CAPÍTULO 1

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HELENA

— Não sei, acho que precisa apertar um pouco mais. O que acha? — Olhando para Ana, eu fui capaz de me lembrar do dia em que também me preparei, assim como ela, para o meu casamento.

Fechei meus olhos tentando espantar aquelas lembranças e fazer com que a dor da saudade, que eu sentia do Pedro, não voltasse a me assolar.

— Helena? — Abri meus olhos ao ouvir Ana chamar minha atenção e comprimi os lábios ao forçar um sorriso.

— Acho que está bom, Ana. Acaso quer morrer asfixiada dentro do seu vestido de noiva? — Tentei fazer piada, mas acho que perdi a prática, pois ela fez uma careta e revirou os olhos e bufou desgostosa. Eu apenas sorri. — É sério! Você está perfeita, não precisa de mais ajustes. — Naquele momento, Ana juntou suas mãos e sorriu verdadeiramente para mim. Seus olhos reluziam.

Eu estava muito feliz por ela.

Ana e eu nos conhecíamos desde o ensino fundamental. Terminamos o segundo grau e partimos para a faculdade. Fizemos o mesmo curso: Pedagogia. Amávamos crianças, isso era um fato. Ambas sonhávamos em ter nossos filhos, mas pensar nisso me deixava de coração partido.

Fui casada durante cinco anos com Pedro. Queríamos aproveitar mais um ao outro e por mais que tivéssemos feito planos para ter filhos em um momento mais oportuno, ainda assim, me sentia extremamente triste, pois o perdi e com isso a oportunidade de ter tido um pedaço de nós dois, porque parte dele estaria viva e comigo, e me ajudaria a suprir esse enorme buraco presente em meu coração.

— Obrigada, amiga. — Deixei minhas divagações de lado ao ouvi-la me agradecer e sorri em resposta. Em seguida, eu vi que ela pediu para que o vestido, finalmente, fosse embalado para levarmos.

Faltava apenas duas semanas para o tão sonhado dia e Ana estava eufórica com isso.

Minutos depois, saímos da loja e após Ana colocar a caixa com o vestido dentro do carro, falou que precisaria passar em outro lugar. A segui sem saber de que "lugar" se tratava, mas logo tive conhecimento. Entramos numa loja de lingerie e pensei: "ok", só que minha amiga pediu para ir à área do sexy shop.

— O que vai fazer? — perguntei ao sermos guiadas até a área do sexy shop.

— Comprar alguns apetrechos, oras! Vai me dizer que nunca usou com o Pedro? — Sua pergunta me fez pensar nele de modo automático.

— Não inclua o nome do Pedro nisso, por favor — pedi, mas foi inevitável esconder a tristeza por trás dessas palavras.

Semana passada, completou um ano que não o tinha mais ao meu lado. Um ano remoendo sua morte súbita. Um ano que preferi me fechar para qualquer tipo de relacionamento com outro homem. Sequer saía para festas, a não ser comemorações em família, ou da minha ou de Ana.

Pensar nisso, chegava a me deixar com um nó enorme na garganta, pois minhas emoções ficavam afloradas. Como eu desejava que ele estivesse ali, vivo e... Comigo.

— Me desculpa, Helena. — Deixei minha tristeza de lado e ofereci um sorriso forçado para ela e, finalmente, engoli a vontade de chorar, assentindo. — Eu só quis brincar, mas confesso que foi insensível da minha parte — complementou, tentando se redimir.

— Está tudo bem, Ana. Vamos logo com isso. — Ela sorriu agradecida por eu entendê-la e enfim, chegamos até uma sala cheia de "apetrechos" para dar uma apimentada na relação entre quatro paredes.

Confesso que com o passar dos minutos, eu até me distraí, pois hora ou outra, Ana fazia gracinhas em meio à sala. Gargalhei a ponto de sentir meus olhos umedecerem ao vê-la ameaçar lamber um pênis de borracha maior do que o normal. A expressão que ela fazia era extremamente safada e aquilo me fez doer a barriga de tanto rir.

— Não sei qual é a graça. — Ela arqueou a sobrancelha, demonstrando estar debochando de mim.

— Ah, confesse que foi engraçado! — exclamei divertida, enquanto ela passava alguns géis de massagem que ajudavam a intensificar o prazer na hora do ato.

— É, um pouco. — Ambas nos olhamos e caímos na risada.

— Mais alguma coisa, senhora? — Nos contemos ao ouvir a vendedora questionar a Ana.

— Tem certeza que não quer levar nada? — Ana voltou a me questionar.

— Eu já disse que não. Afinal de contas, sequer tenho com quem usar e você sabe disso. Deixe de pergunta idiota — respondi um pouco impaciente.

A verdade é que eu odiava ter que me recordar do fato de não ter mais um companheiro. De não ter o meu Pedro ao meu lado, e isso me deixava extremamente triste.

Assisti Ana se calar e, em seguida, respondeu a funcionária que era somente aqueles produtos mesmo. Saímos da loja em completo silêncio. Ao chegarmos no carro, Ana colocou as sacolas no porta-malas e, eu me adiantei em entrar no veículo e me ajeitei no banco do carona, travando meu cinto de segurança.

— Me desculpe novamente, mas eu não sei mais o que fazer para tirá-la dessa solidão interna, que acabou se fechando, Helena. — Eu só fiquei ali, ouvindo-a sem emitir qualquer som. Sequer a olhei. Ouvi-a soltar um sonoro suspiro, parecia triste e continuou: — Vou dar uma festa de despedida de solteira — Ela confessou em um só fôlego e foi inevitável não olhá-la.

— O Jorge sabe disso? — Gesticulei com os olhos arregalados diante da surpresa em saber daquilo, pois jamais imaginei que ela faria uma despedida de solteira.

— Claro que sabe! — exclamou em tom de repreensão. Levei minhas mãos ao alto e me desculpei. — Tudo bem. Ele também fará, mas combinamos de ter apenas homens na despedida dele, assim como terá apenas mulheres na minha, salvo pela stripper que terá na dele e os gogoboys que terão na minha. — Meus olhos quase saltaram das órbitas ao ter aquela informação.

— Vocês confiam tanto assim um no outro para serem tão liberais? — Confesso que não concordaria com algo desse tipo, mas Ana tinha a "mente aberta", diferente de mim.

— Deixa de caretice, Helena! Não é como se eu fosse ficar com o gogoboy ou ele com a stripper. Tudo isso é apenas para o entretenimento dos nossos convidados. Ambos nem chegaremos próximos, mas é lógico que eu vou apreciar o show — disse com um sorriso divertido nos lábios.

Eu sorri do seu modo de ser e, ao mesmo tempo, balancei a cabeça em negativa. Definitivamente, minha amiga não tinha jeito, mas eu a amava.

 Definitivamente, minha amiga não tinha jeito, mas eu a amava

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