Crepúsculo

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Em alguma parte no oeste da Irlanda uma generosa carruagem flutuava calmamente pelos céus, numa velocidade com certeza mais rápida que qualquer cavalo terrestre e altura em que os olhos humanos dificilmente enxergariam.

Quem conseguisse ver, diria que era magia, e na verdade era mesmo. Olhos mais experientes reconheceriam as magestosas criaturas puxando a carruagem e os intrincados feitiços de conexão e cinética no veículo. 

Para olhos novatos, seria realmente magia da história, em que objetos grandes voam e transportam pessoas depois de serem enfeitiçados pelos grandes magos. Mas para dizer a verdade, isso não importava, nada importa quando há felicidade, quando há paz.

E era isso que havia ali, a mais pura felicidade, o amor e a paz.

Por fora via-se uma carruagem de madeira num tom marrom escuro, esta reforçada por um verniz e uma camada de óleo deixando a lustrosa. Nas laterais quatro barras de ferro fosco, mantendo as tábuas encaixadas e garantindo maior estabilidade. As rodas eram feitas de alguma liga de ferro, porém não se movimentavam, afinal estavam no ar. Haviam quatro janelas, todas com cortinas vermelhas, impedindo a entrada da luz e indicando que o veículo poderia acomodar até oito pessoas.

Mas isto era apenas o que via-se no exterior. Havia magia ali, feitiços espaciais complexos e dignos de um grande bruxo, conexões avançadas mantinham o espaço estável, e feitiços de ocultamento escondiam o interior.

Havia um cômodo maior, que dispunha de seis janelas de vidro, suas paredes eram feitas de madeira de Carvalho polida, assim como em toda a construção, um carpete grosso de lã protegia o chão, na extremidade leste estava um sofá grande o suficiente para quatro pessoas e duas poltronas ao seu lado, na extremidade oeste havia uma copa, e algo que se assemelhava a uma cozinha.

Na extremidade norte uma porta que levava a sala de controle daquele veículo, e na extremidade sul três portas, uma levava ao banheiro luxuoso, e as outras levavam respectivamente ao quarto de uma criança e de um casal.

Assim, três pessoas estavam presentes, um homem, uma mulher e uma criança. 

O homem trajava roupas finas e caras, apesar de simples. Sua camisa branca e a calça preta eram feitas de um material diferente, liso como seda, macio e ao mesmo tempo resistente. Seus sapatos pareciam ser feitos de couro, mas não qualquer um, e sim couro de Dragão. Dos ombros dele vai-se uma capa inicialmente transparente, mas que parecia oscilar entre roxo e prata, qualquer com um mínimo de entendimento, veria que ela não é comum.

Ele se chamava Tiago, e era belo, a sua própria maneira. De expressão calma e gentil, usava óculos e tinha um rosto fino, liso, sem qualquer fio. Olhos castanhos, profundos e atentos. E de seu rosto um leve sorriso insistia em aparecer, porque ele era feliz.

A mulher era mais simples,  fugia de todo o tom escuro e trajava um belo vestido branco, que cobria toda a extensão de seus ombros até os pés. O seu rosto era sereno e belo, feições de uma mulher madura, e olhos verdes em um tom esmeralda. Os cabelos ruivos eram porém o seu maior destaque, grandes e livres, em um estado de felicidade, e todas as suas características levavam ao seu nome: Lílian. 

Próximo a esses adultos estava uma criança de não mais que dez anos. Um olhar desatento e diriam que ele era filho do casal, um olhar mais atento e confirmariam essa hipótese. O garoto era chamado de Harry, tinha cabelos lisos e pretos como o pai, e também o rosto fino. Seus olhos porém lembravam a mãe. Ele trajava roupas semelhantes àquelas usadas pelo pai, afora a capa.

Os três estavam sentados de maneira confortável no sofá, os dois adultos abraçados, e entre eles a criança, perfeitamente unida aos pais.

-O que são esses chamados Sete Amaldiçoados? - Harry perguntou com seus olhos curiosos se desviando do livro que lia e olhando para os pais.

O Trono de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora