Vício.
Termo latino "vitium", que significa falha ou defeito.
É um hábito repetitivo que degenera ou causa algum prejuízo ao viciado e aos que com ele convivem.
A acepção contemporânea do termo está relacionada a uma sucessão de denominações que se alteram historicamente e que culmina com uma relação entre o estado, a individualidade, a ética e a moral, nas formas convencionadas atualmente.
Além disso, está fortemente relacionada a interpretações religiosas, sempre denotando algo negativo, inadequado, socialmente reprimível, abusivo e vergonhoso.
Nessa uma semana que estive observando Baekhyun de longe pude ver que ele tinha diversos vícios, era raro vê-lo sem um maço de cigarro por entre seus lábios finos, carregava sempre um exemplar de O mar de John Banville debaixo do braço, a costumeira lata de chá gelado pela manhã e o grande copo de café preto ao fim da tarde
Eu passei a semana inteira pensando em como poderia puxar assunto com ele, mas sempre que eu me aproximava do mesmo a imagem dele prestes a se jogar da sacada aparecia em minha mente me fazendo recuar desconcertado, e Baekhyun não parecia muito contente com a ideia de interagir comigo, sempre me evitando ao máximo possível.
Hoje eu estava certo de que falaria com ele. Acordei as seis e dezessete e tomei um banho gelado tentando ao máximo esconder a noite mal dormida que passei ontem, vesti uma roupa qualquer e peguei a minha mochila, fazia uma semana que eu não dava as caras na faculdade, hoje eu iria lá para trancar o curso - se é que não tiraram minha bolsa por ter faltado uma semana inteira -, a faculdade de arquitetura não era nada fácil e exigia muito de mim, bem mais do que eu podia dar. Estava me preparando psicologicamente para falar com Jongin, ele provavelmente iria me questionar sobre as minhas faltas, e quando eu dissesse que iria trancar a faculdade ele iria surtar, nós iriamos brigar e ficar um tempo sem se falar, até ele me pedir desculpas e voltarmos a nos falar, ou ele finalmente desistiria de mim.
Baekhyun estava escorado no muro do prédio, com um cigarro entre os lábios e uma expressão calma no rosto, com seu livro e uma lata de chá gelado em mãos.
— Você deveria parar de fumar. — Digo me sentando ao seu lado.
Ele da um longo suspiro e faz menção de sair, mas apenas senta no chão ao meu lado.
— Eu não iria pular. — Diz ainda sem me olhar.
Ele iria.
Eu pude ver nos seus olhos, ele não queria mais continuar, tenho total certeza de que se eu não estivesse lá provavelmente ainda estariam tentando limpar o sangue da calçada a essas horas.
— Sim. — Digo rindo sem humor.
— Não era para você estar na faculdade a essa hora? — Pergunta após um tempo de silêncio constrangedor.
— Como você sabe que eu vou a faculdade? — Pergunto.
— Porteiro. — Responde simplista.
Aquele fofoqueiro.
— Sim, mas acho que vou trancar o curso. — Digo apoiando o rosto em minhas mãos.
— Vai se mudar ou algo do tipo? — Pergunta me olhando pela primeira vez no dia.
— Não. — Digo não prolongando o assunto.
— Você gosta do que está estudando? — Pergunta.
— Sim. — Respondo olhando fixamente para o chão.
— Então a menos que você tenha que trabalhar para manter a casa pois engravidou uma menina, não a motivos para você parar. — Diz me fazendo rir minimamente.
Olho para ele ainda com a cabeça apoiada nos braços, o silêncio que reinava ao nosso redor não era desconfortável, muito pelo contrário, ele era bom e me deixava calmo. Começo a reparar mais nele, os seus cabelos loiros bagunçados pelo vento da manhã que fazia com que meus pelos se arrepiacem, seus lábios rosados e secos pelo frio e seus olhos que exalavam prazer a cada tragada que ele dava no maço de cigarro.
Não faço ideia do porque de ele quase ter desistido, só sei que me sinto triste por o mundo quase ter perdido uma pessoa tão incrível, não só pelo fato dele ser bonito, mas do aura que ele exalava, era como um calmante ou uma droga, fazia minhas pupilas dilatarem até que só restasse negro em minha íris, minhas narinas imploram por mais do aroma amadeirado de seu perfume, meus movimentos ficavam totalmente lentos e minha mente ficava em branco, se recusando a processar qualquer informação que não seja sobre o loirinho ao meu lado.
— Por que você está me encarando? — Pergunta com as bochechas levemente coradas.
— Eu n-não... Eu p-preciso ir, tchau. — Digo indo embora antes que ele possa me responder.
Paro de correr ao chegar até a outro quadra, colocando a mão em meu coração e o sentindo quase atravessar meu peito de tão rápido que ele está batendo, e não era por causa da mini corrida que eu fiz, eu realmente não faço ideia do porquê do meu coração estar batendo tão rápido, ou do porquê meu rosto estar tão quente e eu estar tão nervoso.
Entro no ônibus que por sorte eu consigo pegar a tempo, o caminho até a faculdade não poderia ser pior, com minha mente dividida entre o que Baekhyun disse e Baekhyun, eu não conseguia o tirar da cabeça e não me importava muito com isso, pois estava sendo muito bom lembrar de como é incrível a presença do loiro.
Olho para a janela e percebo que já cheguei ao meu destino, vou direto a secretária e paro ao perceber a presença de Jongin.
— Chanyeol? Ai meu deus, eu fiquei tão preocupado com você. — Diz após me dar um abraço apertado.
— Você... Poderia me emprestar as suas anotações da semana passada? — Pergunto baixo e envergonhado.
— Claro, eu achava que você não iria mais vir, eu iria hoje na sua casa para ver como você estava. — Diz voltando a tagarelar sobre como foi a semana que estive fora.
Baekhyun era viciado em cigarros, livros, chá gelado e café, eu por outro lado era viciado em Baekhyun.
Capítulo curto porem muito bonitinho.
Ps: escrevi ouvindo Twice
Vejo vocês semana que vem.
XOXO
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4:36 a.m. ×Chanbaek×
Fanfiction❝Onde sempre depois de um dia chato e monótono, Chanyeol gosta de ir até a sacada de seu apartamento as quatro e trinta e seis da madrugada e beber até os primeiros raios de sol aparecerem no céu noturno. Mas o que ele não esperava era encontrar seu...