PRÓLOGO

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Quatro.

Ou melhor, cinco. Cinco crianças no total.

Sentada no balanço de uma praça, observo as cinco crianças brincarem. Sinto o vento bater em meu rosto e em alguns fios do meu cabelo, fazendo com que ficassem um pouco assanhados.

Me empurro e fecho meus olhos sentindo a sensação maravilhosa de estar se balançando. É como voar.

Era um dia frio. O que não é nenhuma novidade para quem mora na Noruega, aqui sempre faz frio. E por mais que as vezes  possa reclamar do frio, eu o amava. Principalmente pelo o fato de poder tomar o chocolate quente que minha irmã fazia, sem dúvidas era o melhor de todos.

O sol brilhava no céu, porém tinha a mesma aparência nublada de sempre. Era quase impossível dizer que hoje seria um dia de sol por completo.

Me desperto dos meus pensamentos quando escuto uma das crianças chorarem, sem pensar duas vezes, ergo minha câmera e capturo um momento em que uma delas estava sorrindo. Provavelmente pelo fato da outra estar chorando.

Olho a foto e me permito sorrir com o resultado.

Levanto-me do balanço e sigo andando pelas ruas da Noruega. Tento captar ao máximo todas as paisagens e expressões das pessoas que também andavam por ali.

Por um momento permito me perguntar para onde aquelas pessoas estariam indo. Algumas apressadas e outras bem calmas. Talvez estivessem indo ao trabalho ou voltando para casa,  indo encontrar alguém, ou talvez apenas precisem ocupar a mente com outras coisas. Assim como eu.

Avisto um jardim repleto de girássois e violetas, ergo minha câmera novamente e sorrio ao perceber que eu realmente amava fotografia.

Desde pequena eu sempre tive uma paixão por fotos, mas meus pais sempre acharam que era coisa de momento, que isso seria passageiro e que eu me formaria em medicina ou em direito como eles sempre desejaram.

Mas não. Ganhei minha primeira câmera aos nove anos e me lembro de perturbar minha irmã mais velha, Amalie, o dia todo para que pudessemos sair e tirar fotos de tudo o que eu achasse interessante.

Chegando em casa, vejo meus pais sentados a mesa lendo algumas cartas e outras ainda não haviam sido abertas.

Temia que fosse o que eu achava que era. Mas no fundo, eu sabia o que era.

-Annelie! Que bom que chegou, precisamos conversar - disse minha mãe me abraçando como se ela não me visse há anos - As cartas das universidades chegaram, você foi aceita em quase todas.

- Vai poder escolher entre medicina e direito - meu pai se pronunciou.

- Nós selecionamos as melhores como, a NYC, Harvard, Stanford e...

- Eu não vou para nenhuma dessas.

- Você não precisa escolher essas se não quiser, tem outras aqui e...

- Eu quis dizer que não vou estudar direito e muito menos medicina.

Um silêncio constrangedor se formou, fazendo com que minha mãe e meu pai olhassem um para o outro confusos e procurando de alguma forma entender o que eu estava dizendo.

Acho que eles esperavam que estivesse brincando, mas quando perceberam que minha feição era séria, eles se demonstraram nervosos.

- Como assim você não vai estudar direito e nem medicina? Vai largar uma oportunidade dessas? - disse meu pai.

- Não me identifico com nenhuma dessas duas profissões e vocês sabem muito bem disso. Eu só me inscrevi nessas universidades porque vocês me obrigaram.

- E o que você vai seguir?

- Fotografia.

- Isso só pode ser brincadeira...- meu pai diz irônico - Você não vai seguir fotografia.

- Por acaso eu pareço estar brincando?

Meu pai tomou uma pose mais séria e minha mãe pareceu temer o que iria acontecer a partir de agora.

- Estou falando sério quando digo que você não vai seguir fotografia - engrossou a voz.

- Também estou falando sério quando disse que não vou seguir medicina ou  direito - engrossei o tom.

- Sério? Então quem vai pagar a sua faculdade? Porque eu que não vou.

Eu não tinha pensado nisso. Mas não podia dar para trás, pelo menos não agora.

Comecei então vou até o fim.

- Eu vou dar um jeito.

- Ah é mesmo? E como você vai conseguir sem ter nenhum dinheiro - gritou.

- Isso não é verdade! Eu trabalhei por anos e ao contrário de vocês, eu sei economizar.

- Annelie se acalme, você não está pensando direito.

- Não mãe, eu estou pensando perfeitamente bem.

- Não posso deixar que você desperdice a sua vida seguindo algo que não vai ter futuro nenhum - gritou meu pai mais uma vez.

- Eu estaria desperdiçando minha vida seguindo o que vocês querem - gritei.

- O que está acontecendo aqui? - Amalie perguntou descendo as escadas.

Olhei para a minha irmã mais velha que nos olhava  confusa já que todos estavam brigando e gritando feito loucos.

- Esse é o seu sonho Annelie, sempre foi - disse minha mãe e pude ver as lágrimas em seus olhos.

- Não mãe, esse sempre foi o sonho de vocês. Não o meu.

Passo pelos meus pais e pela minha irmã e subo as escadas, porém, a voz do meu pai me faz parar no meio.

- Annelie Moore, se sair desta casa e seguir fotografia, não será mais bem vinda aqui

Respiro fundo e desço novamente.

- Ótimo, esta casa não vai fazer nenhuma falta.

Subo para o meu quarto e pego minha mala que usava para viajar. Coloco o máximo de roupas que consigo e outras coisas que talvez precise.

A porta do quarto se abre e vejo Amalie parada em frente a porta. Por um segundo, fico com medo de que ela esteja do lado dos meus pais, mas a conheço muito bem para saber que não faria isso.

- Mandou bem Lie, finalmente criou coragem para enfrentar nossos pais.

Sorri. Amalie sempre soube como me deixar melhor.

- Obrigada Malie.

Amalie sorri e senta em minha cama enquanto terminava de arrumar minha mala. A vejo suspirar e me pergunto no que ela está pensando.

- Você vai ficar bem?

- Claro, você sabe que eu sempre dou um jeito.

Apesar de Amalie ser um ano mais velha que eu, ela sempre parecia ser a mais nova pela aparência e pelo tamanho.

- Vou sentir sua falta - deu um sorriso triste.

- Eu também vou, quer dizer...quem eu vou pertubar todos os dias?

Rimos.

- Para onde você vai?

Fechei minha mala que já estava pronta e a coloquei do meu lado.

- Te mando uma foto quando chegar lá - pisquei para a mesma que sorriu.

Só espero estar fazendo a coisa certa.


Oii meus amores!! essa é a minha primeira fanfic e espero de verdade que tenho gostado. Conversem comigo twitter @crpnterstyles. É isto, até a próximo atualização.

Paris In The Rain | shawn mendes fanfic Where stories live. Discover now