❤😱Degustação 2

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No passado, enquanto eu apenas caminhava até o carro, cujo eu nem dirigia por ter um motorista e andava apenas em pisos lisos, sem nenhuma pedrinha para machucar os pés, meus louboutins eram maravilhosos, agora, eles definitivamente são verdadeiras armas.

— Pois bem, desde já sinto-me cansada, imagina quando começar a caminhar? – Ele dá risada.

— Meu nome é Sérgio e estou indo na mesma direção que você, posso te fazer companhia? Prometo que não deixo você cair. – Começamos a percorrer o trajeto depois que me apresento e enquanto seguimos, o rapaz simpático me diverte com seus casos do dia a dia, me conta que estuda na Universidade do estado, que faz o mesmo caminho durante toda semana, pois como tem pouco dinheiro, só consegue transporte para chegar até a metade do caminho. — Mas faz parte, eu quero ser um engenheiro e para isso, preciso fazer alguns sacrifícios agora. – A sua realidade me comove, pois quando entrei na faculdade, ainda com dezessete anos, nunca sequer passei por alguma dificuldade e sempre tive motorista na porta. — Te assustei com minha pobreza? – Ele gargalha. — Dá pra ver que você provavelmente está a pé porque o carro quebrou, na verdade é o que parece, já que está toda chique na rua e essas suas roupas, nem sei se são daqui do Brasil. – Dá de ombros. — Eu acompanho alguns sites. – E tem um olhar clínico, se não fosse engenheiro, poderia ser um profissional da moda com certeza. E sobre minhas roupas, ele não sabe, mas da mansão, algumas coisas consegui trazer comigo, dentre elas todas as minhas vestimentas, bolsas e sapatos que ocupam a metade do meu atual quarto, que é menor que o meu closet, e então, mesmo após ultrapassar o portal, que eu nem sabia que existia e separa a riqueza da pobreza, eu ainda me visto bem.

— Errou, eu não tenho carro. – Chego a suspirar fundo. — Não mais. – Ele me dá uma piscadela.

— Acertei em parte e tipo, sendo bem sincero, eu enlouqueceria se tivesse algum conforto e me fosse tirado, deve ser pior do que nascer já pobre.

"—Tio, por favor deixe-me ficar, eu juro que não compactuei com minha mãe nessa tentativa de incriminar Carla. Na verdade sua irmã sempre me falou que pegava Carla em atitudes suspeitas e que não a demitia por pena, por ela ser sozinha no mundo. – Entre lágrimas e ainda assustada por ver minha mãe sendo presa e meu pai passando muito mal por tudo o que estava acontecendo, tento justificar, mas meu tio, que eu tenho como um segundo pai, nem me olha.

— Arrume suas coisas, em uma hora você e seu pai vão para um novo endereço pois, apesar de tudo, não deixarei vocês na rua e também os darei um salário mínimo para ajudar com as despesas básicas, até vocês se ajustarem na vida. – As palavras duras acabam comigo e sem saída, começo a caminhar para o meu quarto, mas então lembro-me de perguntar algo:

— O senhor não me ama mais? – Tio Muniz vem em minha direção e segura o meu rosto com carinho.

— Amo. Apesar de abominar seu comportamento direcionado a minha filha. – Beija a minha testa com ternura. — E por te amar, estou fazendo isso tudo. Eu perdi minha irmã para a ganância, eu não vou te perder e eu sei que só assim você será uma mulher que me dará orgulho.... Caminhe com suas próprias pernas, Patrícia."

— Patrícia? – Volto rapidamente a realidade e eu nem tinha percebido que havia parado de caminhar.

— D-desculpa, acabei me lembrando de algo sem importância. – Minto descaradamente por não querer entrar em detalhes, continuamos a caminhada até a estação onde trocamos o contato para uma provável amizade e seguimos o nosso caminho.

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