O quinto passo

2.9K 359 361
                                    

Gravando, gravando. Bakugou continua com a mesma cara de cu, estamos no habitat do loiro aprendiz de terrorista e até agora nosso rato de laboratório verde não foi alvo de suas explosões. 

 - Você poderia parar com isso? - sussurra Midoriya, se inclinando em sua direção. O professor havia saído da sala para resolver um assunto e até agora não tinha voltado, fazendo a sala virar uma zona, bolinhas de papel voando, pessoas gritando e alunos escrevendo ameaças de morte no quadro com marcador vermelho para o professor lhes dar pontos extras e Hana parou de gravar sua experiência entre um uke nerd e um seme revoltado.

- Não. - sussurra Hana - Por que você tá sussurrando? Pera, por que eu tô sussurrando?

- Não sei. - sussurra Midoriya e os dois riem, chamando a atenção de Katsuki. Embora, o dia no McDonald's tivesse deixado claro que Hana era apenas uma amiga, Katsuki ficava preocupado pois também era um amigo e logo seria amor/ficante/alma gêmea/ namorado e afins de Izuku e a declaração regada de romantismo da garota ainda lhe deixava com uma pulga atrás da orelha.

E Midoriya não tinha lhe dado bom dia, nem dirigido a palavra à ele, deixando o loiro mais pistola, pois primeiro: era uma terça; segundo: seu humor melhorava quando Izuku falava com ele ou seria melhor dizer seu crush?

E é claro que a culpada tinha nome e sobrenome: Hana Sato. Afinal, foi ela quem deu a dica para o esverdeado fazer o Bakugou baixar o facho.

E até então, estava dando — incrivelmente — certo.

Bakugou estava se coçando para não falar com Izuku. Hana havia desvendado sua personalidade direitinho.

Regra número 1° dos tsunderes revoltados: não fale com seu crush até ele te notar e baseado num "Oi" que seu crush lhe dizer, você pode encher o saco dele até o fim do dia PS: se não der certo, corra o risco de envelhecer sozinho numa casa cheia de gatos.

" O que está acontecendo? Será que eu estou sexy demais?", pensa Bagukou, ele tinha passado uma colônia no cangote, chamada "Ódio puro para os odiadores puros" e tentado domar seu cabelo e até deu um nó na gravata preta do uniforme, embora tivesse afrouxado-a assim que saiu de casa por causa do calor. Estava, no mínimo, esbanjando sensualidade e auto confiança, mas o nerd nem tinha lhe dado bola.

Regra número 2° dos tsunderes revoltados ( usados apenas em casos extremos): faça ele notar você, querendo ele ou não.

" Isso não é meio Yandere?", pensou Bagukou " Dane-se eu sou uma mistura dos dois mesmo e não é como se eu seguisse regras."

Ele suspirou profundamente e pegou a borracha, pichada com respostas da prova de ciências e calculou a distância. " Calculando o peso do ar e a velocidade, qual é a cor do unicórnio cor de rosa que, na verdade, é azul?", pensou forçando o cérebro a lembrar das aulas de física. Não conseguiu chegar em um cálculo muito específico, matemática era complicado e física mais ainda. Tinha que confiar na sorte. Fez uma prece silenciosa pra Deus, tentando lhe lembrar o quanto seus filhos seriam lindos e como seria feliz no futuro com Izuku, dois filhos — no mínimo — e quatro cães.

E tacou a borracha " acidentalmente", nem querendo ver onde ela tinha parado, apenas rezando para que fosse perto de Izuku e que ele reconhecesse seus garranchos que chamava de letra.

Trinta segundos se passaram.

Um minuto se passou.

E então Bagukou lembrou de que sua sala era a pior sala de todas e de quantas canetas, borrachas e até figurinhas já tinha "perdido" ali para aquele bando de ladrões.

- Quem roubou a porra da minha borracha?! - berrou, sentindo o rosto ficar vermelho de raiva, se levantando, chamando a atenção de todos, bem na hora que o professor entrou na sala.

 - Bagukou, pra sala da diretora! - mandou o professor Izumi, apontando para a porta.

_____________________________________________________________________

Com certeza, a sorte não estava do seu lado. Sua boca fora lavada com sabão — de novo — por Mei, aquela mulher tinha algo contra ele, só pode. Afinal, era um anjinho — quando queria ser, é claro.

" Droga, minha boca dói.", pensa, passando a mão pelo maxilar. " Eu só tava pedindo amor e carinho, não a cura da AIDS, Universo.", pensou Katsuki, com a tentativa frustrada de chamar a atenção de Midoriya.

A sineta toca.

Era hora de que?

De aventura, de traição, de comer, de pensar.

Ou seja, hora do recreio.

Hora perfeita pra passar vergonha, né.

Tipo, sabe se lá, se um loiro for tentar algo com um esverdeado com sorriso fatal.

Os colegiais saem das salas de aula indo em direção a cantina e Bakugou procura Izuku na multidão, atrapalhando o fluxo, era mais alto que ele e a cabeleira verde não era nada discreta, convenhamos.

" Achei!", pensa, animado ao ver Izuku. " Okay, agora eu só tenho que andar casualmente e 'trombar' nele".

Katsuki respira fundo e coloca as mãos nos bolsos, assumindo a típica expressão arrogante e andou em direção a Deku que estava distraído conversando com Hana e trombou seu ombro com o dele.

- Desculpa. - disse Izuku, nem lhe dando o trabalho de olhar para ele, continuando seu caminho com Hana.

- Ah? - murmurou, confuso ao ver Midoriya se afastando. " Quê?", pensou olhando com raiva para ele. " Só isso?"

Midoriya estremeceu ao sentir o olhar mortal sob si, mas continuou andando. "Continue a andar, continue a andar, se não Bagukou vai te matar.", cantarolou mentalmente Deku.

" O orgulho dele vai ceder logo, logo!", pensou Hana, odiava semes orgulhosos que não conseguiam declarar seus sentimentos e tinha que cortar o mal pela raiz.

Izuku, por sua vez, estava sem entender por quê Kacchan estava com raiva. Era inocente demais. Inocente demais pra esse mundo.

Pena que sua inocência seria quebrada.

Era uma das várias coisas que tinha e perderia.

Pena que ele não se acostumou com a perda.

Talvez, assim fosse menos doloroso.

Eu sou O Vilão.Where stories live. Discover now