Noites estreladas

ELA

Um ano antes de papai falecer ele havia me dado meu primeiro telescópio, sempre fui apaixonada por astronomia desde que me entendo por gente e meu pai sempre me apoiou nisso, ele levou um tempo para juntar economias e me dar o melhor presente de aniversário que eu pude ganhar, já faz 7 anos desde a morte dele, mas continuo seguindo meu sonho e de papai que sempre dizia que eu iria me tornar alguém muito importante para a humanidade, só não tanto quanto eu era para ele. 

Minha mãe morreu quando eu tinha 5 anos, num acidente de carro, eu estava no banco de trás. Conseguiram me salvar, mas mamãe morreu na hora, tive que passar por psicólogos por um bom tempo, papai não queria que eu crescesse me sentindo culpada pelo que aconteceu, mas de alguma forma eu me sinto.

Hoje é meu aniversario de 17 anos, não comemoro mais meus aniversários desde que papai se foi, em dias como esse fico no meu quarto pensando que se talvez eu não tivesse demorado tanto para me arrumar ela ainda estaria aqui, se eu não tivesse dito para mamãe que seu telefone estava tocando, se não tivessem chamado ela para aquela maldita reunião de ultima hora na empresa, se aquele maldito carro não tivesse cruzado nossa direção.

Depois da morte de minha mãe papai ficou muito abalado, ele realmente a amava, era como aqueles grandes romances de filme, ele procurava sempre não demonstrar tristeza para mim e sempre me deixar alegre, funcionou por um tempo até ele começar a ter crises de ansiedade e pânico com frequência, eu nunca sabia o que fazer e ele sempre me dizia que não era nada de mais e logo ia passar, mas não passou, as crises tomaram conta dele e ele não se alimentava direito, nem dormia, estava sempre cansado, mas seu coração estava sempre acelerado, depois de um tempo ele começou a ter alucinações, papai emagreceu muito e vomitava sangue direto, sempre pedia para ele ir ao medico mas ele sempre odiou o fato de ter que ser cuidado por alguém... Papai morreu de anemia grave que foi acarretada pelas crises que ele tinha por não ter conseguido superar o fato da morte da mamãe.

Creio que nunca estaremos de fato prontos para perder alguém.