Livre, enfim. Ou será que não?

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***

Eu não tinha acreditado direito no que tinha acabado de ouvir.

— O que você disse?— pergunto.

Ele tosse um pouco para endireitar a voz.

— Assim, quer dizer...— Nicholas passa a mão por seus cabelos.— Somos amigos, eu gosto de você. Só quero o seu bem.

— Ah.

Um silêncio ensurdecedor surgiu entre nós.

— Sobre aquele beijo...— comentei de repente. Como se a coisa não pudesse ficar ainda mais estranha.

— A, aquele beijo?— ele suspira.— O que tem ele?

Eu arqueio a sobrancelha.

— Você me beijou.

— Oh, eu que te beijei?

— Nicholas você praticamente me empurrou contra uma árvore e me agarrou...

O sorriso de deboche surgiu em seu rosto.

— Você fala como se você não tivesse culpa nisso também.

— Eu não disse que...

— Jean, foi só um beijo. Apenas isso.— ele garante sério.

Meu coração se estabilizou, mas de um jeito mais lento que o normal.

— Só um beijo?

— É.

— Nicholas eu não sei o que isso significa pra você, mas não pode sair me beijando e depois agir como se fosse normal.— Comecei a ficar alterada.— Poxa?? Você me beijou!

De onde eu venho, beijos não são grande coisa — rebate indignado.

Eu perco a postura. Imediatamente lembrei de quando estávamos no Jardim de Adena, onde Vlad havia nos seguido e enfrentado Nicholas lá mesmo. Ele me beijou e depois disse que não significava nada.

— Só que de onde eu venho, um beijo significa muita coisa.— expliquei incrédula.— Pelo visto, isso realmente faz mesmo parte da cultura de vocês. Beijar alguém do jeito que você me beijou é...

— É o quê?— ele se aproxima um pouco de mim.

Os olhos dele dilataram de um jeito, que quase esqueci o que ia dizer em seguida de tão distraída que fiquei. O cabelo dele, sempre bagunçado, como se ele não se preocupasse com aquilo.

— Nada.— responde me afastando devagar.— Não é nada.

Ouvimos batidas na porta. Um homem alto e bem forte entrou e ficou encarando nós dois, com o sangue fervendo em nossas veias.

— Dion mandou chamar você.— diz se referindo a Nick

— Agora não, estou ocupado.— responde ele ainda com os olhos em mim.

— Ele disse que é urgente.— Insistiu o homem.

— Eu já disse que agora não!— Nicholas se exaltou, o que fez imediatamente o cara alto se mandar dali. Fiquei encarando o rosto em estado de raiva de Nick, ele estava com uma expressão enraivecida, quase ao ponto de gritar comigo caso eu ousasse desafia lo a isso.

Fiquei pensando no dia em que ele me levou até o jardim de Adena, Nicholas parecia alguém mais calmo e sereno. O olhar e o jeito que mostrava na época eram de uma pessoa mais calma, incapaz de perder a paciência. Mesmo com tantas dessas qualidades e a forma calma com a qual lidava com as coisas, acabei o levando ao extremo e ali mesmo despertei a raiva nele.

Meu vizinho se chama Vlad 💋 A Era Escura.Where stories live. Discover now