06. Song for someone

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VOCÊ NÃO TEM MEDO DE NADA QUE ELES JÁ VIRAM

Lessye Anamarie | Madrid, Espanha ─ 20 de Dezembro, 2018

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Lessye Anamarie | Madrid, Espanha ─ 20 de Dezembro, 2018.

O copo do Starbucks na minha mão tremia como um celular no modo vibratório. Não era o frio, eu estava bem agasalhada. Mas meu coração estava êxtase. Quente e caloroso. O aeroporto estava lotado, como em qualquer final de ano. E eu estava ali a talvez 30 minutos, a espera de Theo e consequentemente, de Alex.

─ Muffins de aeroporto são sempre os melhores. ─ Claire se juntou a mim, com as mãos carregadas de bolinhos. ─ Que foi?

─ Nada a declarar.

─ Você está nervosa?

─ Se eu não tivesse, você não estaria aqui. ─ Respirei fundo. ─ Pareço desesperada?

─ Não seria surpresa, fique tranquila.

─ Estou no modo tranquila.

─ Não mesmo. ─ Riu, com a boca cheia e então parou, me encarando: ─ Conheço aquela menina.

Olhei na direção de onde ela apontava, e então uma mulher caminhava no aeroporto, conversando no celular. Claire era muito exasperada, e não conseguiu se manter em silêncio no seu lugar.

─ Oi. ─ Tentei repreende-la, mas a mulher já tinha notado nós duas. ─ Você esteve no Porschen Cakes a um tempo atrás, não foi?

─ "Te ligo depois" ─ A mulher desligou o telefone, e neguei em repreensão. ─ Oi. Acho que me lembro de você também.

─ Te vendi um bolo.

─ Lembra de todos os seus clientes? Estou em choque. ─ Ela riu, e então se virou para mim. ─ Oi, sou Louise.

─ Prazer. ─ Apertei sua mão. ─ Lessye.

─ Você é a dona do café, certo?

─ Sim.

─ Eu ouvi falar de você. Uma amiga me indicou o seu café, ela paga muito pau para o seu trabalho.

─ Obrigada. Agradeça a ela por mim. ─ Receber elogios me deixava boba, não importa o tempo que passasse. ─ Devia voltar. Leve sua amiga com você, darei um cupom para as duas.

─ Muito obrigada. Iremos com certeza.

Tia Lessye!

Não tive tempo de pronunciar mais nada quando ouvi aquela voz infantil chamando por mim. Me virei na direção do portão, de onde meu pequeno ─ nem tão pequeno mais ─ vinha correndo em minha direção. Senti meus olhos pesarem antes mesmo de me ajoelhar, e aquele corpinho magrelo se afundar no meu abraço.

O cheiro de balas de hortelã me invadiu e me senti acolhida, ao invés de acolhedora. Me afastei olhando seu rostinho, concluindo que as fotos que vovô mandava não chegavam nem perto da beleza que Theo carregava. A beleza da mãe, claro. Mas com certeza os olhos do pai. Passei os dedos pelo rostinho de bebê do meu menino grande, decorando cada traço do meu pequeno homem.

Für Dich ∞ Toni KroosWhere stories live. Discover now