• Capítulo 47 •

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Cobra P.V.O

Admito que não me senti muito bem ao ter que ver a minha loira indo sozinha pra falar com os pais dela, sei muito bem a verdade sobre a história dela.

Quis várias vezes dizer toda a verdade, mas sei que a Julia não deveria saber isso de mim.

Estava perdido pensando na minha loira quando vejo o Pirata parado na frente da minha mesa. Deixo o meu baseado na mesa e olho pra ele.

Cobra: ta me olhando demais, vai da teu cu pra mim? - brinco e ele mostra cotoco.

Pirata: vai chupar uma rola vai. - se jogou no sofazinho. - mas se lia só, tu já ouviu o que o povo ta falando?

Cobra: o que acontece no meu morro que eu não sei? - levanto da cadeira e ando até a porta. - essa Olívia ta querendo morrer antes da hora, puta que pariu.

Pirata: ta dizendo pro morro que tu só vai esperar o cria nascer pra assumir ela como tua fiel. - diz brincando com o anel no dedo dele.

Cobra: esse cria não é meu nem fudendo, escreve o que to te falando. - vejo a Olívia subindo a rua. - essa porra tá achando que eu sou idiota, não perde por esperar.

Pirata: nem quero saber, mudando de assunto, o carregamento de drogas chega dia 22. - falou. - acho melhor ficar de olho no irmão do Cabaré.

Eu apenas balanço a minha cabeça e ficamos falando sobre alguns assuntos do morro.

Julia P.V.O

Julia: preciso falar com o Gustavo, a sós. - falo, olhando para a Fernanda e o Robert.

Fernanda: Julia não... - não espero ela  terminar a frase.

Julia: vocês já decidiram demais por mim. - minha mãe apenas balançou a cabeça e saiu da sala junto de Robert.

Gustavo me olha atentamente, levanto indo até o outro sofá e o faço um sinal para ele sentar ao meu lado, o mesmo faz e eu respiro fundo.

São tantas perguntas, tento me manter calma. Conto até 4 mentalmente e volto a minha atenção ao homem ao meu lado.

Julia: não estou em posição de julgar ninguém, mas pretendo ser bem prática e clara sobre o que eu quero saber. - ele me olha atentamente e parece gostar do que ouviu. - por qual motivo e por que você só apareceu agora?

Seus olhos verdes parecem querer capturar cada parte de meu rosto, Gustavo parece se perder em seus próprios pensamentos, mas logo volta sua atenção em mim e noto um quase sorriso em seus lábios.

Gustavo: acredite, Ana. Eu tentei manter contato várias vezes, mas estava preso e não sabia muito o que fazer naquela época, a raiva me cegou por completo, levei um certo tempo para conseguir sair daquele inferno, mas só me senti no inferno quando vi que você estava grande, que não sabia da minha existência, e isso, para um pai, é mil vezes pior. Não estou tentando me fazer de vítima nessa história, eu sei muito bem o que eu sou nisso tudo, fiz coisas que me arrependo perdidamente, mas sei também que o que sua mãe fez, não é nem um pouco certo, ninguém deve  viver uma mentira, muito menos um pai deve ficar longe de sua filha, mesmo sendo alguém como eu. E o que eu quero aqui? é bem simples, quero o tempo que eu perdi, a minha única razão de viver, você Ana Julia, minha única e eterna filha. Quero ter a oportunidade de conhecer você, saber tudo o que me privaram de ter, absolutamente tudo. - assim que ele termina de falar, percebi que quase não estava respirando.

Sinto o ar nos meus pulmões, não sei bem o por que, apenas me joguei nos seus braços e me permite chorar, seus grandes braços me acolheram em um abraço quente e reconfortante.

Gustavo: eu lhe peço perdão, minha Ana Julia, minha pequena e perfeita menina. - sussurrou em meu ouvido e eu apenas tentei abraçar mais forte.

°°°

Depois passar algumas horas conversando com os três, já tinha passado das 16, o Robert levou a minha mãe pra ir na casa da vovó Luzia e o Gustavo teve que resolver algumas coisas dele.

Eu quis sair daquela casa o mais rápido possível, ouvir toda a minha verdadeira história não foi algo fácil. Saber que eu passei 20 anos achando ser verdade, que tudo não passou de uma grande mentira apenas porque minha mãe me quis longe de Gustavo.

A verdade me sufocou, me fez abrir os meus olhos pra certas coisas. E agora sei que vou fazer diferente.

Observo as ondas do mar, tudo parece tão natural e vivo a essa hora, poderia ficar assim, sentindo apenas o barulho da água.

Estava perdida pensando quando quase cai por cima de alguém, abro os meus olhos e me deparo com ele.

Lucas: acho que você adora se jogar em cima de mim. - diz e aperta a minha cintura.

Olho em seus olhos azuis e balanço a minha cabeça levemente. Me afastei dos braços dele rapidamente, ajeitei a minha roupa e olho pra ele.

Julia: você que sempre me puxa. - ajeito o meu cabelo, tirando um pouco do meu rosto. - já faz um bom tempo.

Lucas: continua linda, até mais, se é que isso é possível. - diz e eu sorri.

Julia: você não desiste né? - ele apenas nega com a cabeça. - tá brincando com fogo.

Lucas: gostei da aliança. - diz e eu olho pra minha mão. - vai realmente ficar com ele? - perguntou e eu apenas olhei pro mar.

Fiquei alguns segundos em silêncio, senti o olhar penetrante do Lucas sob meu corpo.

Julia: acho que você já sabe a resposta, não é. - respondo sem olhar pra ele.

Lucas: sabe que pode ter uma vida melhor ao meu lado, sem ter que viver assim. - diz e eu olho pra ele. - sim, sei do seu sequestro. Sinto muito pela sua perda.

Julia: não estou no clima pra ouvir suas cantadas, hoje foi um dia estressante, Lucas. - paro de andar, me viro pra ficar de frente com ele.

Lucas: estou falando sério, Julia. Sua vida pode ser muito mais segura comigo, afinal de contas, não sou alvo da Bope e nem de dono algum de morro. - diz e eu respiro fundo.

Julia: agradeço pela preocupação, mas sei cuidar de mim mesma. - tento me manter calma, esse assunto já ta me enchendo. - e acho melhor você parar de falar o que não deve.

Lucas: ainda vai se arrepender dessa escolha. - ele diz me olhando nos olhos. - essa vida não é pra você.


















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Eai bbs 😏

Meu AlemãoWhere stories live. Discover now