Capítulo 13 - Desencontros.

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"Nosso amor não acabou, e ainda digo mais

Vou te fazer lembrar de tudo que me prometeu há 10 anos atrás

Amor e muito mais

Tô pagando pra ver se você é capaz de me esquecer"

10 Anos – Gusttavo Lima.

- Isso já está virando rotina, você sabe disso, né? - Alice pergunta divertida enquanto nós duas encaramos o teto do meu quarto deitadas lado a lado na cama.

Já tem mais de meia hora que ela chegou e estamos aqui em silêncio, não sei se a coisa está tão feia que ninguém quer começar o assunto ou se ainda está tão recente que nenhuma de nós quer ser a primeira a falar. Mas o fato é que ninguém disse nada.

Depois que seguimos para a caminhonete ontem, não trocamos uma única palavra, nem uma com a outra nem com os meninos, fomos os quatro num silêncio assustador e cheio de mágoas, nosso péssimo estado de espírito era quase palpável dentro daquela lata velha. Então nós chegamos, eu vim pra cá e os três seguiram para a casa de tia Beth, eu me revirei a noite toda sem dormir direito e hoje pouco depois de tomar banho Alice chegou, resumindo, meu fim de noite foi ainda mais deprimente que o resto dela.

- O que aconteceu quando nos separamos ontem? - pergunto por fim, nunca fui uma pessoa muito paciente nem delicada, mas sou curiosa e falar das péssimas experiências dos outros é melhor que das minhas.

- Antes ou depois do Hugo falar que eu era território proibido e que tinha se arrependido de me beijar? - ela resmunga cobrindo o rosto e me sento surpresa.

- É o que!? Vocês se beijaram? Alice, pelo amor de Deus! Fala comigo! – eu a balanço pelos ombros fazendo-a tirar as mãos do rosto para me afastar. Alice resmunga antes de se sentar a minha frente parecendo ao mesmo tempo triste e irritada.

- Quer saber do começo? – ela pergunta e quero sacudi-la outra vez.

- Óbvio que sim! Fala logo!

- Bem, a coisa toda começou depois que você me largou pra ir ficar com o Marcelo e eu também quero saber como você saiu com um e voltou com outro. Mas enfim, eu fui comprar a tal da pipoca e simplesmente topei com o Hugo e o Theo na entrada do parque e não deu nem tempo de me esconder ou fugir, eles me viram e foram até mim. Ai a gente conversou e o Theo óbvio que surtou quando ouviu sobre você e decidiu que tinha que ir atrás, eu não conseguiria pará-lo nem se quisesse. Mas juro que tentei.

- Eu sei que sim, seu primo é um idiota e parece um trator quando está determinado a nossa confusão não foi culpa sua, foi nossa, acredite. Mas anda, continua. Você e Hugo ficaram sozinhos e se beijaram, foi isso? Você o agarrou que nem eu falei? – pergunto rindo e ela cora me atirando um travesseiro, eu o pego e o abraço antes de encará-la. – Vai, fala!

- Não é nada disso, Ok? Nós ficamos lá parados um tempão antes de eu chamá-lo para ir em algum brinquedo. Está bem, não foi bem assim, estávamos lá parados e em silêncio e passaram algumas crianças e quase me derrubaram, ele me segurou e nós ficamos que nem no dia da chuva, podíamos ter nos beijado, mas nos afastamos e eu o chamei para ir em um brinquedo por que estava constrangia e sem saber o que fazer, e ele também, por que nem sequer hesitou antes de aceitar.

- Ai vocês se beijaram? – pergunto só para vê-la rir e é isso mesmo que Alice faz negando com a cabeça.

- Ainda não, calma, eu vou chegar lá – ela suspira. E não sei dizer se gosta ou não da lembrança, mas não posso julgá-la, há coisas que eu gostaria de esquecer e ao mesmo tempo guardar num lugar especial no coração. – Nós fomos à montanha russa por que eu estava tão atordoada que nem me dei ao trabalho de escolher algo menos pior, e foi isso, eu estava morrendo de medo e me arrependi no instante em que o carrinho começou a se movimentar. Mas era tarde de mais pra mudar de ideia, eu gritei o caminho todo e quando descemos Hugo foi legal o suficiente para me levar a um banquinho para eu me recuperar.

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