Capítulo 16

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Eu estava ciente de tudo, sabia do meu acidente, sabia que estava no hospital a acordaria como a típica cena clichê, mas me enganei redondamente quando abri os olhos.
As paredes que me cercam são imaculadas, completamente brancas  não tem porta nem janela, não nem nada a não ser o ar frio e a uma lampada, me levanto olhando pra mim mesma, procurando vestígios do acidente com o carro, mas não vejo nada, onde estão os arranhões? A dor? Estou perfeitamente bem fisicamente, porém não compreendo nada do que está acontecendo, trêmula toco minha roupa de hospital,  é uma espécie de roupão branco grande demais para meu corpo,  em aproximo da parede tateando em busca de uma porta ou algo  do tipo, até ouvir um barulho de algo sendo destrancado, vejo justin vir até mim, está de calça social e blusa do mesmo estilo gravata listrada, nunca foi o estilo dele, geralmente são ternos ou algo de marca, no entanto, essas roupas são simples demais

— Onde eu estou? — minha voz sai mais rouca do que eu pretendia

— Ah meu amor… fique calma, vai ficar tudo bem, vamos esperar o médico, que tal sertarmos? —sugere, se aproximando,  automaticamente me afasto

— Onde é que eu estou Justin?! — exijo, ele porém nada diz, o que me deixa preocupada

— Sua mãe vem vê-la hoje…—comenta me fazendo erguer as sobrancelhas

— Minha mãe?— franzo o cenho— minha mãe está presa, não pode vir me ver,  e o que eu estou fazendo aqui? Eu morri é isso? Me lembro bem que estava atravessando a rua…

— E um carro te atropelou? — completa

— Isso… e você, você…— meus olhos começam a se enxer de lágrimas — disse que não me queria mais… — desabo ele me puxa para seus braços

— Shhh…. Tudo isso vai passar Rachel, você vai ficar boa meu amor

— Onde eu estou? Pelo amor de Deus! — me solto dele

— Por favor não se altere… o médico  já vai chegar…— orienta ele

— Médico pra quê?

— Vai ficar tudo bem…

Resolvo  não mais contestar, até  porta ser aberta novamente e um homem de jaleco entrar acompanhado de Dylan,  me levanto do chão e corro para seus braços

— Que lugar é esse Dylan? — ele nada diz apenas faz carinho em meu rosto parece triste

— Como se sente Rachel? — pergunta o que acredito que seja o doutor

— Frustrada, porque ninguém me diz que lugar é esse.

— Entendo que esteja assim, os cavalheiros poderiam se retirar? — pede o médico apontando para
porta

— Não quero que eles saiam.

— Mas é preciso que eles saiam Rachel — insiste o médico,  derrotada assinto deixando ambas as estátuas que eu chamava de marido, e amigo, sairem, O médico pede para que eu me sente no chão e diz que vai fazer perguntas,  assinto em positivo

— Qual é o seu nome? — pergunta olhando a prancheta

— Rachel, Rachel White

— Estado civil?

— Casada,  mas meu marido quer o divórcio —suspiro me lembrando do fátidico momento de suas palavras contra nossa união

— Porquê ele quer se separar? — pergunta novamente, suspirando mais um vez

— É  uma longa história…— murmurro mais para mim do que pra ele

— Me conte sua história por favor— pede

É ai que começo a contar tudo a ele até o momento que cheguei aqui

— E então doutor? Que lugar  é esse? — ele tira os óculos  passando as mãos no rosto

— É inusitado,  e incrivelmente intrigante Rachel… —revela me fitando— é  incrível  como você tem a capacidade de mudar de personalidade, de caráter, de história, como se não fosse você,  como se vivesse várias vidas,  mesmo sem nunca ter saido daqui

— Do quê  está falando doutor?

— Estou falando, que tudo, toda história que você me contou, não é real, Justin é seu marido ele nunca te bateu, sua mãe não está presa, nem você própria  sofreu um acidente, quanto ao Dylan, ele não passa de um amigo, você e ele nunca tiveram nada, tudo isso foi fruto da sua imaginação,  você tem um transtorno mental,  aqui é uma clínica… nos estamos cuidado do seu bem estar emocional a quase um ano…— Ele parece cansado, como se já estivesse enjoado de repetir as mesmas palavras sempre

— Então você está dizendo que tudo que eu vivi não passou de uma mentira? De uma ilusão criada pela minha cabeça?

— Sim

— MENTIRA! Não me diga que estou em um hospício! Que sou louca! — ele não diz nada — Como pode ser imaginação!!? COMO PÔDE ME DIZER ISSO!??

— Por favor não se altere… se não vou ser obrigado a seda-lá

— Nãooo..—baixo o tom de voz chorosa me encolhendo no chão esmagando meu crânio

— Por favor Rachel, está machucando sua cabeça, pare — pede ele mas não ouso, estou perdida em meu próprio mundo  parecia tão real… tão intenso, cada sentimento cada momento cada lágrima, porque? Antes que eu entre em minha própria confusão mental dois enfermeiros entram com uma seringa a camisa de força

— NÃO TOQUEM EM MIM! — grito, desesperada —Justin! Justin! — o vejo do outro lado da porta, com um olhar triste, olhos vermelhos, sinto uma picada em meu braço, é o sedativo, braços fortes me seguram só peço para que não toquem em mim, não.toquem.em.mim.

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