Trégua

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Santiago corria por um beco de Nova York, sozinho. Estava escuro e já passava da meia-noite. Suas roupas esfarrapadas e seu rosto arranhado os tinham deixado quase irreconhecível. Ele estava prestes a fugir, sem rumo, quando duas pessoas, vestidas de preto, pararam na sua frente. Eram um homem e uma mulher. Santiago deu um passo para trás, alarmado.

- Olá, Santiago. - A mulher deu um sorriso. - Acho que sabe porque estamos aqui.

- Por favor, não. - O professor implorou. - Eu ainda posso ser útil para a H.Y.D.R.A!

- Não. - O homem respondeu. - A partir do momento que você falhou, você não é mais útil para nós.

- Espera. - A jovem mulher respondeu. - Talvez, ele seja útil. - O homem a encarou. Ela esboçou um sorriso sínico. - Ou não. - Num movimento rápido ela atirou e o corpo do professor caiu no chão. Sem vida.

- Você é cruel. - O homem riu para ela. - Agora só falta o Loki, já que Johann está preso.

- Loki vai ter o que merece. - Respondeu. - Mas de um jeito diferente.


Evie

Quando abri meus olhos, me deparei com uma claridade forte que incomodou meus olhos. Não sabia há quanto tempo eu tinha estado adormecida e demorei alguns segundos para me localizar. Eu estava em um quarto de hospital, ligada à aparelhos e vestia uma roupa hospitalar. Mal tive tempo de lembrar quem eu era para sentir uma dor profunda no abdômen. Me mexi no mesmo instante e avistei meu pai sentado numa poltrona não muito longe. Sede. Minha garganta estava seca. Eu precisava de água. Tentei me sentar e soltei um grunhido de dor. Loki escutou e me encarou. Sua aparência não era a mesma de antes, ele parecia exausto.

-Evie. - Ele deu um sorriso fraco. - Finalmente você acordou. - Tentei me apoiar em meus braços, mas todo o meu corpo doeu. - Você precisa descansar. - Disse baixo. - Não pode fazer esforço.

- Eu só quero me sentar um pouco. - Minha voz saiu mais fraca do que eu esperava. Fiz um pouco mais de força e consegui encostar no travesseiro. - Pode me dar um pouco de água, por favor? - Pedi. Ele me serviu um copo de água e eu bebi quase rápido de mais. Logo me arrependi, no entanto, aquilo pareceu descer como arame farpado por minhas entranhas. Eu nunca tinha sentido tanta dor por beber água antes.

Então, minha mente me ligou. Aquilo que eu tinha tido não era um sonho. Eu tinha visto o Loki diversas vezes comigo, quando criança. Minha mente se acendeu como uma lâmpada e uma porta de lembranças tinha sido aberta. Ele me conhecia desde criança. Ele tinha apagado minha memória e ido embora. Mas por que? Eu estava o fitando, incapaz de falar.

-E-eu me lembrei de tudo! - Falei e ele franziu o cenho.

-Do que está falando? - Ele se sentou na poltrona de novo.

- Eu. Eu... - Eu quase não conseguia falar. - Você sabia que eu existia. - Ele pareceu entrar em choque. Os olhos arregalado e a boca semi aberta. - Eu lembrei. Eu vi tudo. Você me conhecia. Você foi embora.

- Eu não entendo. - Respondeu pasmo. - Não era para você lembrar disso nunca. - Estremeci. Era verdade. Era real.

- Por que você foi embora? Por que você me deixou? - Senti minha voz se alterando e eu estava começando a ficar agitada. A máquina que media meus batimentos cardíacos começou a apitar mais intensamente. - Eu vi você indo embora. Eu pedi para você não ir. - Meus olhos arderam, ficando marejados. Era como se a tristeza daquela pequena Evie de quatro anos tivesse se acumulado e voltado toda de uma vez.

-Esse não é um bom momento para falar sobre isso. - Falou calmamente.

- Não! Eu preciso saber a verdade. Eu tenho direito.

OMG! Meu Pai é um deusWhere stories live. Discover now