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Noah passava um fim de semana na casa de seus pais, o mesmo que tinha planejado trazer a namorada para conhecê-los. Apesar de ter decidido não fazer a apresentação formal, resolveu ir visitá-los de qualquer forma. No fim, achava que tinha tomado a melhor opção, porque em casa podia estudar para as provas e se dedicar ao seu TCC. Sem os amigos ou Mika na cidade, não havia distrações.

Estava trabalhando no sofá da sala quando percebeu alguém parado na soleira da porta.

— Que concentrado! — Delilah zombou e ele levantou a cabeça, surpreso.

— Hey! — o mais esquisito era que o garoto estava pensando nela naquele exato momento. — Ia te mandar um email agora mesmo sobre o TCC. Está fazendo o que aqui?

Ela andou na direção dele e se sentou ao seu lado.

— Vim visitar meus pais também. Aí passei aqui para dar um "oi" para a sua mãe e ela me disse que você tinha vindo. — engoliu a estranheza que era os dois andarem tão distantes que não haviam conversado sobre virem no mesmo fim de semana, e não comentou sobre isso. Sabia, porém, que Noah devia estar sentindo o mesmo, porque ele sorria como quem pede desculpas. — Achei que Mika viria com você.

— Não. Eu... Achei melhor esperar um pouco... — contou, dando de ombros, sem maiores detalhes.

Delilah sentiu vontade de sorrir, mas sabia que não deveria e só concordou com a cabeça. Decidiu mudar de assunto.

— Mas o que você ia me mandar por email?

— A última parte da introdução que escrevi. Você é muito melhor nessas coisas de revisão bibliográfica e citações... — Se virou para ela, encarando-a. — Você está ocupada? Quer ler?

Dee sorriu e pegou o laptop do colo dele, se ajeitando até ficar confortável no sofá.

— Tenho todo o tempo do mundo!


"É muito tarde? Para dizer que eu sou apaixonada por você?"

"Eu teria te esperado pelo resto da vida..."

Delilah se mexeu desconfortável no sofá.

— Porque sempre que a gente está assistindo TV junto, tem uma comédia romântica tosca passando? — perguntou. Os dois tinham terminado com o TCC, mas ela ainda estava na casa de Noah.

Ele riu e passou o braço pelo encosto do sofá, sobre a amiga.

— Acho que seu ceticismo atrai. — zombou. — Esse nem é o pior que a gente já viu!

Dee riu e depois de pensar alguns segundos sobre a posição em que estavam sentados, se encostou no rapaz. Se deu conta, ao fazer isso, de quanto tempo não ficavam assim, quanto tempo vinha evitando qualquer contato físico com Noah. E só então percebeu como sentia falta daquilo. Dele. O cheiro do desodorante, como ele sempre parecia estar 10°C mais quente, a voz e a risada reverberando tão próximo ao ouvido dela e os dedos longos dele tamborilando a música que estava tocando na TV em seu ombro. Se sentiu culpada por querer chegar mais perto.

Por querer mais, de um modo geral.

Noah tirou o braço do sofá para abraçá-la, um pouco incerto sobre o que fazer com a mão sobre o ombro da amiga. Como costumava agir quando se sentavam assim? Parecia ter se passado anos desde a última vez que assistiram um filme juntos ou só ficaram de bobeira. Sorriu inconscientemente ao sentir o peso da cabeça dela em seu ombro e tronco. O cheiro do shampoo, a mão gelada que ela apoiava nele só para irritá-lo e o som da risada dela, assim tão de perto, traziam uma sensação familiar. Um tipo simples de alegria.

When you're readyWhere stories live. Discover now