sᴇxᴏʟᴏɢɪsᴛ •ʏᴏᴏɴᴋᴏᴏᴋ•

16. Uma facada doeria menos.

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Você era vermelho, e você gostou de mim porque eu era azul. Você me tocou, e de repente eu me tornei um céu lilás, e então você decidiu que roxo apenas não era para você.

Min Yoongi.

É engraçado você acordar, olhar para trás e ver que o que tinha antes, já não tem mais. Que acabou, que escorregou por entre seus dedos, como uma areia fina e leve, tão leve que assim que despenca no chão ela é arrastada pelo vento e segue em busca de outro local para estar.

Eu gostaria de ter descoberto mais cedo que a vida é realmente difícil, e que morrer é muito fácil. Sério. Eu tinha essa mania de achar tão clichê á forma com a qual as pessoas ao meu redor diziam "viver é difícil, morrer é tão fácil", eu escutava isso e achava totalmente sem nexo.

É lógico que morrer é mais fácil! É tão simples morrer, isso pode acontecer naturalmente ou planejado. Eventualmente, eu posso estar caminhando na rua, levar um tiro e morrer, ou eu também posso arquitetar minha própria morte, e ainda posso decidir se morrerei pelas mãos de alguém ou por suicídio. A questão é que nós só temos duas certezas na vida; uma é que não temos escolha alguma sobre nascermos, simplesmente nascemos. E a outra é que vamos morrer. Simples.

Em algum momento da sua vida seu corpo parará de funcionar por completo. Seus olhos não mais serão abertos, seu sorriso não iluminará mais o dia de alguém, seu toque não fará mais efeito, sua voz jamais será escutada novamente e seu coração não corresponderá ao sentimento forte que você tem por aquela pessoa em especial.

Eu só não sei por que não avisam a nós antes de nascermos que a vida não será fácil. Eu desejo que em outra vida alguém toque delicadamente o meu ombro e diga "ei, se prepare, você passará por tantos desafios. Precisará ser forte". E não que eu simplesmente nasça achando que há um pote de ouro no fim do arco-íris. E eu odeio toda essa merda de ser esperançoso e aguardar pelo o momento em que as coisas começarão a dar certo em minha vida.

Nesse momento, eu estou sentado em frente á porta de meu quarto. Estou aqui há quinze longos minutos, criando coragem para colocar meus pés para fora do cômodo abafado. Faz frio, mas isso não me anima. Eu poderia muito bem ficar somente em minha cama, debaixo de um lençol e remoendo-me por horas e horas sobre o quão eu sou um fodido e só faço merda, mas eu ainda tenho um pingo de vergonha na cara, e preciso usá-la.

Bolinho de noiva está no aquaterrário, bem alimentada e parece feliz. Pelo menos ela.

Passo minhas mãos pelo meu rosto, bufando. Eu preciso criar forças, mas elas me faltam. Forças para parar de ser tão covarde e enfrentar mais um dia que se passa e eu continuo parado. Isso é esquisito para caralho.

Um dia, você parará por completo, como se estivesse numa avenida movimentada com pessoas passando para cá e para lá, mas você está parado, sem piscar o olho, sequer. É um momento difícil, a vida continua a seguir, mas você não.

Você parou no tempo, e a grande pergunta é; como voltar a viver?

Passaram-se dois dias desde que me vi caindo em um poço sem fundo. Dois dias desde que ouvi minha mãe dizer tamanhas atrocidades para mim, e dois dias desde que eu joguei tudo isso em cima das pessoas a minha volta, como se elas tivessem culpa do que me foi dito e ensinado.

Ás vezes eu tenho mania de fazer tudo errado.

Eu não sei nem porque eu tento continuar existindo, eu só faço tudo errado.