado meu humor, não sabia o que era, nem o porquê.

O garoto do ônibus (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora