TAE: Sessão 5

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— Hoje... Eu vou testar você.

Foi com essas palavras, ditas por Tae, que o seu dia começou.

No meio de tantas coisas estranhas e sem nenhum sentido, aquele robô parecia ser coisa mais certa naquele lugar.

— Me testar? — Hoseok o perguntou, curioso.

Robôs geralmente testam os humanos em seu dia-a-dia, aquilo era algo comum nos dias atuais, mas já que Tae não era um robô comum, aquilo despertava certa curiosidade do mais velho.

— E por favor, lembre-se: durante o seu teste, se você mentir... — Fez uma pausa um tanto dramática, encarando Hoseok com seus olhos vibrantes. — Eu vou saber.

Nem seria necessário ressaltar que Namjoon observava aquilo tudo com bastante atenção, assim como nas outras vezes.

— Primeira pergunta: qual é a sua cor favorita? — Perguntou simplista, seus lábios esbanjavam aquele típico sorriso pequeno e tímido, sua postura reta e formal, assim como suas mãos bem detalhadas estavam colocadas em cima de suas pernas cobertas pelo pano que agora insistia em vestir toda vez que Hoseok ia vê-lo, se sentia mais humano.

— Vermelho. — Respondeu-o de imediato, aquela sua resposta era programada em sua cabeça desde que se entende por gente, então, sempre que alguém o perguntava algo semelhante ou igual, ele tinha essa resposta na ponta da sua língua.

— Mentira.

Hoseok juntou suas sobrancelhas.

— Mentira?

— Sim. Mentira. — Os olhos sempre atentos, gravando as reações que Jung tivera com aquela contra-resposta que recebera, saía do seu padrão.

Esse era o objetivo, sair do seu padrão.

— Então... — Riu em seu ápice do nervosismo, mesmo que tenha quase que acabado de entrar naquela sala. — Qual a minha cor favorita?

— Eu não sei. — Deu de ombros. Hoseok sorriu. — Mas não é vermelho.

— Tá, eu entendi. — Balançou vagamente sua cabeça para cima e para baixo, aos poucos compreendendo o objetivo daquele "teste" que estava sendo feito a ele. — Eu acho que, pelo fato de eu não ter mais seis anos, eu não tenho mais uma cor favorita. — Sua expectativa de estar certo desta vez aumentou ao visualizar o sorriso de canto que Tae deu para si.

— É uma resposta melhor.

Jung se sentiu satisfeito, deu até aquele suspiro áspero, cheio de orgulho de si mesmo.

— Segunda pergunta: qual é a sua memória mais antiga? — Jogou a sua cabeça para o lado devagarinho. Aquele ato, de alguma forma, deixava sua pergunta meramente mais profunda com seu olhar fixo no de Hoseok.

— Olha, eu acho que é uma lembrança do Jardim de Infância. — Começou. A postura reta, olhos que não expressavam nada além de admiração por Tae, mesmo que ainda tenha resquícios de confusão. — Tinha um moleque...

— Mentira. — Hoseok levantou as suas sobrancelhas em surpresa. Ela não estava em sua mente para saber qual era sua lembrança mais antiga ou algo assim, como poderia saber se era mentira ou não?

— Sério?

— Sim. — A cabeça dele continuava virada para o lado, como se estivesse adentrando na mente de Jung, para então saber sobre tudo.

— Olha, eu acho que eu tenho... — Desviou seus olhos da visão do rosto de Tae, olhando para outro lado qualquer daquela sala, pensativo. — Eu tenho uma lembrança antiga, mas é só um som... E o céu, e talvez, o azul. — Agora, as expressões que Tae dava para Hoseok pareciam dar um sinal para ele continuar a dizer. — Eu acho que o som é a voz da minha mãe.

Tae deu um sorriso assim que Hoseok voltou a encarar sua face.

— Terceira pergunta: — Novamente a pausa dramática. — Você é uma boa pessoa?

— Ai, porra, 'pera aí. — Soltou uma risada. Que tipo de pergunta era aquela, se perguntava. Se tirasse a conclusão de que é uma boa pessoa, seria egocentrismo? Não sabia ao certo. — A gente não pode parar com esse teste não? — Tae continuou sério, esperando uma resposta. — Que é? 'Cê 'tá... 'Tá usando um detector de mentiras? Está um interrogatório bizarro, isso aqui.

— Não, não podemos parar. — Disse com pressa, negando algumas vezes com a sua cabeça. — Você é uma boa pessoa?

Hoseok ficou alguns segundos parado, com seus olhos fixados nos de Tae, pensando no que deveria responder ao certo. Poderia fazer uma média, prós e contras, mas iria demorar demais. Deveria ser simples.

— Sou. Eu acho que eu sou.

O olhar sereno e o sorriso sem mostrar os dentes novamente tomou conta do rosto de Tae. Parecia que aquele era o sinal para deixar claro que ele estava falando a verdade.

Ex Machina ✿ vhopeWhere stories live. Discover now