Capítulo 4

312 28 7
                                    

NÃO. AH NÃO. NÃO PODIA SER.

Eu deveria estar sonhando, mas qual seria a probabilidade de encontrar o  senhor beijoqueiro no mesmo lugar em que vim procurar ajuda?

E o pior... O senhor beijoqueiro e o advogado que me tiraria de uma tremenda enrascada.... Eram a mesma pessoa?

Ficamos nos encarando como se tivéssemos brincando de estátua, até que resolvi quebrar o silêncio:

- Você? Você é o advogado primo da bianca?

- HM... - ele pigarreou, e logo em seguida, continuou - Hm.. senhorita, me acompanha até a minha sala, por favor?

Eu estava preparada para tudo, menos para aquela voz grossa e absurdamente sexy que ressoava nos meus tímpanos.

Por todos os deuses do olimpo, não me bastava ser gato, ter pegada e ainda ter uma voz que exalava sensualidade!?

O acompanhei feito um cachorrinho adestrado até a sua ampla sala, onde depois de eu entrar, ele fechou a porta atrás de si.

- Uau. Quem diria... Aqui estamos nós... Mais uma vez - ele quebrou o silêncio, dessa vez. Seu sorriso indicava uma alegria muito maior que a surpresa, mas acho que só podia ser coisa da minha cabeça.

- Pois é... Que coincidência sacana essa hein? Não consigo acreditar até agora... Bruno Monteiro - O chamei pelo nome, e aquilo soou tão bem na minha voz, tão certo, que tava quase repetindo novamente, para sentir o prazer de falar o nome daquele pedaço de mal caminho em forma de homem.

- E você é...? - Ele me questionou, com aquele olhar 43 do qual eu nunca esqueci desde a boate. Que homem é esse, Brasil?

- Mila. Ahn... Camila Antunes - falei, estendendo a minha mão, num gesto totalmente sem nenhuma intenção. Só por educação. Só que não.

Ele ficou encarando, por alguns segundos, o meu ato, até levantar aquela mão enorme e sobrepor à minha, tão pequena.

Quando as mãos se uniram, uma pequena corrente percorreu meu corpo inteiro, mas, como boa atriz que sou, soube disfarçar bem o quanto o meu futuro advogado tinha me afetado. Isso se ele topasse me ajudar, né?

Assim que soltamos as mãos, um clima constrangedor meio que se instalou na sala, o que, mais uma vez, foi salvo por ele.

- Então, senhorita Antunes, voltando aos assuntos pelos quais a senhorita me procurou, gostaria de saber a que devo a honra da sua visita. Além, é claro, estou surpreso que justamente você tenha vindo procurar pelos meus serviços.

Ele se calou. Senti um duplo sentido naquela frase? Ou foi só impressão minha? Que cara gostoso de uma figa!!!

- B-bem... Eu preciso de um advogado, no momento, porque sou colunista do jornal, e em uma das minhas divulgações, uma escritora odiou as minhas "duras críticas contra a imagem e os livros dela", porque segundo ela, foi ofensivo demais, além de ter causado danos morais à sua imagem. O que não é verdade, pois eu apenas afirmei o que todos sabiam: Bárbara Gutiérrez é uma péssima escritora! - respirei fundo quando finalmente falei tudo. Ou era soltar tudo de uma vez, ou a cada vez que olhava para aquele corpo delicioso, iria sair gaguejando cada palavra do meu discurso.

- Espera aí... Você pode ser mais clara, por favor? Pelo que eu entendi... A Bárbara te processou?

Nossa, quanta intimidade. Será que ele conhecia a Bruaca? Ou pior... Será que ele era namorado dela? Nossa, quanto desperdício, meu bom senhor dos encalhados!

- Isso. Segundo ela, sofreu danos morais com a minha resenha. Porque após a publicação da coluna, muita gente devolveu os exemplares, e outras que nunca tinham lido nada dela cancelaram a compra. Mas eu não podia enganar meu público, entende? Eu realmente detestei o trabalho dela como escritora. Argh!

Percebi que ele estava um pouco pensativo, talvez ainda digerindo o fato de que nos encontramos novamente depois de termos nos pegado na boate, meses atrás, ou pensando na puta coincidência de que eu estava sendo processada justamente pela namorada dele. Se é que ela era, né?

- Bem... Eu devo dizer que estou bastante surpreso. Bem... conheço a Bárbara, mas achei que ela tinha parado com essa ideia de ser escritora - ele coçou a cabeça, um tanto envergonhado. E o pior, era um charme vê-lo daquele jeito. - Mas voltando ao assunto, eu não vejo porquê eu não ajudá-la. Resumindo, você precisa da minha ajuda na audiência do processo, não é?

- É, basicamente isso. - falei, e então lembrei de olhar o relógio.  Não poderia chegar atrasada na redação, senão a Amanda ia me dar mais uma advertência, e não queria pegar mal com ela. - Bem... Eu não posso ficar mais, tenho um horário pra chegar na redação ou então meu pescoço será servido no jantar da minha chefe - tentei brincar, porém o tal Bruno me encarava, meio sério, meio surpreso.

- Ahn... Então... Tudo bem, você pode me passar seus contatos... Digo.. - pigarreou - Passar seus contatos para a Sra Michelle, para que eu possa entrar em contato com você em um dia mais calmo.

- Ah... Sim, claro. - não entendia porque encarar aquele homem me deixava tão... Vulnerável, talvez? Mas acho que nervosa seria a palavra certa. - Eu acho que na sexta feira, posso passar aqui depois do expediente. Tem algum problema? É geralmente o dia em que a Amanda me libera mais cedo e então passaria aqui.

- Ótimo. - Ele falou, dessa vez com os olhos fixos em alguma coisa da sua mesa. Menos em mim. Mas porque droga você queria que ele olhasse pra você, Mila? Tá na cara que aquela noite não significou nada pra ele.

- Bem... Acho que está na minha hora... - segurei minha bolsa com mais força no ombro - na sexta, após o expediente estarei aqui como combinado.

Ele se levantou, e novamente pousou aqueles olhos que faziam promessas silenciosas em mim.

- Combinado, então.

Ele falou, e aquela foi a minha deixa para dar o fora dali, e só voltar para resolver toda aquela loucura que tinha entrado na minha vida, mas antes que eu alcançasse a porta, o tal Bruno falou, com aquela voz grossa, que percebi, tava me afetando mais do que eu gostaria:

- Camila?

- Hum? - me virei, tentando esconder o quanto ele soando meu nome tinha mexido comigo.

- A propósito, eu não esqueci aquela noite na boate.

Ele falou, e simplesmente voltou a ser o advogado sério, sentando na cadeira e olhando alguma coisa.

Olhei de soslaio enquanto saía da sala, e percebi que estava ferrada. Muito ferrada.




CAPÍTULO FRESQUINHO!!! ME DEIXEM SABER O QUE ACHARAM HEIN?

BJUSSSSS

ATÉ O PRÓXIMO

Um beijo e nada maisWhere stories live. Discover now